Na semana em que a Igreja católica comemora o Dia da
Vida Consagrada, a gente gostaria de reconhecer sua importância na Igreja, mas
especialmente na Igreja da Amazônia. Sem deixar de reconhecer o trabalho
missionário da Vida Religiosa masculina, gostaria de refletir sobre a missão da
Vida Religiosa feminina na Amazônia, tantas mulheres que assumem as palavras de
outro religioso, o padre Cláudio Perani: “estar onde, com e como ninguém quer
estar”.
A gente pensa em rostos concretos, em mulheres que a
gente conhece, companheiras de caminhada em tantos lugares e missões que a
Igreja tem nos confiado. Lembro da primeira coletiva de imprensa do Sínodo para
a Amazônia, onde se tornou manchete em muitos meios de comunicação, inclusive
não religiosos, uma dessas religiosas identificadas com a vida da Amazônia e de
seus povos.
O que a irmã Alba Teresa Cediel Castillo, religiosa das
Missionárias da Madre Laura, disse foi algo que relatava a vida de muitas
religiosas que doam sua vida na Amazônia. Na Sala Stampa, na frente de dezenas
de jornalistas, falou sem medo aquilo que faz parte da sua vida como
missionária, afirmando que ela e suas irmãs batizam, são testemunhas do amor
quando alguém quer casar e inclusive escutam confissão, mesmo sem dar a
absolução, mas sabendo que a misericórdia de Deus se faz presente através
delas.
São mulheres que são presença constante, gratuita, que
cuidam da vida, que acompanham as dores e as alegrias do povo, que escutam e
tem a palavra, ou simplesmente o gesto, diante da necessidade do povo. Nelas se
faz presente o rosto amoroso do Deus que é Mãe, que carrega no colo aquele que
machucado espera da Igreja um gesto de compaixão e de carinho.
Aos poucos, a Igreja católica vai dando passos no
reconhecimento do papel da mulher, que vai assumindo seu lugar nos espaços de
decisão. Sabemos que ainda deve se avançar nesse sentido, mas ao mesmo tempo é
justo reconhecer o processo iniciado nos últimos anos, fazendo mais institucional
o rosto feminino da Igreja, algo presente desde as primeiras comunidades
cristãs. Não podemos esquecer que a mulher sempre foi presença constante e
determinante na vida da Igreja católica.
O desafio que a Igreja enfrenta, na medida em que quer
ser uma Igreja sinodal, é aprender a caminhar juntos, a viver a comunhão na
missão, desde a diversidade de vocações e ministérios. Nessa vivência da
sinodalidade, a Vida Consagrada feminina está chamada a fomentar aquilo que
possa ajudar a Igreja a construir um futuro sustentado em relações diferentes,
mais fraternas, mais parecidas com aquilo que Deus espera de quem diz acreditar
nele.
Numa terra marcada pela diversidade de povos e
culturas, de espécies animais e vegetais, de dores, alegrias e esperanças,
descubramos juntos aquilo que Deus espera de nós. É na diversidade que a gente
se enriquece e cresce, se faz mais humano, mas também assume parte da divindade
daquele que tem a capacidade de se doar por completo, de dar vida, aquela mesma
vida que surge do seio maternal da mulher.
As mulheres...são elas que, em diferentes ministérios, mostram o rosto materno de Deus. Em boa hora a Igreja dá um protagonismo a elas, tirando-as da sombra e da subalternidade masculina.
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