quinta-feira, 27 de abril de 2023

Os bispos convidam os brasileiros a “apoiar-se reciprocamente para o bem do País”


Os bispos brasileiros, reunidos em Aparecida para sua 60ª Assembleia Geral deram a conhecer nesta quinta-feira sua tradicional mensagem ao Povo Brasileiro (ver aqui). Diante dos grandes desafios presentes no país, movidos pela “renovação desse compromisso com a vida”, os bispos se sentem estimulados como Igreja “na promoção do Reino de Deus”.

O texto mostra a “solidariedade fraterna, às consequências das tragédias socioambientais; com compromisso cidadão na defesa da democracia e, com responsabilidade social, ao drama da fome que nos assola”, presente nas comunidades. Uma atitude que é considerada “o autêntico e eficaz testemunho de que o mundo necessita”.

Os bispos dizem enxergar “os sofrimentos presentes na sociedade”, denunciando aquilo que o Papa Francisco chama “uma terceira guerra mundial em pedaços. Junto com a guerra denunciam “os autoritarismos, as polarizações, as desinformações, as desigualdades estruturais, o racismo, os preconceitos, a corrupção, a banalização do mal e das vidas, as doenças, a drogadição, o tráfico de drogas e pessoas, o analfabetismo, as migrações forçadas, as juventudes com poucas oportunidades, as violências em todas as suas dimensões, o feminicídio, a precarização do trabalho e da renda, as agressões desmedidas à ‘casa comum’, aos povos originários e comunidades tradicionais, a mineração predatória, entre tantas outras, que fragilizam o tecido social e tencionam as relações humanas”.



Uma realidade que é consequência de “certa cultura da insensibilidade”, denunciando a tragédia do povo Yanomami, que é expressão da “degradação da criação e o descaso com os mais pobres e abandonados”, uma situação que se repete em outras realidades, mostrando a “globalização da indiferença”. Diante disso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reconhece “a importância da resistência histórica do movimento indígena”, pedindo adotar “providências e ações concretas em defesa desses povos”, destacando dentre elas o marco temporal.

A causa está “na opção por um modelo econômico cruel, injusto e desigual”, denunciando a falta de escrúpulo do sistema financeiro, que “destrói a vida, precariza as políticas públicas, em especial a educação e a saúde, adota juros abusivos que ampliam o abismo social, afeta a cadeia produtiva e reduz o consumo dos bens necessários à maioria do povo brasileiro”. Os bispos reclamam melhores condições de emprego em vista de “condições mais saudáveis de vida”, superando a informalidade e o trabalho análogo à escravidão.

A mensagem faz um chamado a todas as instituições a “apoiar-se reciprocamente para o bem do País”, e uma cobrança aos governos por “uma opção clara e radical pela vida, desde a concepção até à morte natural, passando inevitavelmente pelos direitos sociais e humanos”. Os bispos conclamam “a construir um amplo projeto de reconciliação e pacificação, a partir de um diálogo franco e aberto, que possibilite superar o que nos afasta, com o objetivo de assegurar o que nos une: o país, o seu povo e a criação”. Para isso a amizade social e a cultura do encontro são o caminho.

Pedindo orações e reafirmando sua profunda confiança no povo brasileiro, os bispos afirmam que “A esperança é a nossa coragem!”, convidando a ser “semeadores de mudança, de solidariedade e de vida”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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