Pouco a pouco os detalhes da Assembleia Eclesial da América
Latina e do Caribe estão se tornando conhecidos. Alguns deles foram revelados na
coletiva de imprensa desta quarta-feira, 29 de setembro, organizada pelo Celam,
na qual foram anunciadas as etapas de um processo que realizará sua assembleia
de 21 a 28 de novembro.
"A Assembleia Eclesial tem algo novo e algo que está
enraizado no caminho da Igreja da América Latina e do Caribe", como
afirmou o Secretário Geral do Celam. É algo que tem sido parte da Igreja no
continente desde seus primeiros dias, lembrando os Concílios de Lima, mas é
também um espírito que nos últimos anos tem gerado processos de assembleia em
algumas conferências episcopais e dioceses, segundo Dom Jorge Lozano.
O arcebispo de San Juan de Cuyo definiu a novidade da Assembleia
no sentido de ser continental e composta de diferentes vocações, revelando que
haverá cerca de mil delegados na Assembleia, 200 bispos, 200 sacerdotes e
diáconos, 200 religiosos e religiosas, 400 leigos e leigas de diferentes áreas,
também pessoas que estão em situações de periferia, de exclusão, a maioria dos
quais participará virtualmente e pouco mais de 50 pessoas presencialmente na
sede da Conferência Episcopal Mexicana.
É um caminho que está sendo acompanhado por um itinerário
espiritual, baseado na escuta da Palavra de Deus e da realidade, que formam um
único ideal de vida, segundo a Irmã Daniela Cannavina. A coordenadora do Comitê
de Espiritualidade e Liturgia dividiu este itinerário na espiritualidade da
escuta e na espiritualidade do encontro, dentro da qual momentos de leitura
orante, um encontro mariano continental ou uma Vigília do Santuário de Nossa
Senhora de Guadalupe terão lugar nas próximas semanas.
O processo de escuta da Assembleia Eclesial da América
Latina e do Caribe foi um momento para dar razão a nossa esperança, nas
palavras de Mauricio López. Para o coordenador do Centro de Programas de Ação
Pastoral e Redes do Celam, a escuta é uma ação inerente da Igreja, algo que se
baseia no espírito da Eclesiologia do Povo de Deus do Concílio Vaticano II e
que foi promovida na Episcopalis Communio, que exige abraçar a fé do Povo de
Deus.
Quase 70.000 pessoas participaram do processo de escuta, 65%
das quais são mulheres. Todas as contribuições geraram uma síntese, que foi
colocada nas mãos do comitê de redação do Documento para o discernimento, e
que, como uma grande novidade, seu conteúdo será dado a conhecer na próxima
sexta-feira.
Para o padre David Jasso, a Metodologia Pastoral é a própria
Assembleia, pois não há assembleia sem acordos, sem questões que são colocadas
em comum e que a própria comunidade pode levar aos outros. Estamos enfrentando
uma oportunidade, afirma o secretário-geral adjunto do Celam, de responder aos
novos desafios da Igreja na América Latina e no Caribe e de encontrar novas
maneiras de responder a esses desafios. Tudo isso dentro de um processo que
começará com as pre-assembleias e se desdobrará em pós-assembleias regionais.
Segundo o Padre Jasso, é uma questão de apropriação de
sonhos para responder a urgências. Neste sentido, ele anunciou a elaboração de
uma mensagem final na qual quer se mostrar este sonho eclesial, estes novos
caminhos, estas novas orientações e um documento inspirador a ser elaborado nos
meses seguintes à Assembleia.
Respondendo às perguntas dos jornalistas, os quatro
anfitriões da coletiva de imprensa falaram sobre os participantes, cuja lista
final será conhecida nos próximos dias, o que o processo de escuta deve
envolver como instrumento de metanoia, de conversão, o plano de comunicação de
uma assembleia a ser vivida não apenas em sua sede, mas também nos diferentes
pontos a partir dos quais os membros da assembleia estarão conectados.
A Assembleia é uma oportunidade de tornar realidade o
mandato do Vaticano II, onde todos somos chamados a assumir o compromisso de
proclamar o Reino, criando experiências que se tornam a presença do Espírito
Santo, que continua a soprar com força para gerar novos caminhos. Estes novos
caminhos emergem da escuta realizada nas periferias, nas comunidades
amazônicas, em uma escola com crianças, em uma unidade penal ou em comunidades
de toxicômanos em recuperação.
A Vida Religiosa também percorre novos caminhos, e está
muito presente no processo de escuta, está em saída, e quer que a dimensão
sinodal permeie sua vida e seu serviço, tornando os rostos visíveis e
compartilhando espaços concretos.
Não podemos esquecer que na sinodalidade o caminho é a experiência, e que é necessário manter vivo o dinamismo da escuta. É hora de lembrar Aparecida com um olhar agradecido, mas também de olhar para o futuro, para o Evento Guadalupano de 2031 e da Redenção em 2033. Para isso somos chamados a entender que a alegria está mais no caminho do que na meta, que está sempre mudando. Na verdade, a escuta, que deve ser uma atitude permanente na vida da Igreja e não uma metodologia, não está terminada, e a assembleia já começou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário