“Deus
não quer a morte dos 510 mil brasileiros e brasileiras que perderam a vida por
causa da Covid”. As palavras de Dom José Ionilton Lisboa
de Oliveira, bispo de Itacoatira na homilia deste domingo, 13º do Tempo Comum,
são uma atualização do texto do Livro da Sabedoria na primeira leitura da Liturgia
da Palavra: “Deus não fez a morte e nem tem prazer com a destruição dos vivos”.
O bispo criticou algumas expressões
proferidas desde o início da pandemia, dizendo que “com certeza nosso Deus não
disse, não diz e nem dirá: e daí? é uma grepezinha, brasileiro é atleta, todo
mundo vai morrer mesmo...”, insistindo em que “quem se alegra com a morte das
pessoas, quem podia ter ajudado a não ter tantas mortes e nada fez, não está em
comunhão com Deus, é um ateu prático, perdeu a sua humanidade, colabora com a ‘inveja
do diabo’, por quem a morte entrou no mundo”.
As palavras do salmo “Salvastes-me
quando estava já morrendo”, são vistas pelo bispo como “a nossa oração por quem
já foi vacinado as duas doses e até com uma dose”. Dom Ionilton pede que “hoje
possamos dar graças a Deus pela inteligência dada aos cientistas que
descobriram a vacina que nos salva da morte”, e junto com isso que “rendamos
graças ao Senhor pelos profissionais da saúde, que bravamente e muitas vezes
sem os recursos adequados, empenham-se para salvar vidas”.
O bispo da Prelazia de Itacoatiara,
seguindo as palavras da segunda carta aos Coríntios, faz um apelo para desejar enquanto
cristãos, “que haja igualdade: que todas as pessoas sejam tratadas da mesma
forma, tenham os mesmos direitos e os mesmos deveres”. Essa igualdade se
concretiza em “terra, moradia, trabalho, salário, previdência social,
aposentadoria, saúde, vacina, educação, saneamento”, afirma o bispo, insistindo
em que “a igualdade, derruba a acumulação e faz acontecer a partilha”.
Ao elo das palavras do
Evangelho de Marcos, Dom Ionilton se perguntava: “quem são os Jairos de
hoje que nos procuram e gritam pedindo socorro, ajuda?” Ele mesmo respondia identificando-os
com “os que passam fome, os atingidos pelas enchentes, os enfermos e seus
familiares, quem perdeu algum ente querido atingido pela Covid, os
desempregados, pessoas e famílias marcadas por alguma dependência, as mulheres
que sofrem violência doméstica, os povos indígenas ameaçados de perderem suas
terras e territórios por causa de leis aprovadas no Congresso Nacional...”.
Vendo como Jesus acompanhou
Jairo, Dom Ionilton perguntou: “E nós fazemos como Jesus, acompanhamos quem nos
procura e buscamos ajudar a diminuir seus sofrimentos? O que temos feito pelos
pobres, excluídos e marginalizados? Temos apoiado e participado de alguma
Pastoral Social, da Caritas, da Rede um Grito pela Vida? Temos feito alguma
doação em alimento ou água para a Caritas (Puxirum pela Vida) ou para a CPT?”.
Também refletia sobre o
outro personagem que aparece na passagem do Evangelho, “uma mulher que, há doze
anos, estava com uma hemorragia”. O bispo da Prelazia de Itacoatiara a identificou
seu sofrimento com “o drama que muitos de nós já vivemos: a crise na saúde pela
falta de compromisso do governo; a medicina apenas como fonte de riqueza; a
espera pela vacina que demora de chegar...”. Diante disso, mais uma vez perguntou,
“Quais ‘meninas’ esperam ouvir de nós este convite para levantar-se?”, e junto
com isso, fazia um chamado a obedecer ao mandato de Jesus e “dar de comer a
quem está com fome”, lembrando que isso pode ser realizado através da Campanha
Puxirum pela Vida.
Obrigado Padre Luis Miguel por seu artigo a partir de minha homilia!
ResponderExcluirDom José Ionilton, SDV