No âmbito do processo de escuta da Assembleia Eclesial da
América Latina e do Caribe, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) organizou o
Fórum Temático Mulheres da Pan-Amazônia.
O encontro virtual, segundo a REPAM relatou num comunicado
de imprensa, contou com a participação de cerca de 80 mulheres, a grande
maioria dos 9 países que compõem a região Pan-Amazônica. Junto com as
contribuições das mulheres presentes, foram enviadas anteriormente as respostas
de 173 mulheres, que responderam a um questionário simples.
Durante o encontro virtual refletiram sobre "a força e
importância do rosto feminino da Igreja na nossa região, e a necessidade de
fazer cada vez mais esforços para provocar mudanças na estrutura da Igreja,
porque sem isso, qualquer novo ministério que seja criado irá reproduzir o
clericalismo".
As mulheres participantes salientaram que "sonhamos com
uma Igreja circular, sinodal, intercultural, comunitária, profética,
missionária, em saída, samaritana, aliada e orante que caminha juntamente com
todo o seu povo, e com as dificuldades reais e estruturais que os podem afetar".
Na Amazônia, as mulheres querem uma Igreja com a "mística
do nós", retomando as palavras de Evangelii Gaudium. A partir daí, dizem
que ratificam um sonho coletivo: "Queremos uma Igreja que seja um
discipulado de iguais, uma Igreja sinodal, onde a verticalidade dê lugar à
circularidade".
Denunciando realidades presentes na região amazónica, as
mulheres insistem que "a invisibilidade das mulheres é um terreno fértil
para a violência". Por conseguinte, reivindicam "a necessidade de
reconhecimento público dos nossos serviços, que queremos continuar exercendo de
e como povo de Deus". Não se trata de dominação, porque, segundo as
mulheres participantes no fórum, "não estamos interessadas em qualquer
luta de poder, queremos simplesmente que os serviços que realizámos sejam
reconhecidos e a possibilidade de tomar a palavra pública, de pregar, e isto
por fidelidade ao Evangelho, seja definitivamente aberta".
Na sua opinião, "o diaconato das mulheres só precisa de
ser reconhecido, porque já é exercido na Amazónia". Utilizando o
mapeamento da REPAM, que mostra que de cada 10 representantes em posições de
responsabilidade apenas 3 são mulheres, as participantes insistem que "é
urgente reforçar o empoderamento, a liderança e os vários serviços e
ministérios que as mulheres exercem neste território".
Além disso, salientam que "a presença do conhecimento e
da sensibilidade das mulheres é essencial em todos os espaços de formação de
toda a Igreja, incluindo os seminários”. A partir desta afirmação exigem
"a presença de mulheres nestes espaços tanto como formadoras e formandas,
como em espaços de acompanhamento espiritual e de tomada de decisões".
Para as mulheres amazônicas, "o conteúdo sobre as
mulheres deve ser indesculpavelmente ensinado pelas mulheres e deve estar presente
no programa de todas as formações da Igreja". Finalmente, afirmaram que
"as mulheres da Pan-Amazônia somos construtoras da Igreja e renovamos o
nosso compromisso com ela nesta caminhada em direção à Assembleia Eclesial da
América Latina e do Caribe".
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