Unidade na diversidade, isso é o que define a
Santíssima Trindade, a festa que vamos celebrar no próximo domingo, 30 de maio.
Essa mesma unidade na diversidade é um elemento que está presente na sinodalidade,
o modo de ser Igreja que o Papa Francisco está nos propondo, uma reflexão que
vai estar presente na vida da Igreja católica nos próximos anos.
Na última sexta-feira, 21 de maio, o Santo Padre
convocava oficialmente o Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, que será
aberto no próximo mês de outubro e que vai ter sua assembleia sinodal em
outubro de 2023. Ao longo de dois anos somos chamados a entrar no caminho da
comunhão, um desafio secular na vida da humanidade.
Podemos caminhar juntos, que é o que significa
sinodalidade, mesmo sabendo que somos diferentes? Estamos dispostos a entrar
nessa dinâmica de comunhão? Podemos dizer que essa é uma necessidade cada vez
mais urgente, ainda mais numa sociedade cada vez mais dividida e enfrentada?
Ninguém pode obviar que a divisão é instrumento de
dominação de um povo que esquece os inimigos comuns e se enfrenta por questões
que não ajudam a superar as ameaças que se cernem sobre o a totalidade. Essa é
uma dinâmica instigada em espaços de poder político, econômico, inclusive
religioso, que deve ser ignorada, na tentativa de fazer realidade essa vida em
comunhão.
Quem se diz cristão, a gente que se diz católico,
deveria fomentar essa vida em comunhão, essa dinâmica sinodal, esse empenho em
caminhar juntos, como modo de vida cotidiano. Assumir esse modelo faz com que a
gente possa se tornar testemunho para a convivência social. Num país cada vez
mais próximo dos 500 mil mortos pela Covid-19, muitos deles consequência da
falta de sentimentos comuns, de empatia pelos outros, somos chamados a refletir
e assumir a urgência dessa atitude.
Deus não é uma ideia, ele não é algo que fica no campo
do pensamento, acreditamos num Deus encarnado, presente na vida da humanidade,
que acompanha e orienta o decorrer da história. Não acreditamos num Deus que
fica acima e sim num Deus que fica no meio da gente, que inclusive assume ser o
último, o menor de todos. A comunhão se faz mais fácil quando a gente se
reconhece pequeno, limitado, quando a gente experimenta a necessidade do outro
para alcançar a plenitude.
Não deixemos que aquilo que a gente celebra fique como
algo que não mexe com a vida da gente. Acreditar em Deus é traze-lo para o dia
a dia, deixar que Ele se faça presente em nosso modo de reagir diante de tudo o
que acontece, das decisões que tomamos. É tempo de comunhão, de caminhar
juntos, de entender que juntos somos mais e que o testemunho dos outros nos
abre à possibilidade de sermos melhores.
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