quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Encontro Diocesano de Pastoral de Alto Solimões: “Igreja encarnada e libertadora neste chão”


A Diocese de Alto Solimões realiza de 14 a 17 de novembro de 2022 seu Encontro Diocesano de Pastoral, que neste ano tem como tema: “Igreja encarnada e libertadora neste chão” e como lema: "O Verbo se faz carne e planta sua tenda entre nós" (Jo 1, 14). Um encontro onde estão participando umas 100 pessoas representando as paróquias, pastorais e movimentos presentes na diocese.

O Encontro teve como ponto de partida a análise de conjuntura na região do Alto Solimões, destacando a importância da construção de políticas pública paras as diferentes problemáticas da região. Para isso se faz necessário um mapeamento para compreender a realidade. Um dos grandes desafios na região é manter a floresta em pé com a ajuda dos povos indígenas, dado que a floresta mantém o solo nutritivo, possibilitando os produtos locais. Nesse sentido, foi feito um chamado a valorizar os produtos da região, como o cacau Tikuna em benefício dessas comunidades.

Dentre as realidades presentes na região foi colocado a existência de facões criminais envolvidas com o narcotráfico que têm o controle da Tríplice Fronteira. Também foi relatado a falta de emprego, muito alcoolismo, drogas, violência, a crise econômica, a falta de oportunidades de formação e o desmatamento, extração ilegal de madeira e tráfico ilegal de animais.



Em relação à realidade eclesial, se faz necessário fortalecer e animar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), dar resposta desde a Palavra de Deus e viver a dimensão comunitária da fé, procurar que as comunidades analisem desde a Doutrina Social da Igreja as problemáticas e pecados estruturais em prol de uma sociedade organizada. Para isso, como cidadãos e cristãos se faz um chamado a participar nas decisões da região.

Foi questionado em relação à Juventude qual é o objetivo da Diocese em relação ao acompanhamento da juventude e quais são as realidades juvenis presentes. Daí foi sugerido a possibilidade de aplicar a metodologia sinodal para se aproximar da realidade juvenil. A Diocese de Alto Solimões sente a urgência de conhecer a vida cotidiana, as dificuldades, as esperanças-sonhos, as realidades particulares da juventude. Para isso se faz a proposta de escutar os jovens nas escolas, universidades, grupos juvenis e outros lugares. Para isso será criado uma guia para escutar a juventude. No trabalho com a juventude foi colocado o Projeto Juvenil dos Capuchinhos em Benjamín Constant "A Juventude Quer Viver".

As Comunidades Eclesiais de Base foram confirmadas na Amazônia no Encontro de Santarém de 1972, buscando estar junto aos movimentos populares, fomentar o ecumenismo, as políticas públicas e a juventude, além dos trabalhos no campo da saúde, educação, paz, política, ecologia, segurança, alimentação. Nesse sentido, foi refletido sobre o fato de que a Igreja deve promover a dignidade, a justiça e a liberdade, ser uma Igreja profética e defensora da vida, uma Igreja cuidadora da criação, uma Igreja martirial, missionária, em saída.



Nas Comunidades Eclesiais de Base, a leitura bíblica é um elemento importante, buscando ler a realidade por meio de círculos bíblicos, fomentando assim a união de fé e vida, a formação das lideranças e ministros. Comunidades que visitam, que fazem missão em outras comunidades, que fomentam a pastoral vocacional, que vivem a comunhão. Comunidades que ajudam a fazer realidade os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia. São comunidades que nascem do chão, do povo, da ação de Deus e de seu Espírito, sabendo que são fortalecidas nos sacramentos, na oração (Lectio Divina), e que cada uma tem suas próprias particularidades e necessidades.

Em relação com as comunidades indígenas e ribeirinhas foi colocado que precisam de estudos bíblicos, de mais encontros vocacionais e mais presença dos missionários nas comunidades, que os missionários aprendam as línguas indígenas, que sejam escutadas para depois evangelizar, fortalecer o caminho sinodal e a formação em diálogo com políticas públicas. Também foi colocado que cada paróquia crie uma equipe para atender essas comunidades na formação, catequese, liturgia.

As comunidades urbanas são chamadas a fomentar a acolhida, o diálogo, a formação; buscar uma metodologia para trabalho com os jovens; construir políticas públicas em benefício das comunidades; melhorar a comunicação; buscar um maior conhecimento entre os membros das comunidades e uma maior participação; utilizar os médios de comunicação para evangelizar.

Em relação com o Documento de Santarém e sua atualização, realizada no encontro que aconteceu em Santarém no mês de junho, foi colocado a necessidade de ter pastorais de acordo à realidade; buscar a encarnação do próprio Jesus Cristo; ajudar o povo a se libertar de tantas escravidões; ser mais humanos; assumir o Sínodo para a Amazônia como algo que é para toda a Igreja. Como retos aparecem a interculturalidade e o diálogo interreligioso com os povos indígenas e a necessidade de reconhecer o serviço das mulheres nas comunidades.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

2 comentários:

  1. A Igreja da Amazônia em “comunhão, participação e missão”, vivendo a Sinodalidade!!!

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  2. parabens. saudades desta gente.

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