Na Solenidade de
Cristo Rei, aos pés de Maria de Guadalupe, a Igreja da América Latina e do
Caribe se reuniu para a abertura da Assembleia Eclesial da América Latina e do
Caribe. Em uma Eucaristia presidida por Dom Miguel Cabrejos, presidente do
Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), ele disse que os participantes da
Assembleia, mais de mil, incluindo os presentes na Cidade do México e os que
participam virtualmente, estavam lá para dar "graças a Deus por esta nova
experiência de viver, sentir e participar da Igreja".
Em sua homilia, o
Arcebispo de Trujillo disse que a Assembleia Eclesial vem depois de "um
longo caminho percorrido juntos, escutando a todos, sentindo como é belo ser
membro do Corpo Místico de Cristo, protagonistas e corresponsáveis pela evangelização
como discípulos missionários". Ele pediu a Deus "que abra nossos
corações para nos deixar guiar em espírito de escuta, sinodalidade e unidade
eclesial, e para descobrir o que Ele quer nos dizer como o povo de Deus a
caminho".
Chamando a todos a
fazer a vontade de Deus, ele disse que "a verdadeira grandeza está em nos
deixarmos iluminar pela Luz da Verdade, em descobrir a ação de Deus na
história, em aderir o projeto de Jesus Cristo e em ter a verdade como norma
suprema de comportamento". O prelado peruano comparou esta Assembleia com
a Conferência de Medellín, que ele definiu como "a 'recepção criativa' do
Concílio Vaticano II, em um contexto marcado pela pobreza e exclusão". Da
mesma forma, ele disse que via esta Assembleia Eclesial como um momento "para
'reviver Aparecida', que reafirmou a renovação do Concílio, e procura
contribuir para uma 'segunda recepção' do Vaticano II no novo contexto em que
vivemos".
Segundo Dom Miguel
Cabrejos, é uma Assembleia histórica, "porque, em vez de realizar a VI
Conferência Geral dos Bispos, o Papa Francisco propôs esta Assembleia Eclesial,
composta por representantes de todo o Povo de Deus". Estamos testemunhando
"a passagem de uma assembleia na qual apenas bispos participaram para uma
assembleia plenamente eclesial", insistiu o presidente do Celam.
O arcebispo
peruano destacou que na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe,
"estamos unidos na diversidade de ministérios e carismas". Juntamente
com isto, "inaugura um novo organismo sinodal em nível continental, que
coloca a colegialidade episcopal no coração da sinodalidade eclesial, expressão
do vínculo entre o Bispo e o Povo de Deus em sua Igreja local, e da concepção
da Igreja universal como uma ‘Igreja das Igrejas locais’, presidida em unidade
pelo Bispo da Igreja de Roma, com Pedro e sob Pedro".
É um novo
Pentecostes, no qual também está presente "Nossa Mãe, Maria de Tepeyac,
que representa todas as invocações que sustentam a vida e a identidade de
nossos povos da América Latina e do Caribe". Ele invocou "sua fiel e
poderosa intercessão, para que ela nos mostre o rosto e o olhar de Cristo neste
tempo de encontro físico e virtual".
Ele também pediu a
Maria de Guadalupe "para nos mostrar o caminho que Deus deseja para sua
Igreja em nossa região", e a docilidade "para assumir um processo de
conversão permanente, em comunhão com o Concílio Vaticano II e o Papa
Francisco, no caminho para o Sínodo sobre a Sinodalidade, e o que as exigências
pastorais significam para o Jubileu do evento Guadalupano (2031) e o da
Redenção (2033)". Ele lhe ofereceu o caminho percorrido desde Aparecida,
que, recordando as palavras do Papa Francisco, "ainda tem muito a
oferecer".
Dom Miguel Cabrejos
disse que queria, "na difícil unidade na diversidade, responder e
acompanhar todo o povo de Deus em uma hora profundamente complexa e
difícil", insistindo em não esquecer que, nos vulneráveis, "Cristo
continua a ser crucificado neles".
À luz do Evangelho
do dia, ele denunciou a ruptura da comunhão e da fraternidade, que está
presente "na desigualdade; na violência generalizada; nos falsos
testemunhos de líderes que abandonam o sentido do serviço de suas
responsabilidades; na crise sem precedentes de nossa casa comum, onde os
favoritos do Senhor são os mais afetados". Além disso, ele se sentiu
desafiado pela dor das mulheres, "que sofreram abuso ou exclusão
sistemática", bem como pelos migrantes, que muitas vezes são rejeitados.
Para a Assembleia
que começa, o presidente do Celam pediu "o dom da escuta, aquilo que nos
leva a deixar nossas posições particulares reduzidas e nos aproxima de nossos
irmãos e irmãs para buscar a Deus em comum e em comunhão". Ele também
pediu para seguir o exemplo de São João Diego, "para abrir nossos corações
à interculturalidade, sem medo ou dúvida".
Que o Deus da vida e esperança iluminem todos participantes desta assembleia eclesial. Maria mãe da Igreja tornai fecunda este momento de escuta da Palavra
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