Iniciou
nesta segunda-feira, 19 de agosto de 2024 o V Encontro da Igreja na Amazônia
Legal, que reúne na Maromba de Manaus, de 19 a 22 de agosto, os bispos e outros
representantes das 58 igrejas locais que fazem parte da região. Com o tema, “A
Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”,
está organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia y a Rede
Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil).
O fato de “nos
encontrarmos é sempre importante, para criarmos mais comunhão, para pensarmos
juntos a evangelização, permanecermos fiéis ao espírito missionário da nossa
Igreja na Amazônia, revermos a nossa caminhada”, segundo o arcebispo de Manaus
e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB Norte1). Uma caminhada missionária, sinodal da Igreja da Amazônia, com
horizontes muito bonitos e significativos, segundo o cardeal Steiner. Isso se
concretiza em “sermos cada vez uma Igreja mais inserida”, lembrando a
encarnação proposta em Santarém, que hoje deve acontecer em realidades que são
outras.
O presidente
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) destacou a necessidade de “cada vez
mais inserirmos a vida dos povos indígenas”, falando sobre a situação muito
difícil em termos de meio ambiente que vive a Amazônia. O cardeal Steiner
destacou o incentivo de Papa Francisco a levarmos em consideração toda a
realidade, uma perspectiva que “nos anima, mas é uma perspectiva exigente,
porque não podemos deixar ninguém para trás. Queremos caminhar todos juntos,
mas levando em consideração as realidades que estamos a viver”.
Um encontro
iniciado com uma celebração marcada pela vida da Igreja e dos povos da Amazônia,
seguida da abertura oficial do encontro, que representa uma alegria muito
grande para a arquidiocese de Manaus, segundo seu arcebispo. O cardeal Steiner
pediu que “seja um encontro onde podermos continuar a sonhar, para sermos uma
Igreja profundamente encarnada, levando em consideração os sonhos do Papa
Francisco”, e a partir daí “sermos uma Igreja que realmente canta a liberdade,
e ao cantar a liberdade, se encarnar nas culturas que aqui existem, possamos
realmente ser sinal de esperança”.
Uma alegria
partilhada pelo arcebispo emérito de Huancayo (Peru) e presidente da
Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), cardeal Pedro Barreto, que lembrou
que “é um fruto do processo sinodal vivido nesta região tão querida”. Ele
destacou a larga história da Igreja na Amazônia, ressaltando a necessidade de “sermos
conscientes que recolhemos uma sagrada herança dos nossos antecessores que
trabalharam na Amazônia”. O cardeal Barreto agradeceu “todo o esforço que estão
fazendo para caminhar em comunhão, participando todos na única missão de Cristo”.
Em nome da
presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo
auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, lembrou a
longa história de encontros da Igreja da Amazônia, iniciado com o primeiro
encontro inter-regional em 1952, destacando que “a perseverança nos ensina que
vale a pena continuar esse processo com todo entusiasmo”. Ele refletiu sobre os
retrocessos que acontecem cada dia na Amazônia, citando os desmatamentos, e
mostrando a preocupação do episcopado brasileiro com os povos originários, “esses
são os que mais sofrem”, denunciando “a gravidade das coisas que estão acontecendo
em nosso país”, algo que lhes preocupa e buscam dar respostas. Ele mostrou a apertura
da CNBB a todos, e lembrou o tema da Campanha da Fraternidade de 2025, sobre a ecologia
integral, “uma oportunidade para sensibilizar a todo o Brasil”.
A Rede
Eclesial Pan-amazônica (REPAM), que está completando 10 anos, o fato de estar
presente no território a leva a mostrar suas alegrias e preocupações, segundo
sua vice-presidenta, a Ir. Carmelita Conceição. A religiosa citou a realidade
da seca, que desafia a “dar um sinal de vida e esperança na Amazônia”, vendo o
encontro como ajuda para “vermos o que fazer e como nos posicionar diante de
tantos desafios”.
A representante
do Governo Brasileiro, Kenarik Boujikian, Secretária Nacional de Diálogos
Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Secretaria Geral da Presidência
da República, afirmou que o papel da instituição que representa é manter o
diálogo da sociedade civil e os movimentos sociais com o Governo, lembrando a
importância dos movimentos populares para o Papa Francisco. Ela destacou a
importância das messas de diálogo, apresentando um caderno de respostas às
demandas da Igreja brasileira, que não pretende dar soluções, mas ele é uma
ferramenta de trabalho, dividido em quatro eixos: emergência climática;
direitos dos povos das águas, do campo e das florestas; regularização fundiária:
denuncias e violações de direitos nos territórios. Um caderno para fazer novas
construções, pequenas coisas que na realidade podem impactar.
Diante
dessa realidade, “a REPAM-Brasil quer ser um serviço eclesial, articulado com muitos
movimentos e muitas organizações da sociedade civil, em busca de preservar os
direitos dos nossos povos, dos nossos territórios e da nossa Amazônia como um
todo”, segundo se presidente, o bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler.
Respondendo ao caderno, o bispo afirmou que “as nossas ações apoiam e
visibilizam as iniciativas das comunidades, pastorais e organizações eclesiais,
a partir de uma espiritualidade encarnada, na defesa da vida dos povos e da biodiversidade
amazônica para construir o bem viver”, algo feito com fé e esperança.
Ele lembrou
a visita realizada a 13 ministérios e outras entidades, levando os resultados
da escuta aos povos, que tem como consequência o caderno de respostas. Diante
de uma situação que tende a se agravar, dom Evaristo Spengler agradeceu as
respostas, destacando a importância das políticas públicas necessárias ao
cuidado com a casa comum, com a Criação e com a nossa querida Amazônia.
O arcebispo
de São Luis e presidente da Comissão Especial Episcopal para a Amazônia, dom
Gilberto Pastana, lembrou os membros da comissão desde sua criação em 2003, que
hoje é formada pelos presidentes dos regionais da Amazônia Legal. Um encontro
de “muita convivência, partilha da vida e da missão, e comprometimento com a
causa do Reino”, para dar continuidade às conclusões assumidas no IV Encontro,
realizado em Santarém em 2022. Lembrando o tema e o lema, ressaltou a
importância do processo de escuta feito em preparação ao encontro, em busca de “construir
novos caminhos para a Igreja na Amazonia, para a ecologia e para o território”.
Insistindo
em que “a missão nos desafia”, ele disse que “queremos ser fiéis aos desafios
do Senhor”, chamando a “dar continuidade a toda essa riqueza colhida e
observada nos avanços, dificuldades e desafios em nossas ações evangelizadoras”.
Igualmente, ele pediu “fortificar o nosso compromisso missionário”, e “identificar
os passos concretos que o Espírito Santo revela à Igreja na Amazônia para
realizar e crescer a comunhão, a missão e a participação.”
Luis Miguel Modino, assessor de Comunicação CNBB Norte1
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