terça-feira, 8 de junho de 2021

“A nossa solidariedade, a nossa doação, promove vida”, afirma Dom Mário na apresentação da Campanha “É Tempo de Cuidar”


A segunda etapa da Ação Solidária Emergencial “É Tempo de Cuidar”, organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Caritas Brasileira, Conferência dos Religiosos do Brasil, Movimento de Educação de Base e a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil, que faz parte da Semana Nacional de Mobilização, que acontece de 8 a 12 de junho, era iniciada nesta terça-feira com uma celebração eucarística, presidida por Dom Joel Portella Amado, na Casa Bom Samaritano, em Brasília (DF).

Ao longo da semana serão realizadas ações solidárias nas dioceses, organismos e pastorais da Igreja no Brasil. Uma das coordenadoras da Casa Bom Samaritano, que acolhe migrantes, a irmã Rosita Milesi, diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos, destacava a importância desta ação solidária, num momento em que mais da metade da população brasileira encontra-se em situação de insegurança alimentar e nutricional.

A situação é tão grave que, segundo dados do Grupo de Pesquisa Alimento para a Justiça da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, mais de 125 milhões de brasileiros não estão se alimentando como deveriam.



Segundo o secretário geral da CNBB, a campanha tem como foco o combate à fome, uma realidade cada vez mais presente no Brasil, afirmando que “quando um filho de Deus sofre, o Senhor está sofrendo nesta pessoa”. Dom Joel fazia um chamado a assumir uma atitude de conversão como caminho para fazer a solidariedade acontecer nestes tempos de pandemia. Segundo o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, se faz necessário superar o pecado (egoísmo), o cansaço e a descrença.

Para Dom Joel Portella, a caridade é um modo de adorar a Deus, fazendo um chamado aos católicos a manterem-se firmes em seu compromisso de fé que precisa se traduzir em solidariedade e partilha. Estamos diante de uma ação que será um modo de construção de uma rede de solidariedade, que permita, segundo Dom Joel, transformar o “eu” em “nós” e compartilhar as fragilidades e um pouco do que cada um tem, e assim enfrentar as sequelas da pandemia.

A Campanha “É Tempo de Cuidar”, tem sido apresentada numa live, onde o presidente da Caritas Brasileira fazia memória da primeira etapa da campanha, que Dom Mário Antônio da Silva definia como “uma pagina viva do Evangelho”. No momento atual em que “o tempo da pandemia continua, a fome se agrava, as necessidades se ampliam”, o bispo de Roraima fazia um chamado a continuar participando da campanha. Não podemos esquecer, segundo o segundo vice-presidente da CNBB que “a fome dói, a fome mata. Por isso a nossa solidariedade, a nossa doação, promove vida”. O bispo convidava a procurar os pontos de arrecadação, espalhado por todo o Brasil.




A live, conduzida pelo coordenador nacional da Pastoral da Comunicação, Marcus Tulius, foi apresentando diferentes realidades presentes no Brasil neste tempo de pandemia e suas consequências. Com suas músicas, surgidas a partir da realidade e da vida do povo sofrido, o cantor Zé Vicente foi ajudando os participantes a descobrir a mística e o sentido da partilha, lembrando que “o pouco com Deus é muito, o muito sem Deus, é nada”.

O encontro virtual tem mostrado o papel da agricultura familiar no tempo da pandemia, ajudando muitas famílias a se sustentar e partilhar com quem mais precisa. Uma agricultura sustentada, como lembrava Marcos Tulius, “nos princípios da agroecologia, pensando no cuidado da casa comum, na ecologia integral, como nos pede o Papa Francisco”. Isso foi mostrado no trabalho desenvolvido pela Pastoral da Terra da diocese de Ipameri (GO), onde os agricultores doam 8 toneladas de verduras e legumes por mês.

O Brasil aos poucos foi perdendo políticas públicas de segurança alimentar, como mostrava Carlos Eduardo Leite. O Coordenador Geral do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais refletia sobre o fato do Brasil ter voltado ao mapa da fome, do qual tinha saído em 2004, consequência da degradação das políticas pública, direitos e oportunidades. Ele fazia um chamado a se mobilizar para “garantir as políticas públicas, porque o alimento é um direito humano, de todos e todas”.



A realidade dos migrantes e o cuidado que deles fazem diferentes organizações eclesiais tem sido outro dos destaques da apresentação da campanha, ajudando a mudar a mentalidade e a conquista de direitos. Essa ação emergencial, que iniciou em 2020, teve “uma resposta muito positiva”, segundo o padre Patriky Samuel Batista. O Secretário Executivo de Campanhas da CNBB lembrava que foram destinados mais de 4 milhões de reais para essa ação solidária emergencial, além de 5 milhões de toneladas de alimentos. Na Semana do Coração de Jesus, o padre Patriky destacava a importância de “colocar o coração para fora”, de que nosso coração seja “disponível, aberto, solidário, fazendo a nossa parte”.

Wagner Cesário destacava a importância da campanha, que “mostra que a Igreja está mobilizada, a Igreja está engajada num processo que marca a nossa história”. Segundo o Assessor Nacional da Caritas Brasileira, estamos nos colocando “como protagonistas de uma ação que beneficia àqueles que são preferidos por Jesus”. São muitas as ações em favor daqueles que passam por momentos de dificuldade, como acontece na diocese de Santo Ângelo (RS), onde foi colocada em prática a “prateleira solidária”, colocada na rua, onde quem precisa pega e quem tinha condições, coloca. “Isso gerou uma solidariedade muito forte na nossa comunidade”, segundo o padre Marcos Bialozor, que partilhava experiências de arrecadação e doação de cestas básicas ou agasalhos.

A irmã Cleusa Alves da Silva, explicava o sentido do Dia de Cuidar, que acontecerá no próximo sábado, 12 de junho, em que a Igreja do Brasil é convidada a organizar uma grande coleta de alimentos em nível local, que será distribuído também em nível local às famílias que estão passando maior necessidade. A vice-presidente da Caritas Brasileira animava a organizar esse grande dia de mobilização, lembrando que a campanha não termina no dia 12, “deve se estender durante o ano, principalmente neste período em que perdura a pandemia e que a fome está cada vez mais agravada”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1, com informações e fotos da CNBB Nacional


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