quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Dom Walmor: “A indiferença em relação aos pobres é um veneno que adoece a alma humana”


A V Jornada Mundial dos Pobres, que será celebrada no dia 14 de novembro, tem sido o tema de reflexão do Seminário da Jornada Mundial dos Pobres, organizado pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A Igreja do Brasil escolheu como tema da Jornada, “Sentes Compaixão?”, e como lema “Sempre tereis pobres entre vós”, fazendo um chamado a entender a urgência de diminuir a desigualdade.

O presidente da CNBB se referiu à Jornada Mundial dos Pobres como “oportunidade para capacitar o nosso coração, reconhecendo a presença dos pobres entre nós, em cenários que nos envergonham e nos apontam um longo caminho para fazer valer a fraternidade universal”. Segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, “a indiferença em relação aos pobres é um veneno que adoece a alma humana”.

O arcebispo de Belo Horizonte (MG) fez um chamado a reconhecer nos pobres a presença do irmão, a contribuir com políticas públicas que favoreçam a superação com urgência de tantos e vergonhosos cenários de exclusão e desigualdade social, a buscar respostas para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, a partilhar o sofrimento de cada pobre, com muita empatia e solidariedade, a partilhar e não se conformar com dar esmolas.



Frei Luiz Carlos Susin refletiu sobre a pobreza desde a constatação da pobreza real e a resposta adequada para isso. Segundo o religioso, diante da naturalização da pobreza, se faz necessário entender a pobreza como produção de uma sociedade, como algo social, que forma parte da história da sociedade. Diante disso a sociedade é desafiada a resolver os desequilíbrios que provocam a pobreza, algo que algumas sociedades faziam, colocando como exemplo o Ano Jubilar em Israel.

Segundo o frade capuchinho, “precisamos de sentimentos, precisamos acessar o sofrimento dos pobres, expondo-nos a nós mesmos a este sofrimento”. Esse sentimento, conhecido como compaixão, ele se perguntou se é um sentimento realmente universal, uma questão que surge diante da “indiferença cruel que não se sensibiliza”, presente nas pessoas.

A compaixão, segundo o religioso, “a gente aprende não com a racionalidade e sim com a sensibilidade, a gente aprende não com a cabeça, a gente aprende se expondo aos outros, em exercícios que são um processo de iniciação”. De fato, “a compaixão, a hospitalidade, a generosidade, são a alma de toda religião. Uma religião que não tivesse essa alma, seria vã, e seria possivelmente uma ideologia de tipo escapatória”. O religioso refletia sobre a capacidade de fazer renúncias, de entender a compaixão como sentimento que nos une, como ato de liberdade.



A Irmã Maria Inês Ribeiro viu o Seminário como oportunidade para “fazer crescer em nós essa sensibilidade e essa compaixão”. A presidenta da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), refletia sobre Evangelii Gaudium, onde aparece o esforço do Papa Francisco para “retomar o Vaticano II e dar um novo rumo à Igreja, mostrar o caminho para nós, cristãos e cristãs, do Evangelho”.

A religiosa refletiu sobre a importância da economia solidária, da agroecologia, da união das pessoas, a sensibilidade e a partilha, da acolhida. Ela mostrou sua alegria diante da solidariedade e trabalho concreto em favor dos pobres, experiências que foram apresentadas ao longo do Seminário. Nessas realidades, a palavra mais forte, segundo a presidenta da CRB, é o acolhimento, destacando cinco verbos que o Papa Francisco coloca na Evangelii Gaudium: primerear, envolver-se, acompanhar, frutificar e celebrar.

Finalmente, a irmã Maria Inês abençoava o Papa Francisco porque proclamou a Jornada Mundial dos Pobres, “para nos sensibilizar cada vez mais, para que cresçamos na compaixão, e possamos não só celebrarmos, mas partilharmos concretamente com os nossos irmãos, porque não é só dar, mas é solidarizar-se, escutar e envolver-se”.  



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Um comentário:

  1. Concordo. Se não nos sentirmos compaixão dos outros, como podemos esperar que outros tenham de nós. Afinal todos somos pobres de algumas coisas.

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