domingo, 6 de junho de 2021

“Não tenhamos medo destes que falam mal da Igreja, dos que colocam-se a serviço da vida, da verdade e da paz”. Homilia de Dom Ionilton


Tendo como ponto de partida a pergunta do Senhor a Adão, quando ele diz: “onde estás?”, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da prelazia de Itacoatiara refletia na homilia deste 10º domingo do Tempo Comum.

Dom Ionilton trazia essa pergunta para a vida de cada um, colocando diferentes respostas: “Em casa com a família, no trabalho, na Igreja, contemplando a natureza, ajudando alguém que precisa, participando de uma atividade de conquista de direitos? Ou fazendo aglomeração, sujando as ruas e as águas, derrubando árvores, desrespeitando as leis de trânsito, enviando fake News?”.

O bispo advertia sobre o jogo de empurra entre Adão, Eva e a serpente, levando a refletir sobre “como isto se repete na história; como é difícil a gente assumir nosso erro; como faz parte de nossa natureza transferir a responsabilidade do que não deu certo para outras pessoas”.

Esse pensamento o levava a denunciar que “no caso da epidemia da Covid-19, a CPI tem mostrado como tem depoentes e senadores que não aceitam que houve um erro do governo em não criar um projeto estratégico de combate à expansão do vírus, que houve um incentivo para se usar medicações que não serviam para combater o vírus, que não se acreditou na importância da vacina e por isto houve uma omissão na compra dela”.

Em suas palavras, Dom Ionilton insistia em “como se transferiu a crise gerada pelo vírus para os prefeitos e governadores que acreditaram na ciência e implantaram o sistema de isolamento social, de uso de máscaras, de higienização das mãos; a culpa é de Deus, afirmando-se que o vírus é um castigo dele; a culpa é da China que inventou o vírus para o comunismo dominar o mundo”. Diante disso se perguntava: somos capazes de assumir nossos erros? Ou procuramos jogar a culpa nos outros?




Segundo o bispo da prelazia de Itacoatiara, “no Brasil temos um mal costume quando se troca os governantes no nível federal, estadual e municipal, passarmos meses e até anos jogando a culpa nos governantes anteriores e não assumimos nossa missão, aquela que eu me ofereci para exercer, concorrendo a uma eleição”. Inclusive, segundo ele, essa é uma realidade também presente na Igreja.

À luz da passagem do Evangelho, o bispo se questionava sobre a prática da acolhida, da escuta, da solidariedade/caridade. Junto com isso, diante das acusações contra Jesus, ele lembrava “quantos cristãos e cristãs na história da Igreja foram e são acusados das coisas mais absurdas por causa de sua fidelidade a Jesus e ao Evangelho”, algo que segundo Dom Ionilton também sofre o Papa Francisco, “acusado de comunista somente porque vive e ensina o amor aos pobres e a defesa da natureza, nossa casa comum”, ou a CNBB porque “nos ensina a viver a opção preferencial evangélica pelos pobres e a trabalharmos para que possa surgir uma sociedade justa e solidária”.

Inclusive, o bispo lembrava de situações acontecidas na prelazia de Itacoatiara, onde “os Missionários de Scarboro foram acusados de insufladores do povo, porque ajudavam o povo a se organizar para conquistar os seus direitos e defender suas terras, seus rios e seus peixes”. Diante disso afirmava: “Não tenhamos medo destes que falam mal da Igreja, falam mal dos que movidos pela fé e pelo seguimento de Jesus, colocam-se a serviço da vida, da verdade e da paz”.

Finalmente, Dom Ionilton convidava a refletir sobre nossas atitudes de condena “antes de se aceitar ou fazer uma acusação contra qualquer pessoa que faz o bem, serve aos pobres, defende a vida e o meio ambiente, fala profeticamente contra as injustiças e os crimes”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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