quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Estar do lado dos pobres não é ser comunista e sim cristão


Ministros da Palavra, padres, bispos e inclusive cardeais atacados dentro das igrejas em plena celebração, nas ruas, nas redes sociais, por defender os pobres, a democracia e um Brasil para todos e todas, com um Estado ao serviço daqueles que mais precisam...

Poderia ser uma boa trama para um filme, mas infelizmente são situações reais, que estão acontecendo atualmente. Pessoas que entram nas igrejas, buscando qualquer oportunidade para fazer escândalo e provocar altercados envolvendo todo tipo de religiosos, inclusive cardeais, inclusive aqui em Manaus.

A gente se depara com situações hilárias, até o ponto de ver escrito nas redes sociais e outros meios de comunicações insultos contra o Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Odilo Scherer, chamando-o de comunista pelo fato de se trajar com vestes vermelhas, vestes que fazem parte dos paramentos próprios de todos os cardeais do mundo, também os brasileiros.

O pior de tudo é ver que esses ataques são proferidos na maioria dos casos por “católicos”, ou por gente que se acha “os verdadeiros, únicos e autênticos católicos”. Pessoas que colocam as ideologias além do Evangelho, uma Palavra de Deus que eles usam para justificar atitudes que os distanciam de Deus, no mínimo do Deus encarnado, que sendo o primeiro se coloca o último, que sendo rico se faz pobre e pequeno e escolhe nascer e viver no meio dos pobres, enfrentando abertamente e acima de tudo atitudes farisaicas daqueles que pensam ser melhores do que os outros.



Como falar de comunhão, de sinodalidade, de caminhar juntos, de diálogo, em uma Igreja onde esse tipo de atitudes se faz presentes? Em que Deus acredita quem tem essas atitudes? Como restaurar o conceito de igreja, que não podemos esquecer que significa comunidade, diante dessa realidade?

Estamos diante de uma doença que vai se introduzindo em todos os níveis de Igreja, em muitas comunidades, em todas as idades, inclusive em coroinhas que mostram sua preocupação diante um fenómeno que nem eles mesmos sabem o que é: o comunismo. Na cabeça desse povo é comunista o Papa Francisco, bispos, padres, religiosas, ministros e ministras, e assim por diante. Uma lista interminável de pessoas que fazendo parte da mesma Igreja tem que ser combatidas, inclusive eliminadas, em nome de uma ideologia que obnubila a mente e endurece o coração.

Ser cristão é outra coisa, ser católico é estar aberto à universalidade, às diferenças de raças, pensamentos, estar do lado dos vulneráveis e descartados. O cristianismo não é uma religião excludente, pois tem como mandamento primeiro e fundamental o amor a Deus e ao próximo. Sempre é bom lembrar das palavras de São João da Cruz: "Ao entardecer da vida serás examinado no amor".

Essa afirmação sempre fez sentido, mas atualmente, no Brasil de hoje, esse sentimento de amor tem que ser princípio que fundamente o relacionamento humano, e ainda mais o relacionamento cristão. Chega de lavagem de cérebro que faz com que as pessoas percam aquilo que as diferença dos animais: a inteligência e a capacidade de raciocínio.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 - Editorial Rádio Rio Mar

3 comentários:

  1. Parabéns, meu amigo! Disse tudo e muito mais :" Em que Deus acredita quem tem essas atitudes!" Misericórdia, Senhor !!

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  2. Muito bem colocada sua palavras Sr. Luiz Miguel Modino, infelizmente está é a realidade que nós vemos hoje.

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