6 de janeiro é a festa dos Santos Reis, fazendo memória daqueles Magos do Oriente que seguindo a estrela chegaram em Belém e ofereceram seus presentes ao Menino Deus. Deixaram tudo para seguir aquele sinal e chegar para adorar aquele que seus conterrâneos tinham ignorado.
Se alguém perguntasse para nós o que ofereceríamos
como presente ao Menino Deus, com certeza muitos de nós encheríamos a boca
falando sobre muitas coisas boas, dizendo que a gente ama muito a Deus e a
Jesus. Diante disso, penso nas palavras da Primeira Carta de João, “Se alguém
disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não
ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê”.
O desejo de oferecer ao Menino Deus tem que nos levar
a sentir a necessidade de oferecer à sociedade da qual a gente faz parte, onde
Ele continua se encarnando hoje, de oferecer aos mais pobres e vulneráveis,
imagem daquele que nasceu no presépio, na periferia, no meio dos excluídos. A
religião nunca pode ser um instrumento para se evadir da realidade concreta que
faz parte da nossa vida, e sim um motivo para enxergar e nos comprometer com
aqueles que são presença do Deus encarnado no meio de nós.
O que a sociedade brasileira precisa de nós neste
momento da história? Uma pergunta que deve ser respondida por cada um e cada
uma de nós, pessoalmente, mas também uma pergunta que deve ser respondida como
Igreja, como sociedade. Somos chamados a construir um mundo melhor para todos e
todas a partir daquilo que a gente tem de melhor, sem guardar para nós as
nossas capacidades.
O individualismo, o ódio ao diferente, a falta de
empatia com aqueles que sofrem, atitudes cada vez mais presentes na sociedade,
também no Brasil, devem ser enfrentados como comunidade que se preocupa com um
futuro cheio de incertezas. Para isso é imprescindível o envolvimento por
completo de todos e todas. Não é suficiente nos envolvermos pela metade,
guardarmos para nós uma parte daquilo que a gente pode e deve dar.
A sociedade precisa de pessoas comprometidas com o bem
comum, com mudanças sociais cada vez mais urgentes e necessárias, com elementos
que façam possível superar desigualdades históricas que favorecem situações que
provocam situações que nos afastam e nos enfrentam. Mas para isso devemos
colocar ao dispor dos outros o que temos de mais precioso, nossa solidariedade,
nosso compromisso com os pobres, com os vulneráveis, com as vítimas de todo
tipo de violência, nosso compromisso com a democracia e a defesa dos direitos
humanos.
Fico pensando aqui, como pode uma sociedade ser o próprio carrasco de si mesma...
ResponderExcluiratos egoístas que segregam e destroem são na verdade uma faca de dois gumes. Porque fazemos parte do todo. E se um irmão sofre a miséria, por exemplo, a miséria é minha também.
Ninguém está imune às consequências de más ações de uns e de outros. Os reis magos deram o melhor de si, entenderam o sinal e se ajoelharam. Como doamos? Com soberba ou nos ajoelhando? Doando o nosso melhor ou as sobras? Quisera eu aprender as lições dos reis magos.