terça-feira, 12 de outubro de 2021

Dom Ionilton: Nossa Senhora Aparecida “vem no escondimento, de onde não se espera”


Ester não foi egoísta, não pensou somente nela”, afirmava Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira em sua homilia na festa de Nossa Senhora Aparecida. Segundo o bispo de Itacoatiara, “Ester pensou em seu povo”.

A atitude de Ester levou o bispo a pedir que “aprendamos de Ester e pensemos em nós e em nosso povo!”, um povo “ameaçado pela Covid, pela fome, pela violência, pelo tráfico de drogas e de pessoas, pela destruição da Floresta Amazônica, pela contaminação de nossos rios pelo veneno do agronegócio e das mineradoras, por falta de políticas públicas, pela retirada de direitos”.

Comentando a passagem do Evangelho deste dia, o bispo insistiu em que “a Mãe de Jesus estava presente: ela está sempre presente na vida da gente”, descrevendo-a como intercessora, como aquela que “antecipa-se para ajudar, não espera ser solicitada, age preventivamente”.

A única, autêntica e exclusiva mensagem de Nossa Senhora para nós, segundo Dom Ionilton é “Fazei o que Ele vos disser”. Por isso, fez um chamado a que “acolhamos e busquemos colocar em prática este conselho de nossa Mãe Maria”.



Dai o bispo chamou a se perguntar: ”estou fazendo o que Jesus me manda fazer?”, a seguir o exemplo dos  serventes daquela Festa em Caná.

Refletindo sobre Nossa Senhora Aparecida, a imagem encontrada em 1717, no Rio Paraíba, interior de São Paulo, falando de como foi se construindo a devoção em volta dela, Dom Ionilton insistiu em que “a imagem aparece a três pescadores: gente simples, trabalhadores”. Ela aparece no meio da lama, vem no escondimento, de onde não se espera.

Junto com isso, o bispo da Prelazia de Itacoatiara lembrou que “aparece com a cor negra, quando em 1717 existia a escravidão dos negros no Brasil”. Por isso, afirmou que “aparece para ser solidária com o povo negro, explorado, discriminado, comprado e vendido como mercadoria, excluídos”. Daí ele fez um convite a, como devotos de Nossa Senhora Aparecida, sermos solidários.



Solidários “aos negros em geral, aos negros nos quilombos, aos povos indígenas ameaçados em seus territórios e em suas culturas, desempregados, pessoas em situação de rua, crianças abandonadas e vítimas de tráfico humano, mulheres que sofrem violências domésticas, vítimas do trabalho escravo e da exploração sexual, dependentes químicos, os enfermos, os idosos sem apoio da família, as famílias que perderam um membro por causa da Covid, os ribeirinhos afetados pela enchente e esquecidos pelos poderes públicos, os pescadores artesanais prejudicados pelas empresas de pesca e pelo turismo ecológico, os moradores das periferias de nossas vilas e cidades sem nenhuma assistência e apoio, as famílias em crise de relacionamento ou passando dificuldades de manutenção e sobrevivência, vítimas das notícias falsas...”

O desafio é imitar a maneira de ser e agir de Nossa Senhora. Algo que o bispo iluminava com as palavras do Papa Francisco em sua visita ao Santuário de Aparecida, em 2013, onde fez um chamado a conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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