quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Deputado Zé Ricardo analisa conjuntura brasileira e suas graves crises com os bispos do Regional Norte1


A conjuntura brasileira, hoje, é de graves crises simultâneas como a da economia, política, social, sanitária, judiciária, ambiental”. Assim começava o Deputado Federal José Ricardo Wendling sua análise de conjuntura para os bispos do Regional Norte 1, que nos dias 2 e 3 de fevereiro se encontraram na Maromba da Manaus para sua primeira reunião de 2022.

Estamos diante de uma realidade que em seu conjunto está “produzindo efeitos bastante negativos para a vida do povo brasileiro como por exemplo a volta da fome”, segundo Zé Ricardo. Para sustentar essas afirmações analisou a realidade brasileira desde diferentes perspectivas.

No campo da economia apresentou a alta do desemprego, que atinge a 12 milhões de pessoas, a inflação acima de 10%, algo que repercute no aumento no preço dos alimentos, do combustível, do gás de cozinha, da energia, da água, com aumento do preço do dólar, já próximos dos R$ 6,00, da taxa de juros e que tem como consequência a queda do PIB, com uma previsão de aumento para 2022 de só 0,3 %.

 


Outro elemento preocupante é a situação da saúde, que no Brasil provocou 630 mil mortes pela Covid-19, quase 14 mil no Estado do Amazonas, uma região que sofreu com a crise do oxigênio, a demora na compra das vacinas, a negação da ciência, as tentativas de privatização do SUS. Nesse ponto, o Deputado Federal mais votado na última eleição no Estado do Amazonas, insistiu em que vacinas salvam vidas.

O deputado colocou o atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, no centro da crise política. Alguém que tem incentivado um discurso de ódio, com mais de 130 pedidos de impeachment, promotor de contínuos ataques a democracia, as instituições (Congresso, STF e MP), e a Constituição. Isso tem provocado uma criminalização da política, segundo Zé Ricardo, que falava sobre as influencias religiosas neopentecostais na conjuntura política e a tentativa de tumultuar as eleições de 2022, seguindo exemplo de Trump nos Estados Unidos.

Nos últimos anos, o povo brasileiro sofreu a retirada de direitos, com a reforma trabalhista e da previdência, a terceirização dos serviços públicos, as privatizações, o fim dos programas sociais, das demarcações de terras indígenas, ameaçadas pela expansão do garimpo, o aumento da violência no campo. O Brasil voltou de novo ao mapa da fome, hoje 116 milhões de brasileiros sofrem de insegurança alimentar e 19 milhões passam fome, números que aumentam no estado do Amazonas. Uma situação que deve piorar diante das políticas de Combate a Fome do Governo Federal.

 


A comunicação está determinada pelas Fake News, se dando um enfraquecimento de canais populares de comunicação, das Rádios Comunitárias, com a maioria dos veículos de comunicação atrelados à prefeitura e Governo, segundo o deputado. Ele apresentou as pautas do Congresso para 2022, marcadas pelos combustíveis, os Jogos de azar, que nesta semana a CNBB mostrou uma postura claramente contrária, o piso salarial da enfermagem, licenciamento ambiental, flexibilizando a legislação, a reforma tributária e administrativa, a educação domiciliar, privatização dos correios, redução da idade mínima para trabalhar de 16 a 14 anos, a prisão em segunda instância, entre outros.

Ao falar sobre o orçamento, Zé Ricardo afirmou que é controlado pelo Centrão. O deputado refletiu sobre a política ambiental e suas graves consequências, sobretudo a crise hídrica, consequência do desmatamento da Amazônia e do aumento do consumo de água pelo agronegócio e a mineração. Também abordou a questão da judicialização da política e da militarização das instituições, o que coloca em risco a democracia.

O deputado apresentou os principais problemas do país segundo a pesquisa Datafolha, sendo a saúde e o desemprego as principais preocupações da população. Também refletiu sobre a realidade económica no Estado do Amazonas e a política partidária, explicando algumas novidades de cara às próximas eleições, sobretudo o que se conhece como federações de partidos, apresentando algumas possibilidades e as novas regras eleitorais. Partindo disso analisou as previsões para as eleições de outubro em nível nacional e estadual, mostrando os possíveis candidatos e as possibilidades reais de serem eleitos.

Tudo isso foi debatido entre os presentes, refletindo desde a realidade local de cada uma das dioceses, que foi partilhada pelos bispos do Regional Norte 1 da CNBB. Não podemos esquecer a necessidade de um compromisso político como cristãos, uma questão abordada pelo Papa Francisco na encíclica Fratelli tutti, onde fala da melhor política. A partir dai os bispos devem se pronunciar nos próximos meses, oferecendo critérios para os católicos e para as pessoas de boa vontade em vista de umas eleições que podem ter uma importância decisiva no futuro do país.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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