Brasília acolhe o
Encontro Sinodal do Cone Sul da Etapa Continental do Sínodo 2021-2024, onde
participam quase 200 representantes do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e
Paraguai, dentre eles quase 70 mulheres. Numa Igreja sinodal a presença da
mulher tem que ser uma necessidade, também nos espaços de decisão.
Aos poucos isso
vai se tornando uma realidade, mas o caminho ainda é longo, é difícil. É complicado
que as mulheres possam ocupar esses espaços de decisão, mas temos exemplos de
que as coisas estão mudando. No encontro em Brasília está presente a teóloga
leiga casada argentina Emilce Cuda, Secretária da Pontifícia Comissão para
América Latina, uma das mulheres com maior responsabilidade na Cúria Vaticana,
e a advogada Valeria López, também leiga e casada, que é Secretária Geral
Adjunta da Conferência Episcopal do Chile.
As mulheres no
processo sinodal têm assumido um papel decisivo, são elas que mais falam,
fazendo um grande trabalho de corresponsabilidade, mas sem ameaçar o lugar do
clero, um temor na mente de alguns. O que as mulheres exigem é que sua palavra
seja ouvida, que sua palavra seja reconhecida, que sua palavra influencie na
toma de decisões.
Mulheres sinodais
que são presença de Deus quando estão nas comunidades, nas paróquias, mas também
quando elas realizam seus trabalhos no dia a dia, no campo laboral, mas também
em casa, nas suas famílias, assumindo a necessidade de unir, de caminhar junto
com os outros como uma atitude que brota do coração.
O Papa Francisco
com as nomeações que ele vai fazendo, nos mostra que é possível reconhecer o
papel das mulheres numa Igreja sinodal, querendo ser uma referência para a
Igreja, mas também para a sociedade. Na sociedade as mulheres assumem cargos
muitas vezes como consequência da pressão social. Na Igreja de Francisco, as
mulheres assumem espaços de responsabilidade mesmo diante da pressão para que
não seja assim.
Mesmo diante das
atitudes e palavras de alguns homens, mas também de algumas mulheres, ninguém
pode negar o conhecimento e capacidade que muitas mulheres têm. Reconhecer isso
pode ajudar a fazer realidade uma Igreja mais sinodal, onde todos e todas
caminham juntos, onde a voz é escutada e o discernimento é fruto de todos e
todas.
Não podemos
esquecer o grande aporte que as mulheres têm para ajudar a superar situações
que os homens não conseguimos levar adiante. O olhar feminino, que não é melhor
nem pior do que o masculino, na medida em que vive a complementariedade, ajuda
a crescer a todos. As mulheres conseguem enfrentar os desafios de um outro
modo, e por isso sua presença decisiva numa Igreja sinodal.
É tempo de nos
abrirmos ao Espírito, que nos conduz por novos caminhos, que nos desafia a não
termos medo de olhar para os outros, para as outras, com sentimentos de
complementariedade, de fraternidade, com vontade de caminhar juntos, entendendo
que juntos somos mais. Será que temos coragem para dar esses espaços onde as
mulheres possam ajudar a decidir caminhos que respondam àquilo que Deus quer de
todos nós hoje?
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