quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Números arrepiantes, mas realmente preocupantes?

 


Mais uma vez, Manaus está na mídia, mais uma vez a morte tem convertido nossa cidade em manchete nacional e mundial. Os números de contagiados, internados e falecidos, especialmente desde o início do ano, podemos dizer que são arrepiantes, mas realmente são preocupantes?

Passar na frente de um hospital ou de um SPA é se deparar com a chegada constante de ambulâncias e carros em busca de uma vaga, algo cada vez mais complicado. As pessoas esperam do lado de fora por notícias que muitas vezes demoram horas para chegar. O choro, fruto da impotência, toma conta de homens e mulheres que veem como seus entes queridos se debatem entre a vida e a morte.

Manaus vive uma situação trágica, a pior desde o início da pandemia, como mostram os números da Fundação de Vigilância em Saúde e de sepultamentos nos cemitérios. Negar essa realidade é querer tampar o sol com uma peneira. Mesmo assim, alguns ainda negam essa situação, pois a morte só nos importa quando ela chega perto da gente, bem perto. O pior de tudo, é que ela está chegando cada vez mais próxima, está batendo na porta de casa.

Neste dia 13 de janeiro, entre os casos confirmados de Covid-19 no Amazonas, há 1.553 pacientes internados, sendo 1.034 em leitos clínicos e 492 em UTI, nas redes pública e privada. Há ainda 27 em sala vermelha, estrutura voltada à assistência temporária para estabilização de pacientes críticos/graves para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde. Além disso há outros 555 pacientes internados, que aguardam a confirmação do diagnóstico. O Amazonas tem ainda, 374 pessoas na fila à espera de leito para internação.



Ou tomamos consciência da realidade ou dificilmente vamos superar uma pandemia que está no meio de nós desde há dez meses e que ninguém sabe quando é que vai acabar. A maior esperança, a vacina, no Brasil só vai chegar no dia D e na hora H, como dizia o Ministro da Saúde nesta semana, precisamente aqui em Manaus. Mais uma declaração que só coloca mais incertezas na população.

Que os números não são preocupantes para boa parte dos manauaras é algo que a gente vê nas ruas, onde a falta de cuidados consigo próprio e com os outros é prática habitual. Mais uma vez a falta de empatia, de sentimentos de fraternidade, nos mostra a necessidade de refletir como humanidade e nos questionar sobre os princípios que determinam a nossa vida. Entender que a vida, o cuidado da vida, da própria e da alheia, está acima de tudo, é algo que se torna mais do que necessário neste momento da história.

Nunca esqueçamos que a preocupação pelo outro é o que nos faz humanos. Numa sociedade muitas vezes desumana, o desafio a mostrar atitudes diferentes é algo cada vez mais urgente. Educar para o respeito, para o cuidado, para a empatia e a fraternidade está sendo uma urgência inadiável, que não depende do outro, depende da gente.


Luis Miguel Modino - Editorial na Rádio Rio Mar


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