segunda-feira, 28 de junho de 2021

Dom Ionilton: “Deus não quer a morte dos 510 mil brasileiros e brasileiras que perderam a vida por causa da Covid”


Deus não quer a morte dos 510 mil brasileiros e brasileiras que perderam a vida por causa da Covid. As palavras de Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo de Itacoatira na homilia deste domingo, 13º do Tempo Comum, são uma atualização do texto do Livro da Sabedoria na primeira leitura da Liturgia da Palavra: “Deus não fez a morte e nem tem prazer com a destruição dos vivos”.

O bispo criticou algumas expressões proferidas desde o início da pandemia, dizendo que “com certeza nosso Deus não disse, não diz e nem dirá: e daí? é uma grepezinha, brasileiro é atleta, todo mundo vai morrer mesmo...”, insistindo em que “quem se alegra com a morte das pessoas, quem podia ter ajudado a não ter tantas mortes e nada fez, não está em comunhão com Deus, é um ateu prático, perdeu a sua humanidade, colabora com a ‘inveja do diabo’, por quem a morte entrou no mundo”.

As palavras do salmo “Salvastes-me quando estava já morrendo”, são vistas pelo bispo como “a nossa oração por quem já foi vacinado as duas doses e até com uma dose”. Dom Ionilton pede que “hoje possamos dar graças a Deus pela inteligência dada aos cientistas que descobriram a vacina que nos salva da morte”, e junto com isso que “rendamos graças ao Senhor pelos profissionais da saúde, que bravamente e muitas vezes sem os recursos adequados, empenham-se para salvar vidas”.

O bispo da Prelazia de Itacoatiara, seguindo as palavras da segunda carta aos Coríntios, faz um apelo para desejar enquanto cristãos, “que haja igualdade: que todas as pessoas sejam tratadas da mesma forma, tenham os mesmos direitos e os mesmos deveres”. Essa igualdade se concretiza em “terra, moradia, trabalho, salário, previdência social, aposentadoria, saúde, vacina, educação, saneamento”, afirma o bispo, insistindo em que “a igualdade, derruba a acumulação e faz acontecer a partilha”.



Ao elo das palavras do Evangelho de Marcos, Dom Ionilton se perguntava: quem são os Jairos de hoje que nos procuram e gritam pedindo socorro, ajuda?” Ele mesmo respondia identificando-os com “os que passam fome, os atingidos pelas enchentes, os enfermos e seus familiares, quem perdeu algum ente querido atingido pela Covid, os desempregados, pessoas e famílias marcadas por alguma dependência, as mulheres que sofrem violência doméstica, os povos indígenas ameaçados de perderem suas terras e territórios por causa de leis aprovadas no Congresso Nacional...”.

Vendo como Jesus acompanhou Jairo, Dom Ionilton perguntou: “E nós fazemos como Jesus, acompanhamos quem nos procura e buscamos ajudar a diminuir seus sofrimentos? O que temos feito pelos pobres, excluídos e marginalizados? Temos apoiado e participado de alguma Pastoral Social, da Caritas, da Rede um Grito pela Vida? Temos feito alguma doação em alimento ou água para a Caritas (Puxirum pela Vida) ou para a CPT?”.

Também refletia sobre o outro personagem que aparece na passagem do Evangelho, “uma mulher que, há doze anos, estava com uma hemorragia”. O bispo da Prelazia de Itacoatiara a identificou seu sofrimento com “o drama que muitos de nós já vivemos: a crise na saúde pela falta de compromisso do governo; a medicina apenas como fonte de riqueza; a espera pela vacina que demora de chegar...”. Diante disso, mais uma vez perguntou, “Quais ‘meninas’ esperam ouvir de nós este convite para levantar-se?”, e junto com isso, fazia um chamado a obedecer ao mandato de Jesus e “dar de comer a quem está com fome”, lembrando que isso pode ser realizado através da Campanha Puxirum pela Vida.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1




Um comentário:

  1. Obrigado Padre Luis Miguel por seu artigo a partir de minha homilia!
    Dom José Ionilton, SDV

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