quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Trabalho escravo no Brasil, uma realidade muito presente, mesmo que seja ignorada


Tem muita gente que fica surpresa quando escuta que no Brasil existe trabalho escravo, mas infelizmente essa é uma realidade presente em um país onde os direitos humanos ainda não são para todos, e existem pessoas que se aproveitam da vulnerabilidade alheia para explorar essas pessoas e se enriquecer a costa do trabalho dos outros.

No próximo domingo 28 de janeiro é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil. A data faz memória do assinato de três auditores-fiscais do Ministério Público do Trabalho e Emprego (MTE) e seu motorista, mortos em 2004 a mando de empresários enquanto investigavam denúncias de trabalho escravo na cidade de Unaí, em Minas Gerais. Uma data de grande importância e que nos leva a lutar pela manutenção do combate às condições degradantes de trabalho durante todo o ano.

Desde 2003, ano em que começou a contagem dos casos, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, são mais de 40 mil pessoas resgatadas em situação de trabalho escravo. A grande maioria, 94 por cento, são homens, sendo raça e cor fatores de exclusão, de desigualdade.

2023, a falta dos números definitivos, tem sido o ano com maior número de pessoas resgatadas em um país onde se estima que um milhão de pessoas trabalham em condições análogas à escravidão. São números que devem levar a sociedade brasileira a um maior empenho em acabar com uma situação que agride gravemente a condição humana dos trabalhadores e trabalhadoras.



Bem sabemos que nem sempre é fácil enxergar essas situações e que as ameaças de todo tipo que sofrem os trabalhadores fazem com que eles tenham pouca condição de realizar as denúncias. Muitas vezes são pessoas em alto grado de vulnerabilidade, o que dificulta ainda mais esse tipo de denúncias. Como sociedade devemos ter a consciência de que está em nossa mão ajudar essas pessoas para que possam viver e trabalhar com dignidade.

O trabalho dos auditores do Ministério Público do Trabalho e Emprego é fundamental e tem que ser garantidos os recursos e condições para que eles possam fazer seu trabalho com plenas garantias de êxito. Também o trabalho da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de tantas instituições da Igreja católica e da sociedade civil que lutam por condições mais humanas no mundo do trabalho.

É tempo de parar e pensar, de refletir, de continuar lutando, de defender aqueles e aquelas que tem seus direitos mutilados, ignorados, massacrados. Nosso silêncio e falta de compromisso na luta tem que nos levar a entender que devemos desterrar essas atitudes de nossa vida, pois isso nos desumaniza, na medida em que não cuidado dos direitos humanos de todos e todas.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 - editorial Rádio Rio Mar

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