quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Vida Religiosa feminina na Amazônia: rosto amoroso do Deus Mãe

 


Na semana em que a Igreja católica comemora o Dia da Vida Consagrada, a gente gostaria de reconhecer sua importância na Igreja, mas especialmente na Igreja da Amazônia. Sem deixar de reconhecer o trabalho missionário da Vida Religiosa masculina, gostaria de refletir sobre a missão da Vida Religiosa feminina na Amazônia, tantas mulheres que assumem as palavras de outro religioso, o padre Cláudio Perani: “estar onde, com e como ninguém quer estar”.

A gente pensa em rostos concretos, em mulheres que a gente conhece, companheiras de caminhada em tantos lugares e missões que a Igreja tem nos confiado. Lembro da primeira coletiva de imprensa do Sínodo para a Amazônia, onde se tornou manchete em muitos meios de comunicação, inclusive não religiosos, uma dessas religiosas identificadas com a vida da Amazônia e de seus povos.

O que a irmã Alba Teresa Cediel Castillo, religiosa das Missionárias da Madre Laura, disse foi algo que relatava a vida de muitas religiosas que doam sua vida na Amazônia. Na Sala Stampa, na frente de dezenas de jornalistas, falou sem medo aquilo que faz parte da sua vida como missionária, afirmando que ela e suas irmãs batizam, são testemunhas do amor quando alguém quer casar e inclusive escutam confissão, mesmo sem dar a absolução, mas sabendo que a misericórdia de Deus se faz presente através delas.



São mulheres que são presença constante, gratuita, que cuidam da vida, que acompanham as dores e as alegrias do povo, que escutam e tem a palavra, ou simplesmente o gesto, diante da necessidade do povo. Nelas se faz presente o rosto amoroso do Deus que é Mãe, que carrega no colo aquele que machucado espera da Igreja um gesto de compaixão e de carinho.

Aos poucos, a Igreja católica vai dando passos no reconhecimento do papel da mulher, que vai assumindo seu lugar nos espaços de decisão. Sabemos que ainda deve se avançar nesse sentido, mas ao mesmo tempo é justo reconhecer o processo iniciado nos últimos anos, fazendo mais institucional o rosto feminino da Igreja, algo presente desde as primeiras comunidades cristãs. Não podemos esquecer que a mulher sempre foi presença constante e determinante na vida da Igreja católica.

O desafio que a Igreja enfrenta, na medida em que quer ser uma Igreja sinodal, é aprender a caminhar juntos, a viver a comunhão na missão, desde a diversidade de vocações e ministérios. Nessa vivência da sinodalidade, a Vida Consagrada feminina está chamada a fomentar aquilo que possa ajudar a Igreja a construir um futuro sustentado em relações diferentes, mais fraternas, mais parecidas com aquilo que Deus espera de quem diz acreditar nele.

Numa terra marcada pela diversidade de povos e culturas, de espécies animais e vegetais, de dores, alegrias e esperanças, descubramos juntos aquilo que Deus espera de nós. É na diversidade que a gente se enriquece e cresce, se faz mais humano, mas também assume parte da divindade daquele que tem a capacidade de se doar por completo, de dar vida, aquela mesma vida que surge do seio maternal da mulher.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 - Editorial Rádio RioMar

Um comentário:

  1. As mulheres...são elas que, em diferentes ministérios, mostram o rosto materno de Deus. Em boa hora a Igreja dá um protagonismo a elas, tirando-as da sombra e da subalternidade masculina.

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