Dom Pedro Luiz Stringhini é Bispo da Diocese de Mogi das Cruzes (SP), e Presidente do Regional
Sul1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que tem uma presença
missionária no Regional Norte1, um intercambio missionário que segundo o bispo,
“é sempre um enriquecimento para a Igreja, não é para aquela que recebe, isso
temos muita consciência, mas é para aquela que envia também”.
Dom Stringhini
afirma que “aquela que envia não é que tem tudo, precisaria receber também, e
por tanto, receber ajuda humana, pastoral, ministerial”. Ele insiste em que
“esse intercambio intereclesial enriquece toda a Igreja”.
O Presidente do
Regional Sul1 da CNBB visitou a Prelazia de Itacoatiara, com a qual tem relação
pela sua experiência missionária na paróquia de Urucará nos anos 1975 e 1976, onde
morou antes de fazer a Teologia participando durante dois anos do Projeto
Igrejas Irmãs São Paulo-Itacoatiara, um projeto firmado entre Dom Paulo
Evaristo Arns e Dom João de Sousa Lima, Arcebispo de Manaus, porque não tinha
bispo em Itacoatiara naquele momento.
Dom Pedro Luiz
Stringhini lembra que naquele tempo vieram padres, religiosas e alguns leigos
de São Paulo. Nesse tempo chegou em Itacoatiara o Padre Jorge Marskell, de
Scarboro, canadense, que depois se tornou Dom Jorge Marskell, “um bispo
queridíssimo”, a quem sucedeu o também falecido Dom Carillo, lembra o bispo, os
dois sepultados na Catedral de Itacoatiara. Lá, ele celebrou no dia 1ª de
novembro a Festa de Nossa Senhora do Rosário, Padroeira da Prelazia, junto com
o bispo atual Dom José Ionilton.
O Projeto
Missionário do Regional Sul1 já está no Amazonas há 27 anos, na diocese de São
Gabriel da Cachoeira e na Prelazia de Tefé. Seu presidente lembra da presença
missionária do Regional há 8 anos na Diocese de Pemba, em Moçambique, afirmando
que “é assim que vamos tentando exercitar este espírito missionário”. Ele
insiste em que “poderia ser ainda melhor se mais sacerdotes se oferecessem,
estamos sempre motivando, porque no Estado de São Paulo há dioceses carentes de
padres, mas há dioceses com um bom número de padres”, dentre elas a Diocese de
Mogi das Cruzes, onde ele é bispo, que tem padres missionários na África, na
França, na Bahia. “É este esforço de um intercambio missionário que dá
vitalidade à Igreja e dá alegria para todos nós”, segundo o bispo.
O Bispo de Mogi
das Cruzes afirma que “uma experiência missionária para um leigo, como foi o
meu caso, para uma religiosa, um religioso, um padre, um diácono, um
seminarista, marca a vida de todos nós, uma experiência missionária faz alargar
o nosso olhar. Por isso que as dioceses hoje, a minha também, procuram que os
seminaristas, seja no tempo de férias, seja depois que terminam o estudo, que
façam também alguma experiência nesse sentido. Isso tem ajudado”. Dom
Stringhini destaca a importância do COMISE, o Conselho Missionário dos Seminaristas,
“porque aquele que faz missão, seja seminarista, padre, leigo, leiga, tem mais
facilidade de olhar a realidade dos que sofrem”.
“Um que vai em
missão, depois quando está na própria diocese também tem mais sensibilidade
para olhar para o povo da rua, para olhar para os presos, para olhar para as
periferias”, reflete o bispo. Ele lembra que o Papa Francisco, “ele trouxe essa
expressão muito cara a todos nós, termos esta sensibilidade para com as
periferias geográficas e existenciais”.
Em relação com a
Amazônia e a Igreja da região, o Presidente do Regional Sul1 afirma que para o
povo de São Paulo, do Sudeste, do Sul, em geral, “a Amazônia é uma realidade
diferente e distante, e por isso, o Papa Francisco, com esse olhar preferencial
para a Amazônia, ajudou também e ajuda a toda a Igreja”. Segundo o bispo, “ele
falando, o Sínodo chamou a atenção, aí nós bispos falamos mais, os padres
também e o povo vai entrando”. Ele destaca que “o mundo olha para a Amazônia no
sentido da preservação da casa comum, da preservação ambiental. Com muita
preocupação nesse governo que está se encerrando, que não só não olhou, como de
propósito ajudou destruir mais”.
