A preocupação de todos é a evangelização e a maior demanda é que se pensa na Eucaristia que não pode ser celebrada por falta de ministros. São preocupações que vem de longe. A estas se juntam à preocupação com a Casa Comum, numa Ecologia Integral. E neste aspecto os povos originários tem muito a nos ensinar. Também os ribeirinhos adquiriram a arte de viver e conviver na floresta. Os melhores projetos de desenvolvimento sustentável são os que aliam conhecimento científico e sabedoria popular. O Sínodo da Amazônia já é um evento bem-sucedido porque já provocou um grande mutirão de participação nas reflexões nunca visto em Sínodos anteriores. É o Povo de Deus que caminha na história e que quer ser ouvido em questões que são vitais para a humanidade.
Questiona-se a competência da Igreja para tratar destes assuntos. Ela está presente na Amazônia desde o início da sua ocupação pelos europeus. Tem um conhecimento da realidade que vem da convivência dos seus ministros com o povo. Os bispos que participarão da Sínodo são pastores atentos à vida do rebanho e agem sem segundas intenções quando defendem seus direitos e denunciam a violação dos mesmos. Os missionários estiveram entre os primeiros a descrever a região e seus habitantes. A Igreja encara com seriedade a sua missão e sempre procurou o melhor para os seus fiéis. Não jogamos para a plateia e nem visamos o dinheiro fácil e abundante que sempre atraíram os olhares cobiçosos para esta região, fonte inesgotável de riquezas.
Nos meus quarenta anos de convivência com os povos da floresta, aprendi mais que ensinei. Aprendi a respeitar a natureza. Não se brinca com ela. As consequências da destruição do meio ambiente são trágicas. Não é só a religião que afirma isto, mas também a ciência. Falar disto não é um atentado contra a soberania nacional, mas é colocar nossa pátria na vanguarda da defesa da vida no planeta.
ARTIGO DE DOM SERGIO EDUARDO CASTRIANI – ARCEBISPO METROPOLITANO DE MANAUS
JORNAL: EM TEMPO
Data de Publicação: 17.2.2019
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