sábado, 24 de março de 2018

Nota da Diocese de Roraima e de representantes da sociedade civil sobre a situação imigratória no estado






A Diocese de Roraima e os diversos representantes da sociedade civil reunidos em Boa Vista (RR), no dia 20 de março de 2018, vêm, por meio dessa carta, se posicionar em relação ao fluxo imigratório verificado na fronteira entre o Brasil e a Venezuela.

Primeiramente, manifestamos o nosso agradecimento e apoio às diversas instituições e pessoas que não estão medindo esforços em colaborar no acolhimento, integração local e interiorização de imigrantes em situação de vulnerabilidade. Ficamos encantados ao acompanhar relatos de solidariedade, frutos de ações promovidas principalmente por voluntários e voluntárias que se sensibilizaram com o sofrimento de famílias inteiras e de pessoas que buscam em nosso país um sinal de esperança e de futuro para suas vidas.

Também manifestamos nossa discordância quanto às manifestações xenofóbicas que, infelizmente, vêm se intensificando a cada dia nas cidades de nosso estado e na internet, por meio de aplicativos e redes sociais. É preocupante que, diante de uma situação de emergência e de fragilidade extrema, pessoas e grupos fomentem e promovam o ódio aos imigrantes e àqueles e àquelas que se dispõem a ajudá-los em sua luta diária pela sobrevivência. Desejamos que tais manifestações não venham intimidar os grupos e pessoas que, voluntariamente, estão colaborando para minimizar as dificuldades pelas quais estão passando os imigrantes que chegam ao nosso país. O tempo é favorável para que vivamos o que a Campanha da Fraternidade da CNBB deste ano nos propõe: “Vós sois todos irmãos (Mt 23, 8)”.

Por último, reivindicamos, veementemente, respostas integradas e ações coordenadas das três esferas governamentais (federal, estadual e municipais) para a situação imigratória em Roraima. A omissão do Estado diante da grave situação em que milhares de pessoas se encontram, por meio do não atendimento das suas necessidades básicas como alimentação, abrigo, medicamentos e segurança, não pode mais continuar. A notável ausência de iniciativas humanitárias eficientes e coesas, por parte dos poderes públicos e a desarticulação entre si, não podem mais alimentar um ambiente de incerteza e medo na sociedade local, que, consequentemente, contribui para o surgimento de comportamentos xenofóbicos e de incitação à violência.


Nos juntamos às diversas representações da sociedade civil que, em notas anteriores, já manifestaram-se diante da realidade apresentada em nosso estado. Reforçamos o desejo de que todos os imigrantes sejam tratados com dignidade e que seus direitos sejam respeitados. E que, como nos lembra o papa Francisco, “cada forasteiro que bate à nossa porta [seja uma] ocasião de encontro com Jesus Cristo, que Se identifica com o forasteiro acolhido ou rejeitado de cada época (cf. Mt 25, 35.43)”.


Boa Vista, 23 de março de 2018.
Dom Mário Antônio da Silva (Bispo Diocesano de Roraima)




Foto: Felipe Larozza/REPAM-Brasil




Entidades que assinam:
Ação da Cidadania
Amor Sem Fronteiras
Assembleia Nacional de Estudantes Livre – ANEL
Assoer
Cáritas/RR
CMDH – Centro de Migrações e Direitos Humanos
Companhia de Jesus – Jesuítas
Conectas Direitos Humanos
Conselho de Psicologia 20ªRegião – CRP 20
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
CRB – Núcleo Roraima
CSP CONLUTAS
Fé e Alegria
Fraternidade Sem Fronteiras
Fundação AVINA
GEIFRON/UFRR
GIOMERR
GOERR
IMDH
IMDH Solidário
Instituto Missões Consolata
Irmãos Maristas
Irmãs Missionárias da Consolata
Irmãs Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus
Missionários Combonianos
Movimento Puraké
Núcleo Rosa Luxemburgo
Pastorais Sociais (RR)
Pastoral Carcerária/RR
Pastoral da Criança/RR
Pastoral da Juventude (RR)
Pastoral dos Migrantes
Pastoral Indigenista
Pastoral Universitária
PCB/RR
Pirilampos – Casa de los Niños
PSOL/RR
Rede Um Grito pela Vida
REPAM-Brasil
SESDUF-RR
SINASEF Sessão IFRR
SINTRACOMO
SJMR – Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados
STIU/RR
UJC

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