domingo, 30 de abril de 2023

Dom Leonardo: “Jesus, aquele que cuida das ovelhas e nos convida a uma nova passagem”


No quarto domingo da Páscoa, Dom Leonardo Steiner começou sua reflexão lembrando que “celebramos passagem de Jesus: da morte para vida! das trevas para a luz! Passagem, pois não só recorda a morte e ressurreição do Senhor, mas também que nós passamos da morte à vida. Não pertencemos mais à morte. Foi-nos oferecida a vida. Esperamos participar definitivamente da vitória sobre a morte; triunfo manifestado, visibilizado na ressurreição de Jesus”, citando a Santo Agostinho.

Neste domingo, “Jesus se apresenta como aquele que cuida das ovelhas e nos convida a uma nova passagem: “Eu sou a porta”. Por ser passagem, Jesus, no Evangelho, é o Bom Pastor, a quem as ovelhas escutam e seguem, ele chama a cada uma pelo nome, caminha com as ovelhas, e elas conhecem e reconhecem a sua voz, mas não reconhecem a voz de estranhos”, segundo o arcebispo de Manaus.

O cardeal lembro quem era e qual a função do pastor, cuidar das ovelhas, “quase sempre estava a serviço de outra pessoa; cuidava das ovelhas de outros. Dedicado, cuidadoso, conhecia cada uma das ovelhas, dava nome a cada uma, para onde ele ia as ovelhas acompanhavam. Quando ele chamava, elas obedeciam, pois reconheciam a sua voz: ele sempre estava com elas, não as abandonava. Ele as protegia e as defendia. Ele estava dia e noite cuidado elas. Esse estar dia e noite criava laços de confiança, de segurança. As ovelhas sabiam que podiam seguir o pastor. Ele era tão cuidadoso que as conduzia a lugares onde havia pastagens e fontes. Conduzidas por ele não passavam nem fome e nem sede, pois Ele acompanha, conduz, cuida, alimenta, oferece fontes de água viva”.

Uma imagem que ele aplica ao seguimento de Jesus, “na tentativa de vivermos o Evangelho vamos nos deixando guiar, conduzir, alimentar, saciar por ele. Ele cuida de nós, vela por nós. E na medida em que meditamos as suas palavras vamos distinguindo a sua voz da voz dos estranhos. Vamos percebendo como e por onde ele nos conduz”, recordando as palavras de Santo Agostinho, em que mostra as atitudes do pastor: “Procurarei a ovelha perdida, reconduzirei a desgarrada, enfaixarei a quebrada, fortalecerei a doente e vigiarei a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito”.



Dom Leonardo lembrou que Jesus é “a porta, a passagem; passagem de salvação, de libertação. Jesus a porta porque nossa vida, nosso caminho! Uma porta estreita, larga, generosa. Nela passamos todo-inteiros, necessitamos apenas deixar do lado de fora as sobras, os empecilhos”.

Uma porta que nem sempre vemos: “pode, no entanto, acontecer que não vejamos mais a porta, a abertura, a saída, a passagem. Manifestam-se os momentos em que não entrevemos mais a passagem entre a dor, sofrimento, morte e a vida. Não enxergamos mais a porta. Os momentos mais difíceis onde perdemos a referência, o sentido. Quando tocados na profundidade de nosso ser, atingidos no convívio amoroso e nos sentimos, no sem sentido da morte de um filho, da esposa, do esposo, de nosso pai, de nossa mãe, pode acontecer que não vejamos mais a porta, a saída. Às vezes quando somos assaltados pela doença grave, incurável, as portas todas não apenas se fecham, mas elas simplesmente não existem mais. Quantas pessoas na depressão, na angústia, no desespero, não encontram mais a porta. E parece, desaparecer a passagem. E Jesus nos diz: Eu sou a porta! Ele sempre é a passagem, uma nova possibilidade, a realização da vida plena”.

