No dia em que a Igreja católica celebra a Solenidade
do Corpo e Sangue de Cristo, a festa da Eucaristia, que é a fonte e o cume da
vida cristã, somos desafiados a nos questionarmos sobre as dificuldades que
muitas comunidades têm no interior da Amazônia e em tantos outros lugares para
celebrar a Eucaristia.
As grandes distâncias, o escasso número de
presbíteros, o alto custo para chegar em locais afastados, condiciona essa
celebração continua. De fato, o primeiro Mandamento da Igreja diz: “Participar
da Missa inteira aos domingos, de outras festas de guarda e abster-se de
ocupações de trabalho”.
E o que acontece com quem vive em locais onde a
presença do padre é uma ou duas vezes por ano, inclusive a cada vários anos?
Como cumprir aquilo que a Igreja manda? O Sínodo para a Amazônia refletiu sobre
essas questões, uma reflexão que foi deturpada com questões que não tinham nada
a ver. Simplesmente foi planteada a necessidade de procurar caminhos para que
as comunidades tenham a possibilidade de celebrar a Eucaristia cada domingo,
uma dificuldade que, em menor medida, também é vivida nas cidades, inclusive em
Manaus.
Não colocamos em dúvida as leis da Igreja, mas também
não podemos ter medo a refletir sobre se leis elaboradas séculos atrás
continuam respondendo às necessidades daqueles que vivenciam sua fé na Amazônia
no século XXI. Na medida em que o medo, ou outros condicionantes, não deixam
pensar em caminhos de futuro eclesiais, isso condiciona e deteriora a caminhada
da Igreja e a vivência da fé.
Não podemos esquecer que a Eucaristia é alimento que
fortalece nossa vida e missão como discípulos e discípulas de Jesus. Seu Corpo
e Sangue nos aportam o valor necessário para enfrentar os desafios da missão,
para ir além e para enxergar a presença daqueles que tem fome de pão, uma
dimensão que a Campanha da Fraternidade deste ano nos levou a refletir durante
a Quaresma.
Quando Jesus é meu alimento, minha vida tem maior
energia e isso me ajuda a fazer realidade seu projeto de Reino, um pedido que
fazemos cada dia quando rezamos a oração que Ele mesmo nos ensinou. A
Eucaristia visibiliza o Reino, porque a entrega, a partilha, são sinais do
Reino. Valorizemos a Eucaristia, que ela seja celebração de vida, que não fique
só em uma série de ritos e rubricas. Que possamos levar esse alimento para
nossa vida cotidiana, uma vida que somos chamados a dar sentido pleno à luz de
Jesus e de seu querer nos alimentarmos.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Que bela e pertinente reflexão! Obrigada por nos enriquecer com sua inteligência e dedicação ao Sagrado, à fidelidade e Amor ao Altíssimo, Bom, Clemente e Misericordioso nosso Deus Senhor Jesus Cristo que quis estar presente numa simples aparência de Pão.
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