A
Solenidade de Corpus Christi, que em 2024 deu continuidade ao tema da Campanha
da Fraternidade, refletindo sobre a Amizade Social, reuniu no Centro de Manaus
milhares de pessoas das comunidades, áreas missionárias e paróquias da
Arquidiocese de Manaus, contando com a presença daqueles que participam da 42ª
Assembleia Geral do Laicato do Brasil, que está sendo realizada em Manaus de 30
de maio a 02 de junho de 2024.
Na homilia,
o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima, presidente da celebração, iniciou
lembrando a condição de admirável, adjetivo que aparece na oração coleta do
dia, uma oração que é usada quando é realizada a exposição do Santíssimo
Sacramento, para se referir ao que é celebrado neste dia em tantas celebrações.
Ele definiu como admirável a vida de Jesus, “que recupera para cada homem e para
cada mulher a possibilidade da amizade com Deus”. Segundo dom Zenildo Lima, “é
admirável sermos servidores da Eucaristia, é admirável termos a possibilidade
de participar da comunhão da vida de Jesus, do seu corpo e de seu sangue, é
admirável o papel de ministros e ministras da Eucaristia”.
O bispo auxiliar
ressaltou como é admirável “aqueles que estão ao serviço do altar de Deus,
porque tornam presente Jesus na Eucaristia, como os nossos presbíteros, porque
também presidem celebração da Palavra, como os nossos diáconos”, afirmando que “nos
sentimos vocacionados ao serviço da comunhão, nos sentimos vocacionados ao
serviço da Eucaristia, não simplesmente porque queremos ser celebradores de um
ritualismo, mas porque nos atrai a admirável vida de Jesus que se dá no seu
corpo e no seu sangue”.
Dom Zenildo
vê como sinal de alegria, o fato de que “Deus nos oferece a comensalidade”,
recordando as palavras do Salmo do dia: “O Senhor nos alimentou com a flor do
trigo”, um Deus que é fiel à Aliança, “quando Deus oferece banquete para nós,
quando Deus nos sacia na nossa caminhada, no nosso percurso histórico, ele está
revelando o seu compromisso para conosco”. O bispo auxiliar de Manaus disse que
“ninguém quer esquecer da amizade de Deus, ninguém quer esquecer da providência
de Deus, ninguém quer ficar fora desta ação amorosa de Deus”, o que leva o povo
de Deus a sentir a necessidade de ações cultuais, de ações religiosas, como
possibilidade de estar de novo na mesa com Deus, de fazer refeição com ele,
quando nos distanciamos dele, algo presente na primeira leitura do dia.
São situações
que levam o povo a querer realizar a vontade de Deus, não por medo dele, não
por uma pactuação somente, e sim porque o povo, “ele se sente envolvido,
inebriado, tomado por esta relação amorosa, e faz questão de repeti-lo: ‘nós iremos
viver, nós iremos fazer, tudo aquilo que o Senhor dizer, e nós vamos lhe
obedecer’”, definindo os sacrifícios cultuais como expressão do compromisso do
povo com Deus. É por isso que “toda ação litúrgica, toda ação sacrifical, toda experiência
de comensalidade que a gente quer fazer com Deus, são experiências comprometedoras”,
vendo cada celebração da Eucaristia e da Palavra nas comunidades como renovação
desse comprometimento.
Segundo o
bispo auxiliar, “Deus não está cobrando o nosso comprometimento com ele, Deus
está oferecendo o comprometimento dele conosco”, vendo o pão e o vinho, corpo e
sangue de Jesus, como algo que “está dizendo do comprometimento amoroso de Deus
por cada um de nós”. Falando sobre a celebração e a procissão de Corpus Christi,
do fato de apresentar o corpo de Deus deste modo, dom Zenildo Lima disse que “é
trazer para a rua a admiração que a gente tem pela comensalidade de Deus”. Ele
explicou o sentido histórico da procissão do dia de hoje, vendo-a como algo que
nos faz “romper com esquemas que tentam aprisionar-nos”, como expressão de
Igreja em saída, como um modo de dizer para quem está na rua: “este é meu corpo,
e é para você também”, este é meu sangue e é para você também”.
“A vida sacrifical de Jesus supera e derruba toda pretensão de poder, que é seletiva, derruba e supera toda arrogância de poder, que quer premiar pessoas”, destacou dom Zenildo Lima. Segundo ele, “no sacrifício de Jesus, na vida oferecida de Jesus, está esta novidade admirável, que supera e vence toda relação que é seletiva”, insistindo em que “a procissão de Corpus Christi não é uma procissão para um gueto religioso, não é uma procissão para um gueto católico, é uma afirmação que todo homem e toda mulher podem participar desta amizade de Deus”. É por isso, que “o sacrifício de Jesus supera toda pretensão de querer se apresentar com juízes, de quem pode e quem não pode chegar perto de Deus”, enfatizou, pois “a vida oferecida de Jesus nem se encerra, nem se enquadra e nem se aprisiona em esquemas religiosos, promovendo a possibilidade de relações novas”.
“Nós não
somos devotos da Eucaristia, nós temos uma espiritualidade eucarística de
seguidores de Jesus, de multiplicadores dos gestos de Jesus”, enfatizou o bispo
auxiliar. Segundo ele, não combina conosco os esquemas seletivos, “não combina
sermos promotores de inimizade e depois ficarmos compartilhando o ódio, e
depois ficarmos propagando discursos de discriminação e de violência”. Dom
Zenildo Lima denuncio que no percurso da procissão, nos deparamos com o barulho
durante o dia e com cenas dramáticas de abandono durante a noite, afirmando “cabe
na experiência de Deus a vida de todo homem machucado”.
O bispo
auxiliar insistiu em que “com o corpo e o sangue de Jesus está o corpo e o
sangue de muita gente que empenha pela paz, de muita gente que se empenha pela
promoção da vida, de muita gente que se faz guardião, guardiã dos direitos
humanos, de muita gente que se faz cuidador da casa comum. Com o corpo e o
sangue de Jesus estão associados muitos homens e mulheres que tombaram em seus
corpos, derramaram o seu sangue, pela defesa da vida dos nossos povos. Mas com
o corpo e o sangue de Jesus estão também muitos corpos esquecidos, dilacerados,
dilapidados”.
No
oferecimento do corpo de Jesus aos discípulos está, segundo o bispo auxiliar, o
chamado a retomar a vida dele, “ele está dando o corpo dele quando perdoa
pecados, quando cura doentes, quando resgatas as pessoas, quando liberta de
culpas, ele esta dando o corpo dele quando ressuscita os mortos, quando permite
que prostitutas, cobradores de impostos, gente chamada impura, pode chegar
perto dele, e chegando perto dele, chega perto de Deus também”, fazendo um
chamado a que a procissão fosse um sinal de esperança, a se afastar de “uma vivência
da fé que não tenha comprometimento com os outros”, e descobrir que “a vida
doada de Jesus é uma vida que promove a reconciliação do gênero humano”, relações
de amizade e compreensão entre os povos, que resgata o nosso bem estar com a
nossa casa comum.
Finalmente,
dom Zenildo Lima pediu aprender de Jesus Eucarístico a cuidar da vida, da casa
comum, a renovar relações profundamente pautadas pela amizade, e que “a
Eucaristia diminua nossas distâncias e nossos silêncios e ponha fim a nossas
omissões”.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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