quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Estar no meio do povo, requisito necessário para ser Igreja que evangeliza


No último sábado 12 de fevereiro, Querida Amazônia, a exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia completou dois anos, uma boa oportunidade para refletir sobre os desafios que esse momento histórico na vida da Igreja da Amazônia, mas também na vida da Igreja universal, nos deixou.

O texto do Papa Francisco tem ajudado a ir marcando o caminho a seguir, uma Igreja que escuta, que se faz presente no meio do povo, que abre espaços para que o povo possa dizer como deveríamos caminhar como Igreja católica e os passos a serem dados nos diferentes âmbitos que fazem parte da vida da nossa Igreja.

Querida Amazônia nos invita a sonhar, a olhar em frente, a entrar em um caminho de conversão que faça possível responder aos anseios do povo, especialmente daqueles que surcam os rios da Amazônia, que se aglomeram nas periferias de cidades onde os direitos dos mais pobres não são respeitados, que lutam por direitos que a Constituição garante para os povos indígenas e comunidades tradicionais, que são deixados de lado pela sociedade, e muitas vezes, infelizmente, também pela Igreja.



É por isso que estarmos presente como Igreja nas comunidades da periferia, nas comunidades indígenas, nas comunidades ribeirinhas, deve ser um esforço cada vez maior, uma reflexão que Dom Leonardo Steiner fazia recentemente. Segundo o arcebispo de Manaus, “as comunidades deveriam perceber que pertencem à Igreja, à Arquidiocese. Um elemento importante é que elas sintam que a Arquidiocese está com elas; elas são Igreja, Arquidiocese, e não tenham a percepção de que foram abandonadas. Estar com elas! ajudar e apoiar na criação e organização de novas comunidades. Elas percebam a solidariedade entre todas as comunidades”.

Os questionamentos de Dom Leonardo devem nos levar a olhar a realidade de um modo diferente, a nos fazermos presentes na atenção e no diálogo, mas também a descobrir as riquezas que encerram, levando em consideração tudo o que faz parte da sua vida, descobrindo que “tudo deveria ser transformado pela força do Evangelho”, segundo nos lembra o arcebispo de Manaus.

A presença nas comunidades, mesmo limitada, é sempre motivo de felicidade para um povo que acolhe de coração e sente-se contemplado com essas visitas que alegram a caminhada das comunidades. Mesmo diante das dificuldades motivadas pelas distâncias, o custo e uma agenda cheia de compromissos, essa presença, esse estar no meio do povo, se faz requisito necessário para ser Igreja que evangeliza.

Sonhar nos leva a encontrar forças para descobrir caminhos que nos ajudam a superar dificuldades, a deixar para trás obstáculos que pareciam insuperáveis. Sonhemos com uma Igreja mais presente, mais companheira de caminho, mais preocupada em construir juntos, mesmo que devagar, aquilo que pode ajudar a fazer carne o Evangelho da Vida. Ver o sorriso com que aqueles que sempre ficaram do lado de fora da história recebem a gente é algo que faz esquecer as dificuldades que a gente enfrenta para chegar até lá.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 - Editorial Rádio Rio Mar

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