No último sábado 12 de fevereiro, Querida Amazônia, a
exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia completou dois anos, uma boa
oportunidade para refletir sobre os desafios que esse momento histórico na vida
da Igreja da Amazônia, mas também na vida da Igreja universal, nos deixou.
O texto do Papa Francisco tem ajudado a ir marcando o
caminho a seguir, uma Igreja que escuta, que se faz presente no meio do povo,
que abre espaços para que o povo possa dizer como deveríamos caminhar como
Igreja católica e os passos a serem dados nos diferentes âmbitos que fazem
parte da vida da nossa Igreja.
Querida Amazônia nos invita a sonhar, a olhar em
frente, a entrar em um caminho de conversão que faça possível responder aos
anseios do povo, especialmente daqueles que surcam os rios da Amazônia, que se
aglomeram nas periferias de cidades onde os direitos dos mais pobres não são
respeitados, que lutam por direitos que a Constituição garante para os povos
indígenas e comunidades tradicionais, que são deixados de lado pela sociedade,
e muitas vezes, infelizmente, também pela Igreja.
É por isso que estarmos presente como Igreja nas
comunidades da periferia, nas comunidades indígenas, nas comunidades
ribeirinhas, deve ser um esforço cada vez maior, uma reflexão que Dom Leonardo
Steiner fazia recentemente. Segundo o arcebispo de Manaus, “as comunidades
deveriam perceber que pertencem à Igreja, à Arquidiocese. Um elemento
importante é que elas sintam que a Arquidiocese está com elas; elas são Igreja,
Arquidiocese, e não tenham a percepção de que foram abandonadas. Estar com
elas! ajudar e apoiar na criação e organização de novas comunidades. Elas
percebam a solidariedade entre todas as comunidades”.
Os questionamentos de Dom Leonardo devem nos levar a
olhar a realidade de um modo diferente, a nos fazermos presentes na atenção e
no diálogo, mas também a descobrir as riquezas que encerram, levando em
consideração tudo o que faz parte da sua vida, descobrindo que “tudo deveria
ser transformado pela força do Evangelho”, segundo nos lembra o arcebispo de
Manaus.
A presença nas comunidades, mesmo limitada, é sempre
motivo de felicidade para um povo que acolhe de coração e sente-se contemplado
com essas visitas que alegram a caminhada das comunidades. Mesmo diante das
dificuldades motivadas pelas distâncias, o custo e uma agenda cheia de
compromissos, essa presença, esse estar no meio do povo, se faz requisito
necessário para ser Igreja que evangeliza.
Sonhar nos leva a encontrar forças para descobrir
caminhos que nos ajudam a superar dificuldades, a deixar para trás obstáculos
que pareciam insuperáveis. Sonhemos com uma Igreja mais presente, mais
companheira de caminho, mais preocupada em construir juntos, mesmo que devagar,
aquilo que pode ajudar a fazer carne o Evangelho da Vida. Ver o sorriso com que
aqueles que sempre ficaram do lado de fora da história recebem a gente é algo
que faz esquecer as dificuldades que a gente enfrenta para chegar até lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário