Pedindo à Virgem e Mãe Maria: “Dai-nos a santa ousadia de
buscar novos caminhos para que chegue a todos o dom da beleza que não se apaga”,
começava Dom Leonardo Steiner a análise de conjuntura eclesial no IV Encontro
da Igreja católica na Amazônia Legal que acontece em Santarém de 6 a 9 de junho.
Análise de conjuntura que o Arcebispo de Manaus definiu como
“a tentativa de visualizar a dinâmica do acontecer eclesial”. Fazer isso,
tentando “visibilizar o Povo de Deus que está a caminho”, tendo como base o
Documento de Santarém e Querida Amazônia, provocando os presentes a participar
desse momento e assim tentar “nos situarmos como o fizeram os irmãos há 50 anos”.
Isso em uma Igreja que existe para evangelizar, lembrando as
palavras do Papa Bento XVI, uma ideia presente em um Documento que busca
evangelizar melhor, segundo o Arcebispo. Analisando o Documento de Santarém
partiu das linhas prioritárias: Encarnação na realidade e Evangelização
libertadora, que definiu como “o horizonte a partir do qual se busca
evangelização e o modo da evangelização”. Para bem evangelizar se faz necessária
a formação do Povo de Deus, buscando comunidades vivas, algo que se concretizou
depois de Santarém nas comunidades cristãs de base, na tentativa de descentralizar
e ser fermento e ser comunidades mais amazônidas.
Santarém mudou a relação da evangelização com os povos
indígenas, lembrou o Arcebispo de Manaus, assim como as problemáticas que iam
surgindo. O Documento também destacou a necessidade de formar os missionários e
missionárias para a realidade local, e dos Institutos de Pastoral. Daí Dom
Leonardo se perguntou: “Como estamos hoje como Igreja na Amazônia?”, chamando a
uma maior encarnação, uma maior formação dos leigos e acompanhamento dos
missionários que chegam. Ser presença entre os povos indígenas sem proselitismo,
levando em consideração sua cultura. Se fazer presente nas comunidades da
periferia, posicionar-se diante do agronegócio e o garimpo.
Em relação com Querida Amazônia insistiu em que os sonhos
são dimensões de uma única realidade, de um todo, um chamado à Igreja a ser
presença em cada uma das realidades, a inculturar cada uma das realidades,
chamando a ir ao encontro para descobrir o que é mais significativo. Dom
Leonardo insistiu na necessidade de aprofundar na Palavra, nos Documentos da
Igreja, na presença estável de responsáveis leigos, grupos missionários
itinerantes, vida religiosa feminina.
Daí chamou a ser crísticos, a descobrir a importância dos
ministérios laicais, que garantem a estabilidade, maior protagonismo das
mulheres, das comunidades de base, de formar cristãos comprometidos com a sua
fé, maior presença e cuidado nas comunidades urbanas periféricas. Dom Leonardo
destacou que as igrejas da Amazônia são pobres, onde seus agentes vivem de modo
simples, chamando a uma ajuda maior entre as igrejas da região.
Muito,muito bom este momento no qual a nossa igreja se reúne, bispos, padres, religiosos e leigos, pra celebrar a memória dos 50 anos do documento pastoral de Santarém e também lançar um olhar crítico, mas carinhoso, esperançoso sobre a nossa Amazônia. Que mãe Maria possa interceder por nossa igreja missionária e peregrina na busca dos caminhos do Senhor Jesus. Em nome dos mártires da Amazônia que deram suas vidas em defesa deste chão sagrado, o Senhir nos abençoe e guarde.
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