sábado, 24 de setembro de 2022

Raely Cardoso: “A riqueza pode fazer murchar a fé e o senso da vida futura”


No vigésimo sexto Domingo do Tempo Comum “o Evangelho nos vem trazer a parábola do homem rico e do homem pobre”, segundo Raely Cardoso. A Secretária Regional da Pastoral da Juventude Norte1 afirma que “essa parábola não visa tratar sobre caridade, não diz que o rico negasse esmolas a Lázaro, talvez até ignorasse a presença dele na sua casa. Fechado como estava em seu bem-estar, não lhe permitia ver problema alheios”.

A jovem insiste em que “Jesus quer chamar a atenção, não para a necessidade de amarmos ao próximo, mas para a importância das situações. Uma situação de poder e prazeres pode insensibilizar a mente, tornando-a insensível às necessidades dos outros, pode fechar a fome do céu, fechando a fome da vida eterna”. Segundo a secretária da PJ, “se já se julga satisfeito com seus bens é o contrário de uma situação de penúria, que entretém a fome, a sede de algo maior, que é a vida eterna”.

A riqueza honesta não é má nem condenável, assim como a pobreza não é garantia de salvação”, segundo Raely. Ela afirma que “ambas suscitam atitudes éticas que podem facilitar ou dificultar a procura de Deus. É para isso que Jesus que despertar os cristãos nessa parábola: a situação cómoda em que se acha que os ricos podem diminuir seu zelo pelas necessidades dos pobres e excluídos da sociedade”.

A jovem insiste em que “Jesus chama os pobres, os que tem fome, sede e choram, de bem-aventurados, mas não pela pobreza, mas por causa de uma atitude ética, na fé, no amor que essa pobreza preserva ou vem a suscitar. E chama os ricos de infelizes, não por causa da riqueza, mas porque a riqueza pode fazer murchar a fé e o senso da vida futura”. Raely lembra que “Lázaro teve fome física e doenças, tinha fome de uma realidade melhor do que a vida terrestre. A fome material e espiritual de Lázaro era saciada ao passo que no rico, ela não existia mais”.

Epulón y Lázaro


Alguém pode ser rico e ter um coração pobre, cultivando o desapego, a caridade, o olhar para o outro. Assim como alguém pode ser pobre, mas ter um coração de rico, sem caridade alguma, nem humildade, nenhuma prática do bem”, segundo a jovem. “Lázaro, pobre na terra, e Abraão, rico na terra, tiveram a mesma sorte final, porque ambos nas suas circunstâncias diferentes tiveram o mesmo amor, o mesmo desprendimento dos bens terrenos”.

A secretária da PJ diz que “a parábola nos lembra que o céu e o inferno começam em nosso dia a dia. Não nos faltam os fatos, acontecimentos, coisas a cada dia que são objeto de santificação”. Segundo ela, “não vivemos de milagres, mas no dia a dia é nele que devemos encontrar a vida de santificação”, insistindo em que “muitos procuram milagres e sinais, e dizem que se Deus se fizesse mais sensível ou nos desse um sinal, seriam mais fervorosos”.

Algo que Raely diz ser “pura ilusão, quem não tem fé nos dons cotidianos de Deus encontrará razones falsas para conhecer os milagres dele. Abraão responde ao rico que quem não tem o hábito da fé viva, rejeitará os sinais mais significativos”. Ela lembra que “Abraão diz haver entre o céu e o inferno um grande abismo, e isto indica que é só na vida terrestre que podemos nos converter, pois o tempo da conversão é hoje e agora”.

“A morte nos estabelece uma nova condição definitiva, ou o céu para sempre ou o inferno para sempre”, lembra a jovem. Seguindo a parábola, ela diz poder concluir que “quando eu e você deixarmos este mundo, teremos uma sentença”, lembrando que “Lázaro foi levado ao seio de Abraão e o rico aos tormentos do inferno. Isso pressupõe uma sentença de Deus logo após a minha e a tua morte. Ela é definitiva, pois o mal não pode passar para o lugar dos justos nem vice-versa”. Finalmente ela questiona: “e você, para onde quer ir, para o lugar justo ou para o lugar onde nesta parábola o rico foi?”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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