Jesus “a porta da fé”, como diz Atos, “que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma”, lembrando as palavras de Bento XVI. “A porta da fé que nos conduz ao banquete da vida, até a vida eterna. A porta da salvação!”, reforçou Dom Leonardo.

Segundo o cardeal, “Eu sou a porta, eu sou a passagem, significa que Jesus é o lugar de acesso para que possamos encontrar o significado da vida e o espaço, a paisagem que dão vida. Passar pela porta significa aderir a Ele, segui-lo, acolher a sua vida o seu modo de viver. As ‘ovelhas’ que passam pela porta que é Jesus os que aderem a Ele, podem passar para a terra da liberdade onde encontrarão pastos verdejantes, isto é, vida em plenitude. Jesus porta, passagem, pois só procura que deseja que cada pessoa encontre vida em plenitude”.



“Ele vai abrindo a porta do consolo, do perdão, da reconciliação, da fraternidade, da esperança, da fé, do amor expansivo. Quantas portas Ele vai abrindo através da Palavra, dos sacramentos, da caridade, da solidariedade? A porta que possibilita a reconciliação, a paz! Paz tão necessitada e desejada. E Jesus a abrir passagens para mundo sempre mais amplo, livre, liberto, fraterno, amoroso”, lembrou o cardeal.

Dom Leonardo convidou a nesse tempo pascal “reconhecer a Jesus como Aquele que cuida de nós, está conosco, nos acompanha nos caminhos difíceis e esburacados, enlameados; O Ressuscitado está conosco na travessia, na busca da outra margem, na busca de outras lugares que alimentam, a outras fontes que refrescam a nossa vida; está conosco em todos os momentos, em todos os lugares, não nos abandona, porque deu sua vida por nós”.

Segundo o arcebispo, “Jesus provavelmente a nos convidar a sermos porta, passagem. Porta da vida: a mãe, o pai que geram vida e dela cuidam. São passagem da vida e da fé. Passagem da maturação, da percepção do amor como realização de uma existência. As nossas famílias como porta, pois ali se faz a experiência da entrega, do perdão, da maturação do existir. Sermos porta da passagem da solidariedade, do encontro. Porta passagem da oração, da prece em comunidade. Porta quando somos passagem da reconciliação, perdão. Porta quando deixamos passagem à paz para superação da violência, da morte. Quantas vezes cai a noite, sopra o vento contrário, o nosso barco é sacudido pelo banzeiro, e somos tomados pelo medo. Abrir a nossa porta para que Jesus nos conduza, cuide, fortaleça, conforte”.

Recordando que hoje celebramos o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, e no Ano Vocacional, que nos ensina que “Vocação: graça e missão”, Dom Leonardo afirmou que “Papa Francisco retomando o tema do ano vocacional a insistir que que a vocação é graça, mas também missão. Somos convidados a redescobrir o chamado de Deus como graça, dom gratuito e, ao mesmo tempo, descobrir a necessidade de partir, sair para levar o Evangelho. Somos chamados e enviados a testemunhar a vida do Evangelho. Somos animados e fortificados pelo Espírito! No Espírito somos despertados vocacionalmente e enviados. Somos como discípulos missionários interpelados pelas periferias existenciais, pelos dramas humanos, pelo desarranjo da Casa Comum. E como discípulos, discípulas, missionários levamos a graça do Reino de Deus”.

Um dia em que somos chamados pelo Papa a refletir sobre a vocação como “dom e tarefa, fonte de vida nova e de verdadeira alegria”, chamando a cultivar as vocações. Uma oração na qual também somos conduzidos por São Paulo VI, afirmou o cardeal. Por isso, Dom Leonardo finalmente pediu: “Senhor, abre a porta; ensina-nos a passagem. Ensina-nos a passar da morte para a vida. Conduz nossos passos a lugares de verdes pastagens e fontes de água viva. Ensina-nos a ser passagem. Amém!”.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1


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