Doar a vida é um
indicativo de amor, uma atitude cada dia mais necessária numa sociedade,
inclusive numa Igreja, onde parece que o ódio pelos outros está cada dia mais
presente no coração das pessoas. Não podemos duvidar disso, doar a vida vale a
pena, porque amar sempre nos faz melhores. Diante disso, cada um, cada uma de
nós tem que se questionar sobre a influência de Jesus em nossa vida, como
aquele que serve, aquele que lava os pés, aquele entrega sua vida na Cruz
determina nosso jeito de nos relacionarmos com os outros.
Só é cristão
aquele que ama, e amar significa dar a vida. Para quem se diz cristão esse amor
o leva a dar a vida por todos, também
por aqueles a quem desde um sentimento humano não daria sua vida. Esse é o
diferencial de Jesus, que se entrega até por aqueles que o crucificam, e esse
deveria ser o diferencial de quem quer caminhar com o crucificado-ressuscitado.
Mas a gente faz
parte daqueles que não entendem e não aceitam esse dar a vida por amor. Nós
somos aquele que não aceita que o Mestre lave seus pés, pois isso lhe
compromete diante dos outros a fazer a mesma coisa. Nós somos aquele que nega,
que se desentende de quem tem fundamentado sua vida e diz não conhecer quem era
sua referência de vida. Nós somos aqueles que ocultos na multidão, hoje
poderíamos dizer ocultos nas redes sociais, riem e fazem chacota dos
crucificados.
Os crucificados de
hoje deveriam nos levar a ter sentimentos de compaixão, sem condenar a quem
muitas vezes foi condenado injustamente. Nossa sociedade, nosso entorno está
cheio de cruzes e de crucificados, que infelizmente se tornaram invisíveis para
a maioria, que os ignora, que faz de conta que não tem nada a ver com eles, que
se lava as mãos de novo.
Como fazer memória
hoje do Mistério que dá sentido à vida de Cristo e que deveria dar sentido a
quem se diz discípulo e discípula dele? Como entender que aquilo que aconteceu
quase dois mil atrás continua a acontecer hoje em tantos lugares, inclusive
perto de nós? Como assumir que Jesus é mais do que um personagem histórico e
que ele é uma figura que perpassa a história e a ilumina desde uma proposta
diferente de entender a vida?
Deus sempre nos dá
oportunidades de parar e pensar, pensar na nossa vida, mas também refletir
sobre aquilo que a gente tem em volta, sobre essas situações, sobre essas
pessoas que tantas vezes passam despercebidas para a sociedade que ignora
aqueles que estão jogados na beira do caminho. Mas também nos dá a oportunidade
de nos questionarmos onde está o sentido de nossa vida, o que é que nos faz
continuar caminhando e tendo esperança.
Abre os olhos,
enxerga os sinais de vida que estão ao seu lado, seja testemunha da vida, mas
também lute pela vida em plenitude para todos e todas, também para aqueles e
aquelas que hoje continuam sendo crucificados. É tempo de lutar pela vida e
isso também depende da gente.
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