sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Diocese de Roraima emite nota pública sobre o serviço aos migrantes



Após uma série de ameaças, difamações e ataques feitos contra Paróquias, Pastorais, Movimentos e Serviços, bem como contra os agentes de pastoral e colaboradores que atuam na acolhida, defesa e promoção dos direitos dos migrantes no Estado de Roraima, a Diocese de Roraima e a Rede Eclesial Pan-Amazônica-REPAM emitem nota pública. Confira o texto na íntegra:



DIOCESE DE RORAIMA
NOTA PÚBLICA SOBRE O SERVIÇO AOS MIGRANTES

“A verdade vos libertará” (Jo 8, 32)

         A Diocese de Roraima e a Rede Eclesial Panamazônica-REPAM vêm, através desta, fazer esclarecimentos e repudiar quaisquer ameaças, difamações e insinuações feitas contra Paróquias, Pastorais, Movimentos e Serviços, bem como contra os agentes de pastoral e colaboradores que atuam na acolhida, defesa e promoção dos direitos dos migrantes no Estado de Roraima.

         Desde o início do atual fluxo migratório, em 2015, a Diocese vem trabalhando arduamente para amenizar o sofrimento de tantas pessoas que chegam ao Brasil, por Roraima, desde Pacaraima, porta de entrada dos imigrantes. Um conjunto de pastorais e centros especializados, dentre eles o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados-SJMR, vem oferecendo serviços de acolhida, ajuda humanitária, orientação jurídica, documentação e assessoria para a inserção social, e ações todas que cabem na verdade ao Poder Público.

         Nos últimos dias, vem sendo divulgado nas redes sociais, de forma manipulada e descontextualizada, um vídeo em que um colaborador de nossos serviços informa, objetiva e criteriosamente, a um grupo de famílias migrantes venezuelanas sobre os procedimentos legais existentes no Brasil para que uma situação de despejo possa ser executada. Estas famílias vinham habitando de forma pacífica um local desocupado e haviam recebido informação de que deveriam desalojar o mesmo. No Brasil, a ação do Estado está regulada por uma série de procedimentos formais para salvaguardar os direitos fundamentais das pessoas, especialmente em situações de vulnerabilidade social. E isso era o que este colaborador estava explicando para estas famílias migrantes.

         Esta situação ocorreu há mais de um mês. Porém, pessoas com má fé divulgaram recentemente um vídeo nas redes sociais, manipulando e descontextualizando seu conteúdo e incentivando o ódio e a xenofobia. Fruto disso, agentes de pastoral e colaboradores já estão recebendo ameaças através das redes sociais e nas imediações de seus lugares de trabalho e residência.

         Repudiamos veementemente esta manipulação e qualquer incitação à violência e à intolerância.

         A Diocese de Roraima e a Rede Eclesial Panamazônica fazem um chamado a toda a sociedade roraimense, formada por migrantes de tantos lugares diferentes, mosaico de culturas e trajetórias diversas, a afirmar que somos uma sociedade acolhedora, solidária e aberta.
Fazemos um pedido especial para um uso responsável e maduro das redes sociais, de modo que sejam veículo de união e solidariedade e não sirvam para secundar posições e discursos xenófobos e violentos.

         Reafirmamos, como Igreja de Roraima, nosso compromisso na defesa da vida, da dignidade e do respeito às diferenças. Nas palavras do Papa Francisco, “o imigrante não é um perigo, mas está em perigo”.

Na certeza e na esperança de uma sociedade mais justa, acolhedora e solidária, nas trilhas do Evangelho,

         Desde Boa Vista e Brasília, 1 de Agosto 2018

Cardeal Dom Cláudio Hummes
Presidente da REPAM


http://repam.org.br/

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