sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O Papa Francisco acolhe com empatia os novos Estatutos da Conferência Eclesial da Amazónia


Na manhã de sexta-feira, 2 de setembro, o Papa Francisco recebeu a Presidência da Conferência Eclesial da Amazónia (CEAMA). O objetivo da reunião foi o de lhe apresentar os novos estatutos modificados que explicitam a identidade eclesial e amazónica da CEAMA.

Uma audiência que o Cardeal Pedro Barreto definiu como "uma experiência de grande empatia com o Sumo Pontífice. Empatia porque vimos claramente que ele aceitou este processo sinodal que levou à Conferência Eclesial da Amazónia". O Santo Padre e a CEAMA viveram desde o início uma grande comunhão, como o seu presidente assinala.

Os novos estatutos baseiam-se, sublinha o cardeal peruano, "na orientação do Vaticano II, especialmente na sua eclesiologia do Povo de Deus com a Constituição Dogmática Lumen Gentium, e os novos estatutos também assumem a missão da Igreja que o Vaticano II inclui na Constituição Pastoral Gaudium et Spes". O Cardeal Barreto sublinha também que "de uma forma muito particular, os estatutos incorporam o Documento Final do Sínodo para a Amazónia e a exortação apostólica Querida Amazónia, em que o Papa Francisco assume o Documento Final".



O presidente da CEAMA destaca "a sabedoria do Santo Padre, que vem de um profundo discernimento que ele experimentou como Bispo de Roma e que ele nos transmite, encorajando-nos a viver uma experiência sem precedentes, mas que ele confirmou: a criação pública, canónica e jurídica desta Conferência Eclesiástica da Amazônia, motivo de alegria perante uma realidade irreversível na história da Igreja, por ser a primeira Conferência Eclesiástica de uma região, um bioma com uma grande biodiversidade e uma grande diversidade cultural, que, como diz o próprio Papa Francisco, são os guardiões da natureza".

Finalmente, o Cardeal Barreto quis reafirmar que "o Papa Francisco, com uma lucidez impressionante aos 85 anos de idade, e que está a viver a experiência de um processo sinodal que está em curso e que é definitivamente um sinal de esperança para a Igreja universal". A partir daí vê este momento como algo muito importante, sublinhando que é motivo de "muita alegria, muita esperança porque a CEAMA é uma realidade na vida da Igreja e da missão evangelizadora na Amazónia".

Os estatutos, como o Papa Francisco salientou, podem não ser perfeitos, dada a novidade da CEAMA e o seu sentido eclesial, mas não pode haver razão para se preocupar em cometer erros, porque o importante é "avançar, como uma planta que temos de regar", disse o Padre Alfredo Ferro, SJ.

Durante a audiência, o Papa Francisco foi informado sobre diferentes aspectos. Dom Eugenio Coter, falou-lhe sobre o encontro realizado com o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sobre o Rito Amazónico, que teve lugar a 1 de setembro.



Pela sua parte, o secretário executivo falou-lhe do trabalho dos núcleos em que a CEAMA está dividida: pastoral intercultural, formação, ministério da mulher. Segundo o Padre Ferro, o Papa salientou a importância de se avançar na questão do ministério das mulheres, reconhecendo a sua liderança e apelando a uma reflexão teológica muito mais profunda sobre este ministério.

Do mesmo modo, o Santo Padre foi informado por Mauricio López sobre o progresso do programa universitário amazónico, uma universidade desde a Amazónia, desde os territórios, desde as proposta das comunidades e das necessidades concretas. Neste sentido, foi-lhe falado da inauguração da Cátedra Cardeal Claudio Hummes, que teve lugar na semana passada em Quito durante uma reunião em que se discutiu a Universidade Amazónica.

A figura do Cardeal Hummes esteve muito presente no diálogo com o Papa, de acordo com Alfredo Ferro. Quanto àquele que foi o primeiro presidente da CEAMA, o Papa Francisco recordou que durante a sua visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude em 2013, o Cardeal Hummes fez-lhe ver que a América Latina não poderia ser compreendida sem a Amazónia e o planeta não poderia ser compreendido sem a Amazónia, algo que ressoava com o Papa.

Uma audiência na qual o Papa Francisco recebeu vários presentes, incluindo uma virgem de barro feita por uma camponesa, ou vários objetos feitos de pau Brasil, lembranças oferecidas pela REPAM e CEAMA ao Santo Padre.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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