A 60ª
Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), iniciada
nesta quarta-feira 19 de abril de 2023, contou em seu primeiro dia com diversos
momentos importantes. Dentre eles dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo
da Prelazia de Itacoatiara, destaca em primeiro lugar “o relatório de atividades
da Presidência, que está encerrando seu tempo, que serviu para mostrar o que a
Igreja no Brasil viveu, apesar da pandemia e do anterior governo que dificultou
muito as relações com a Igreja”.
Dom
Ionilton destaca que “a Presidência da CNBB, na pessoa de Dom Walmor principalmente,
conseguiu levar adiante, dando para perceber a quantidade de notas, de
manifestações que a CNBB teve nesses quatro anos, falando da realidade da
Igreja, mas também da realidade do nosso povo”. Nas análises de conjuntura
social e eclesial, o bispo da Prelazia de Itacoatiara destaca a apresentação de
assuntos como “a polarização da sociedade civil, mas que acaba afetando a
Igreja, a exploração religiosa por parte da extrema-direita, cooptando Deus,
pátria e família”.
Diante
disso, dom Ionilton destaca a insistência da análise no “caminho da formação a partir
da Palavra de Deus, da doutrina da Igreja para tentar conseguir arrumar o passo”.
Na análise de conjuntura social, o bispo destacou, algo que explicitou no
plenário após a apresentação, o ponto da “financeirização do capitalismo, uma
questão muito forte nos últimos quatro anos com o governo que se encerrou”. Uma
realidade que “nós que estamos no Amazonas percebemos isso com mais ênfase ainda
com a questão das queimadas, a derrubada da floresta, a questão da poluição das
águas por causa do garimpo ilegal”. Dom Ionilton insistiu em como a análise de
conjuntura “destacava esse grande prejuízo que foi o avanço do capitalismo com
o agronegócio, com as mineradoras”, um fato no Regional Norte1, diante do qual “nós
esperamos encontrar caminhos de superação nesse novo tempo que começa agora”.
O desafio no campo social, segundo o bispo, é “a gente conseguir fazer uma incidência política com esse novo governo que está começando que sinaliza alguma abertura maior para as questões sociais”. Isso leva dom Ionilton a ver a necessidade de “apostar no revigoramento dos organismos de fiscalização, IBAMA, FUNAI, ICMBio, que são organismos que ajudam a preservar o ambiente, preservar a natureza, o nosso bioma Amazônia”. Junto com isso, fazer incidência política, pois “não dá para a gente assistir de camarote o governo caminhar, a gente precisa de alguma maneira fazer também a nossa parte enquanto Igreja como sempre fizemos”.
Nesse
sentido, resgatando as palavras de dom Francisco Lima na apresentação da
conjuntura social, “não é porque mudou o governo que vai mudar a postura da
CNBB, vai ser a mesma postura profética de sempre”, algo do qual dom Ionilton
diz ter certeza, se referindo ao tema do arcabouço fiscal, que “ainda é um
ponto realmente enigmático, a gente precisa aprofundar mais isso, também como
Igreja, mas o caminho é a incidência política, não deixar que a força do
Congresso Nacional, que ainda é uma força de direita, de extrema-direita,
predomine para essas votações no Congresso e que o interesse da população seja
respeitado, e para isso precisa que haja movimento popular e social, e também
no nosso caso como Igreja, como CNBB, fazer a incidência que a gente vinha
fazendo e temos que fortalecer muito mais agora”.
A realidade
eclesial apresentada “é muito forte em nosso Regional Norte1”, segundo dom
Ionilton. Ele afirma que “a gente teve muita dificuldade de trabalhar a
formação e a conscientização a partir da cartilha da CNBB ‘Encantar a Política’
do Conselho do Laicato”. O bispo destaca a resistência existente que levava a
dizer que “tratar desses assuntos acaba sendo uma politização da Igreja, pensar
no pobre, pensar na defesa da natureza”, uma realidade que vai continuar, insiste
dom Ionilton.
O bispo da
Prelazia de Itacoatiara coloca como exemplo disso o fato de ter “um grupo
grande de pessoas que se dizem católicas, que usam símbolos católicos, como
Nossa Senhora de Fátima, o terço, a devoção a Nossa Senhora, mas que faz um
trabalho contra a Igreja. Fala mal do Papa, fala mal da CNBB, criticam qualquer
pessoa da Igreja que tem uma postura na linha da opção pelos pobres, e aí fica
um grupo que hoje tem a força das redes sociais”.
Frente ao
trabalho nas dioceses, paróquias, comunidades, “chega com muita mais força e
rapidez pelas redes sociais uma onda contrária àquele ensinamento que a gente
está tentando trazer do Papa Francisco, de suas encíclicas, das mensagens da
CNBB, a posição da CPT, do CIMI, que é a posição também do Regional Norte1”, destaca
dom Ionilton, que ressalta que “as vezes as pessoas não conhecem e fazem uma
oposição cerrada, batem de frente, não aceitam aquilo que a gente está tentando
fazer com que as pessoas se envolvam mais, a partir da fé, nesse compromisso de
transformação da sociedade”.
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