segunda-feira, 12 de abril de 2021

Dá início a 58ª Assembleia Geral da CNBB centrada na Palavra de Deus e 100% virtual

Foto: CNBB

Da grandiosidade do Santuário Nacional de Aparecida à simplicidade da Capela da sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, também sob a invocação da padroeira do Brasil. Do grande encontro anual no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida à tela do computador ou do celular. Assim iniciava nesta segunda-feira, 12 de abril, a 58ª Assembleia Geral da CNBB.

A Eucaristia, presidida por Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, transmitida pelos canais católicos de TV do Brasil e pelas redes sociais da CNBB. contou com a participação de convidados e assessores da entidade. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro fez um chamado a nascer de novo”, e assim adquirir “essa coragem para anunciar a Palavra em meio a todas as dificuldades”. Com a celebração iniciou-se a primeira assembleia em formato totalmente remoto, onde são convidados os 475 bispos titulares e eméritos, além de representantes de organismos e pastorais.

O tema central será a Palavra de Deus, seguindo a proposta das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023). Além disso, os bispos vão aprofundar também outros 30 assuntos previstos estatutariamente sobre a vida da Igreja e a evangelização no Brasil. Seguindo os estatutos da CNBB, será realizada uma Assembleia sem votações que impliquem alterações ou consequências de natureza legislativa para a Conferência. Só irão acontecer as votações de natureza pastoral.



Após um momento de oração e as solenidades de abertura a cargo do presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, onde acolheu os presentes, especialmente os bispos nomeados nos dois últimos anos e lembrou as vítimas da pandemia, pedindo um momento de silêncio em homenagem, o novo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, dirigia-se pela primeira vez ao episcopado brasileiro reunido em Assembleia, destacando a importância da tecnologia “a serviço da proclamação corajosa da Palavra de Deus”.

A primeira sessão tem sido momento para apresentar o relatório bienal 2019-2020. Além disso, também foram apresentados o relatório econômico e o tema central. Os destaques do período da tarde ficam por conta das análises de conjuntura eclesial e social e a programação de atividades dos anos Amoris Laetitia e Josefino, em 2021.

Todos os dias acontecerá uma coletiva de imprensa, onde serão tratados os temas mais relevantes de cada jornada. Falar da Palavra não é novo, segundo Dom José Antônio Peruzzo. Ele enfatizava que “na tradição bíblica, palavra também é pessoa”. Estamos diante de um tema que nunca será suficientemente esgotado, insistindo em que a palavra cria proximidade entre quem escreveu e quem lê, o que mostra a importância da Palavra de Deus, de partilhar aquilo que é fonte de vida.

Dom Paulo Jackson destacava o “belíssimo movimento de leitura popular da Bíblia, no Brasil e América Latina” surgido da Dei Verbum, destacando a importância do Centro de Estudos Bíblicos – CEBI. Trata-se de fazer com que “a vida inteira da pessoa e das comunidades eclesiais missionarias, e também da própria pastoral e da missionariedade, tudo isso animado pela força da Palavra de Deus". O bispo de Garanhuns falava sobre os desafios para semear a Palavra de Deus, destacando a necessidade de descobrir a Bíblia como fonte de mudanças estruturais.



O objetivo é que “o povo tenha mais desejo da Palavra de Deus”, segundo Dom Armando Bucciol, que falava sobre os diferentes terrenos em que a Palavra de Deus deve ser semeada: na liturgia, destacando a importância da homilia, na ação missionária, na Iniciação Cristã- Catequese, na Piedade Popular, na família, nas juventudes, no diálogo ecumênico e inter-religioso, nos meios de comunicação, nos processos formativos, na presença nas periferias, dentre outros.

Nas perguntas dos jornalistas surgiram algumas reflexões dos bispos. Um deles, cada vez mais presente na sociedade, é a polarização, que leva a refletir sobre os fundamentalismos, fruto das debilidades, visto por alguns como refúgio seguro e que pode ser considerado irmão do fanatismo, segundo o Arcebispo de Curitiba. Ele insistia em que os fanáticos não dialogam, destacando o papel da religião como poderoso meio de fundamentalismo. Por isso, insistia na necessidade de despojar-se de convicções, na diferença entre experiência religiosa e experiência de fé. Segundo Dom Peruzzo, as agressões entre católicos têm como causa que eles ouvem pouco a Palavra e não se deixam inspirar nela.

Dom Paulo Jackson vê a polarização como fruto da resistência aos valores da modernidade. Ele denunciava o esfriamento do trabalho bíblico no Brasil, tendo se deixado de realizar o Mês da Bíblia em muitos lugares. Diante disso, afirmava que a Palavra pode ajudar a formar comunidades eclesiais missionárias vivas, animadas, entusiasmadas. A partir da experiência pessoal, acrescentada durante a pandemia, insistia na necessidade dos bispos e a Igreja fazer mais presente a Palavra na internet.

O abuso e mal uso da Palavra está muito presente na Igreja, segundo Dom Armando, que refletia sobre a homilia, que não é palestra. O bispo de Livramento de Nossa Senhora refletia sobre os pregadores que ignoram a Palavra, inclusive nas TVs católicas, insistindo para que o povo seja franco com os padres e bispos para dizer que não é por aí. O bispo dava um conselho não exagerar no tempo e preparar durante várias horas de reflexão. Junto com a Palavra, destacava a importância da Pastoral da Escuta, de multiplicar mentes e corações que saibam de verdade escutar.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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