Existem palavras que
deveriam ser mais do que conceitos para passar a ser atitudes, formas de vida,
de enfrentar o dia-a-dia. Uma delas é conversão, algo que deveria ser assumido
por todos os seres humano, mas que nunca pode ser deixado de lado por quem se
diz cristão.
Na Igreja católica
estamos vivendo o tempo da Quaresma, uma ocasião propicia para mudar de vida.
Existe uma música, habitual em muitas celebrações durante o tempo da Quaresma,
cuja letra diz: “Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação, ao Pai
voltemos, juntos andemos, eis o tempo de conversão”. Mas a gente se pergunta
até que ponto isso se torna realidade na vida das pessoas.
A conversão é um desafio
pessoal, mas também social e eclesial. Uma pessoa que não se preocupa com mudar
de vida está condenada a ficar reduzida a uma pequena expressão daquilo que ela
pode chegar a ser. A conversão nos faz crescer, nos ajuda a colocar nossa vida
ao serviço daquilo que ajuda a ser presença de Deus na vida dos outros e assim
fazer realidade um mundo melhor para todos e todas.
A mesma coisa podemos
dizer da sociedade e da Igreja. A conversão é caminho para uma sociedade e uma
Igreja plenificadas, cheias de vida, cheias de sentimentos que geram atitudes
positivas. A conversão faz com que as relações melhorem e a vida seja
enfrentada desde atitudes novas.
Nos últimos dias da
Quaresma, aqueles que têm fé devem se questionar o que tem representado este
tempo em sua vida. Diante das situações que cada um está vivendo, mas também
diante daquilo que acontece no mundo, no Brasil, em volta de cada um, como cada
um viveu este tempo de conversão, em que tem melhorado, ou no mínimo em que tem
descoberto que tem que melhorar.
Ainda estamos diante da
oportunidade de parar e pensar, de nos perguntarmos em relação com a nossa vida
pessoal, mas também sobre a sociedade da qual a gente faz parte, e sobre a
comunidade eclesial onde a gente vive a fé. A crueldade do ser humano, algo que
mais uma vez está sendo manchete nos jornais diante do que está acontecendo na
Ucrânia, aqueles que se aproveitam da religião para conseguir fazer realidade
desejos pessoais, a educação cada vez mais distante daquilo que deveria ser,
são algumas das coisas a termos em conta.
De nada adianta falar de
conversão, inclusive seguir os ritos próprios da Quaresma, se isso não nos leva
a mudar de atitude, a viver de um modo diferente. Conversão é atitude, e nunca
pode se reduzir a um conceito que a gente pronuncia, mas não vive e não assume
como modo de vida.
As pessoas se convertem
quando vivem a conversão e não quando simplesmente falam de conversão. Se a
gente não assume uma mudança de vida, não se converte; se a gente não se deixa
transformar em suas relações com Deus e com os outros, não se converte; se a
gente não olha os outros com sentimentos de amor e misericórdia, não se
converte. Por isso, é bom se perguntar: será que estou no caminho da conversão?
Será que a Quaresma tem me ajudado a dar algum passo nesse sentido?
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