Após uma série de ameaças, difamações e ataques feitos contra Paróquias, Pastorais, Movimentos e Serviços, bem como contra os agentes de pastoral e colaboradores que atuam na acolhida, defesa e promoção dos direitos dos migrantes no Estado de Roraima, a Diocese de Roraima e a Rede Eclesial Pan-Amazônica-REPAM emitem nota pública. Confira o texto na íntegra:
DIOCESE DE RORAIMA
NOTA PÚBLICA SOBRE O SERVIÇO AOS MIGRANTES
“A verdade vos libertará” (Jo 8, 32)
A Diocese de Roraima e a
Rede Eclesial Panamazônica-REPAM vêm, através desta, fazer
esclarecimentos e repudiar quaisquer ameaças, difamações e insinuações
feitas contra Paróquias, Pastorais, Movimentos e Serviços, bem como
contra os agentes de pastoral e colaboradores que atuam na acolhida,
defesa e promoção dos direitos dos migrantes no Estado de Roraima.
Desde o início do atual
fluxo migratório, em 2015, a Diocese vem trabalhando arduamente para
amenizar o sofrimento de tantas pessoas que chegam ao Brasil, por
Roraima, desde Pacaraima, porta de entrada dos imigrantes. Um conjunto
de pastorais e centros especializados, dentre eles o Serviço Jesuíta a
Migrantes e Refugiados-SJMR, vem oferecendo serviços de acolhida, ajuda
humanitária, orientação jurídica, documentação e assessoria para a
inserção social, e ações todas que cabem na verdade ao Poder Público.
Nos últimos dias, vem sendo
divulgado nas redes sociais, de forma manipulada e descontextualizada,
um vídeo em que um colaborador de nossos serviços informa, objetiva e
criteriosamente, a um grupo de famílias migrantes venezuelanas sobre os
procedimentos legais existentes no Brasil para que uma situação de
despejo possa ser executada. Estas famílias vinham habitando de forma
pacífica um local desocupado e haviam recebido informação de que
deveriam desalojar o mesmo. No Brasil, a ação do Estado está regulada
por uma série de procedimentos formais para salvaguardar os direitos
fundamentais das pessoas, especialmente em situações de vulnerabilidade
social. E isso era o que este colaborador estava explicando para estas
famílias migrantes.
Esta situação ocorreu há
mais de um mês. Porém, pessoas com má fé divulgaram recentemente um
vídeo nas redes sociais, manipulando e descontextualizando seu conteúdo e
incentivando o ódio e a xenofobia. Fruto disso, agentes de pastoral e
colaboradores já estão recebendo ameaças através das redes sociais e nas
imediações de seus lugares de trabalho e residência.
Repudiamos veementemente esta manipulação e qualquer incitação à violência e à intolerância.
A Diocese de Roraima e a
Rede Eclesial Panamazônica fazem um chamado a toda a sociedade
roraimense, formada por migrantes de tantos lugares diferentes, mosaico
de culturas e trajetórias diversas, a afirmar que somos uma sociedade
acolhedora, solidária e aberta.
Fazemos um pedido especial para um
uso responsável e maduro das redes sociais, de modo que sejam veículo de
união e solidariedade e não sirvam para secundar posições e discursos
xenófobos e violentos.
Reafirmamos, como Igreja de
Roraima, nosso compromisso na defesa da vida, da dignidade e do
respeito às diferenças. Nas palavras do Papa Francisco, “o imigrante não
é um perigo, mas está em perigo”.
Na certeza e na esperança de uma sociedade mais justa, acolhedora e solidária, nas trilhas do Evangelho,
Desde Boa Vista e Brasília, 1 de Agosto 2018
Cardeal Dom Cláudio Hummes
Presidente da REPAM
http://repam.org.br/
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