“O mundo olha, a
sociedade mundial olha para a Amazônia, e temos que fazer com que a sociedade
brasileira também tenha esta sensibilidade, esta preocupação”, ressalta o
bispo. Ele diz que “no fundo é uma preocupação com a defesa da vida, salvar a Amazônia é salvar a vida da humanidade, o ar,
a água, as chuvas, a biodiversidade. Não é todo lugar que tem uma preciosidade,
uma beleza, além claro da contemplação da beleza de Deus”. Por isso não duvida
em afirmar que “Papa Francisco tem nos ajudado neste e em tantos outros
aspectos”, citando como exemplo a Laudato Si´ e o Documento de Aparecida, que
também se deve muito a ele quando não era nem Papa, como cardeal Bergoglio.
Segundo o bispo,
“nós temos tantos meios para não sermos uma Igreja acomodada, e aqui na
Amazônia, o que a gente sabe, eu pessoalmente até vi no meu tempo que estava
aqui, vi também nestes dias, e é muito positivo, tanta participação dos leigos
e das leigas, que não são só espectadores da vida da Igreja, mas que são
participantes, que são agentes de pastoral lá na comunidade onde estão, seja na
comunidade da cidade, no mundo urbano, que é um desafio, mas também nas
comunidades ribeirinhas”. São elementos que o levam a dizer que “a nossa Igreja
graças a Deus é viva, é dinâmica, cheia de desafios, mas cheia de esperança”.
Diante das ameaças
que a Amazônia e os povos que a habitam estão sofrendo, Dom Stringhini vê
preciso “uma postura eclesial sensível, mas é preciso também uma postura
política, que muitas vezes falta no nosso povo, até o povo católico”. O Bispo
de Mogi das Cruzes insiste em que “quando o povo católico não percebe isso,
pessoas da nossa Igreja, porque se a sociedade ficou bastante dividida
politicamente, dentro da Igreja também”. Isso o leva a dizer que “é um grande
desafio, a gente olha com preocupação, eu pessoalmente vejo com preocupação
quando irmãos e irmãs católicos, e até mesmo padres, não se colocam diante
desse problema, não consideram a problemática da destruição ambiental. Pelo contrário,
tomam posições políticas na direção contrária. Isso aumente o desafio”.
“Havendo mudança
de governo, também olhamos isso com esperança e com novas perspectivas”, afirma
o bispo. Ele cita como exemplo o fato da Noruega, cuja ajuda foi rejeitada e
agora já está de novo oferecendo, como um sinal de esperança. Dom Stringhini
diz ser discípulo de Dom Paulo Evaristo Arns, foi ele que lhe ordenou padre,
sendo ordenado bispo por Dom Cláudio Hummes, que gastou se tempo de emérito, 12
anos, em prol da Amazônia. Isso o leva a afirmar que “se por um lado eu
constato o lado dos católicos que estão alheios e são até contrários, a gente
olha com bastante esperança a parte esclarecida e a parte dedicada, e esses
testemunhos”, lembrando da Irmã Dorothy.
O bispo fala de
seu trabalho no começo do seu ministério sacerdotal na região do Araguaia, na
Diocese de Conceição do Araguaia, precisamente em São Geraldo do Araguaia, na
época da prisão dos padres franceses, Aristides e Francisco. Lá foi enviado
pelo bispo da Região Belém, onde era padre e depois foi bispo, Dom Luciano
Mendes de Almeida, “que era secretário da CNBB e que se empenhou pela questão
indígena, pela questão da terra, e sobretudo pela libertação desses padres e
pediu lá em São Paulo que algum padre viesse socorrer e viemos em dois, e
ficamos 3 meses ajudando”. Isso o leva a afirmar que “eu olho muito mais a
Amazônia com olhar de esperança a partir da nossa Igreja e de novas
perspectivas políticas do que com falta de esperança, com pessimismo. Muito
mais com optimismo do que com pessimismo, sobretudo com o grande contingente de
missionários e missionárias que por aqui estão”.
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