Tendo como ponto de partida
a pergunta do Senhor a Adão, quando ele diz: “onde estás?”, Dom José Ionilton Lisboa
de Oliveira, bispo da prelazia de Itacoatiara refletia na homilia deste 10º domingo
do Tempo Comum.
Dom Ionilton trazia essa
pergunta para a vida de cada um, colocando diferentes respostas: “Em casa com a
família, no trabalho, na Igreja, contemplando a natureza, ajudando alguém que
precisa, participando de uma atividade de conquista de direitos? Ou fazendo
aglomeração, sujando as ruas e as águas, derrubando árvores, desrespeitando as
leis de trânsito, enviando fake News?”.
O bispo advertia sobre o
jogo de empurra entre Adão, Eva e a serpente, levando a refletir sobre “como
isto se repete na história; como é difícil a gente assumir nosso erro; como faz
parte de nossa natureza transferir a responsabilidade do que não deu certo para
outras pessoas”.
Esse pensamento o levava
a denunciar que “no caso da epidemia da Covid-19, a CPI tem mostrado como tem
depoentes e senadores que não aceitam que houve um erro do governo em não criar
um projeto estratégico de combate à expansão do vírus, que houve um incentivo
para se usar medicações que não serviam para combater o vírus, que não se
acreditou na importância da vacina e por isto houve uma omissão na compra dela”.
Em suas palavras, Dom
Ionilton insistia em “como se transferiu a crise gerada pelo vírus para os
prefeitos e governadores que acreditaram na ciência e implantaram o sistema de
isolamento social, de uso de máscaras, de higienização das mãos; a culpa é de
Deus, afirmando-se que o vírus é um castigo dele; a culpa é da China que
inventou o vírus para o comunismo dominar o mundo”. Diante disso se perguntava:
“somos capazes de assumir nossos erros? Ou procuramos
jogar a culpa nos outros?”
Segundo o bispo da
prelazia de Itacoatiara, “no Brasil temos um mal costume quando se troca os
governantes no nível federal, estadual e municipal, passarmos meses e até anos jogando
a culpa nos governantes anteriores e não assumimos nossa missão, aquela que eu
me ofereci para exercer, concorrendo a uma eleição”. Inclusive, segundo ele,
essa é uma realidade também presente na Igreja.
À luz da passagem do
Evangelho, o bispo se questionava sobre a prática da acolhida, da escuta, da
solidariedade/caridade. Junto com isso, diante das acusações contra Jesus, ele
lembrava “quantos cristãos e cristãs na história da Igreja foram e são acusados
das coisas mais absurdas por causa de sua fidelidade a Jesus e ao Evangelho”,
algo que segundo Dom Ionilton também sofre o Papa Francisco, “acusado de
comunista somente porque vive e ensina o amor aos pobres e a defesa da
natureza, nossa casa comum”, ou a CNBB porque “nos ensina a viver a opção
preferencial evangélica pelos pobres e a trabalharmos para que possa surgir uma
sociedade justa e solidária”.
Inclusive, o bispo
lembrava de situações acontecidas na prelazia de Itacoatiara, onde “os
Missionários de Scarboro foram acusados de insufladores do povo, porque
ajudavam o povo a se organizar para conquistar os seus direitos e defender suas
terras, seus rios e seus peixes”. Diante disso afirmava: “Não tenhamos medo
destes que falam mal da Igreja, falam mal dos que movidos pela fé e pelo
seguimento de Jesus, colocam-se a serviço da vida, da verdade e da paz”.
Finalmente, Dom Ionilton
convidava a refletir sobre nossas atitudes de condena “antes de se aceitar ou
fazer uma acusação contra qualquer pessoa que faz o bem, serve aos pobres,
defende a vida e o meio ambiente, fala profeticamente contra as injustiças e os
crimes”.
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