Os sentimentos que
nós temos uns pelos outros determinam nosso modo de convivência. Em uma
sociedade cada vez mais polarizada e dividida a Campanha da Fraternidade de
2024 nos convida a descobrir a amizade social como caminho a ser trilhado, como
atitude a ser assumida para fazer realidade um mundo melhor para todos e todas.
Cada um, cada uma
de nós somos desafiados a nos questionarmos como olhamos para os outros, quais
os sentimentos que temos diante das pessoas com quem a gente se encontra no dia
a dia. O que é que a gente enxerga do outro, se a gente repara naquilo que nos
divide ou pelo contrário reparamos naquilo que nos une e fomentamos tudo o que
possibilita que possamos caminhar juntos.
O caminho da
amizade social, da fraternidade, a gente constrói junto, e tem que ser um
caminho que cada vez vai mais longe, do qual cada vez faz parte mais gente.
Quando nos fechamos, nos distanciamos, quando ignoramos a presença dos outros,
a nossa vida e a nossa sociedade se empobrecem, aos poucos vai se esmorecendo
aquilo que fundamenta nossa personalidade, aquilo que nos constitui em
humanidade.
O ser humano é um
ser em relação, que vai se formando, que vai crescendo na medida em que vai se
abrindo aos outros, na medida em que vai descobrindo no outro aquilo que lhe
enriquece, que lhe faz ser gente, melhor pessoa. São sentimentos que devem ser
impulsionados em nossa vida, pois isso faz com que a sociedade da qual fazemos
parte também seja enriquecida e a vida das pessoas com as que nos encontramos
em nosso cotidiano possa melhorar.
Essa amizade
social sobre a que nos chama a refletir a Campanha da Fraternidade, seguindo as
propostas do Papa Francisco em Fratelli tutti, sua última encíclica, é uma
necessidade no mundo atual, enfrentado pela violência que se traduz em guerras
entre os povos, divisão nas famílias, enfrentamentos de todo tipo em diversos
espaços e realidades que fazem parte da vida das pessoas.
A Quaresma é um
tempo para mudar não só o pensamento, mas as atitudes. A conversão tem que nos
levar a nos relacionarmos com as pessoas de modo diferente, a promover
sentimentos que façam com que nossa sociedade, nossas famílias, se tornem
espaços melhores para viver, onde os sentimentos que dominam sejam aqueles que
constroem vida e não aqueles que geram destruição, divisão e morte.
É tempo de parar e
pensar, de descobrir esses caminhos, de fazer realidade esse mundo melhor
sustentado na fraternidade, na amizade social. Para isso, cada um, cada uma de
nós somos cada dia desafiados a olhar os outros com um olhar diferente, com um
olhar que vai fazendo com que as pessoas sintam o prazer de caminhar juntos, de
construir um mundo mais humano, mais fraterno.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 - Editorial Rádio Rio Mar
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