Após
diversas ações de retirada de pertences, destruição de lugares de dormida,
levar documentos, contra pessoas que vivem em situação de rua, por parte da
Prefeitura de Manaus, fato acontecido por última vez nesta quinta-feira, 23 de
maio, na Praça dos Remédios, situada no Centro da capital amazonense, aconteceu
nesta sexta-feira 24 de maio uma reunião na sede da Secretaria Municipal de Infraestrutura
da Prefeitura de Manaus, onde estiveram presentes o secretário da SEMINF, Renato Junior, o secretário da SEMACC, Wanderson Silva, a subsexretária da SEMMASC, Graça Prola, junto com as representantes de média complexidade, Márcia e Neila, o bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson Ribeiro, a
Pastoral do Povo da Rua e a Comunidade Nova e Eterna Alinça.
Em
entrevista à Rádio Rio Mar, o bispo auxiliar disse que foi falado que “a gente
quer o melhor para a população em situação de rua, e que é preciso de fato que
a gente cuide dos logradouros públicos, mas que de fato precisa se pensar como
melhorar a abordagem em se tratando de população em situação de rua”.
Reconhecendo a necessidade de pensar na melhoria da Praça dos Remédios, quanto
do comércio, quanto da segurança da feira, mas pensar numa pactuação entre
secretarias com a ajuda do comitê municipal intersetorial das políticas
públicas para a população em situação de rua, pedindo que “ele seja consultado
sobre as novas ações que devem ocorrer ali no centro da cidade para pensar em
ações coletivas”.
Dom Hudson
Ribeiro destacou que foi uma conversa muito frutífera, mostrando a Prefeitura
de Manaus que está buscando um abrigo para essa população em situação de rua, assim
como ações que possam identificar melhor a população em situação de rua, escutá-la,
verificar as próprias necessidades e o cadastro dessa população, um trabalho a
ser realizado entre as entidades da Igreja católica que atuam nesse campo e as
secretarias da Prefeitura de Manaus. Tudo isso com um planejamento continuado e buscando encontrar lugares de abrigamento para essa população no entorno do centro de
Manaus.
O
secretario da SEMINF, Renato Junior, agradeceu a dom Hudson pela frutífera reunião,
mostrando sua disposição a escutar àqueles que no dia a dia trabalham com a população
em situação de rua, “para que a gente possa agora fazer uma ação em conjunto”
em busca do atendimento dessas pessoas, “que precisam dessa atenção, desse
cuidado, e, porque temos condição de ajudar, não nos furtaremos de fazê-lo”,
mostrando sua disposição pessoal e como secretário a ajudar.
Renato
Junior garantiu a participação de várias secretarias no atendimento e que o
prefeito terá conhecimento do abordado na reunião, “para sair daqui em diante
ações diretas que mudem a vida das pessoas”, insistindo no empenho em tornar isso
frutífero, em que isso dê resultados, e mostrando a disposição a trabalhar
unindo as mãos, unindo propósitos, unindo vontades e fazendo uma questão
delicada, mas extremamente necessária para quem está vivendo nessas condições”.
Na reunião
foi falado, segundo dom Hudson Ribeiro, sobre a forma de abordagem à população
em situação de rua, que implica a não confiscação dos bens dessa população,
respeitar os locais de dormida e abrigamento, pedindo que seja conversado por
aqueles que estão presentes nas ações, que sejam comunicadas as datas, e seja
feito o que for preciso para evitar que haja violação de direitos, e evitar que
seja associada a violência no centro de Manaus à população em situação de rua,
e que se instale um estigma de criminosos da população em situação de rua,
insistindo em que “se dê uma olhada de que existe uma diferença entre alguém
que é marginal e alguém que é marginalizado”.
O bispo
auxiliar definiu a população em situação de rua como “pessoas violentadas”,
assumindo que entre essa população existem vínculos com o consumo e tráfico de
drogas, mas demandando “estratégias de segurança pública que não seja apenas de
coibir, de prender, mas que possa dar respostas mais inteligentes enquanto a
poder atuar ver a população que vive em
situação de rua como uma aliada e não como uma inimiga, não como alguém
estigmatizado, que provoca todas as situações que envolvem situações de assaltos
e roubos no centro da cidade”.
Dom Hudson
ressaltou que “tem muita gente que chegou na rua por histórias de muito
sofrimento”, vendo a rua como a última etapa antes da morte para muitos
daqueles que fazem parte dessa população em situação de rua. Diante disso, o
bispo disse acreditar que “muitas pessoas podem refazer suas histórias a partir
de condições de ser retomada sua dignidade, de ser olhados como sujeitos de
direitos”, buscando respostas que possam ajudar essas pessoas a sair daquela
condição, como papel de toda a sociedade, mas sobretudo daqueles que se dizem
cristãos. Após um aperto de mãos entre o secretário da SEMINF
e o bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson fez um chamado a buscar que “a gente saiba lidar, não ignorando,
nem tampouco sendo perpetrador de continuidade de violência em relação à
população em situação de rua, porque isso realmente a gente não quer e também
não vai admitir”.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Nenhum comentário:
Postar um comentário