A democracia, mesmo com suas falhas, é um sistema
político que em teoria dá a possibilidade de todo cidadão e cidadã participar
dos processos de decisão. Na prática a gente sabe que nem sempre é bem assim,
pois os representantes eleitos muitas vezes não respondem aos interesses do
povo.
No sistema democrático o povo vota, escolhe seus
representantes e deposita neles a confiança para que em seu exercício dos
diferentes cargos no poder executivo e legislativos possam conduzir o destino
da sociedade pelo caminho do bem comum. Não podemos esquecer que fazer política
é buscar o bem comum, o bem para todos os homens e mulheres que fazem parte do
entramado social, fomentando políticas públicas que ajudem a evitar que as
pessoas sejam vulneradas e descartadas.
Votar é depositar a confiança em alguém que vai me
representar, que vai votar ou executar as leis que façam possível que a
sociedade se torne espaço de encontro, de diálogo, de convivência, espaço onde
as pessoas possam crescer e desenvolver suas potencialidades em benefício da
coletividade, de todos e todas, mas especialmente daqueles que mais precisam.
A sociedade precisa cuidar dos pequenos, da
totalidade, não se constrói sociedade quando se pensa só em pequenos grupos de
poder político, económico, religioso..., se faz necessário pensar além de nós,
além daqueles com quem nos une algum tipo de ligação. O verdadeiro político, o
verdadeiro cidadão tem um olhar amplo da realidade, se preocupa com o
crescimento comum, socorre as necessidades daqueles que sofrem, seja qual for o
motivo desse sofrimento.
No último domingo, na Igreja católica era lida a
parábola do homem rico e o pobre Lázaro, uma situação que deve nos levar a
refletir sobre a sociedade em que a gente vive. Num Brasil onde existem alguns
homens ricos e milhões de Lázaros somos desafiados a nos questionarmos para
quem é que olham aqueles que na eleição deste domingo 2 de outubro são
candidatos e candidatas aos diferentes cargos que serão votados.
O Brasil precisa de pessoas, também de políticos, que
olhem para os milhões de Lázaros que existem no país, um número que vai
crescendo, aumentando assim os desafios provocados pela pobreza e a fome. A
população é chamada a escolher, na medida em que quer fazer realidade o
objetivo principal da política, cuidar daquilo que é de todos e não de pequenos
grupos, candidatos dispostos a colocar na mesa àqueles que hoje não podem nem
pegar as migalhas que os poderosos deixam cair no chão.
É tempo de entender o significado e o valor do voto, é
tempo de ser cidadãos e cidadãs que tenham a coragem de olhar em frente e olhar
para todos e todas, mas com um olhar compassivo, misericordioso, samaritano
para os que não contam. Uma sociedade que não cuida de todos, uma democracia
que não olha para todos vai perdendo seu sentido e se tornando uma marionete
nas mãos dos que só se preocupam por si próprio.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 - Editorial Rádio Rio Mar
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