Retomar as vocações na Igreja, retomar as vocações no Povo de Deus foi o desafio que Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil apresentou aos mais ou menos 30 representantes das dioceses e prelazias do Regional que participam do Encontro da Pastoral Vocacional que se realiza no Seminário São José de Manaus de 7 a 9 de julho.
Um encontro
que já acontece no mês de julho por mais de 30 anos, segundo Dom José
Albuquerque de Araújo, bispo de Parintins e bispo referente da Pastoral
Vocacional no Regional Norte1 da CNBB, que é momento de formação, de avaliação
da caminhada feita e de planejamento, um momento para compartilhar o que pode
ser compartilhado o que as dioceses e prelazias estão preparando para o Mês
Vocacional, que acontece todo ano no Mês de Agosto.
Um momento
para revitalizar a Pastoral Vocacional nas dioceses e prelazias, segundo Dom
José, para acolher os novos, um dado importante dado a muita mobilidade na
região, principalmente no interior, insistindo na importância da participação
dos leigos “para garantir que vai haver continuidade, que cada diocese vai ter
alguns leigos que façam depois esse repasse para as paróquias e comunidades”.
Um encontro
que “neste ano tem um sabor especial”, segundo o bispo de Parintins, dado que o
Brasil está vivendo o 3º Ano Vocacional, compartilhando o que se fez desde a
abertura do Ano Vocacional em novembro de 2022, buscando “se animar e contagiar
outros, sempre com essa proposta de que o Serviço de Animação Vocacional, ele
quer ser uma forma da gente concretiza a sinodalidade da Igreja”, pois a vocação
está presente na vida de todos aqueles que fazem parte da comunidade, e tudo o
que SAV realiza é “sempre com esta convocação de que todo mundo possa caminhar juntos”.
Ele insistiu em “não reduzir a reflexão vocacional a simplesmente promover as seminários
e as casas religiosas”, e sim para que “todo mundo se sinta chamado, vocacionado,
para ser cristão e para que na comunidade possa colocar em prática os ensinamentos
de Cristo”.
Pertencemos
todos ao povo de Deus e se faz necessário conceber a Igreja como povo de Deus destacou
o cardeal Steiner, afirmando que “nós somos descendência do Verbo Encarnado,
nós somos descendência de Jesus Crucificado, Ressuscitado”. Segundo o presidente
do Regional Norte1, “nós todos somos chamados a viver o discipulado”, lembrando
que o Documento de Aparecida nos chama a todos de discípulos e discípulas
missionários, algo que nasce do Batismo, que é o primeiro chamado, pelo fato de
pertencermos ao povo de Deus.
Um modo de
ser discípulos missionários que tem uma diversidade muito grande dentro da
Igreja. Segundo o cardeal, “para que o povo de Deus caminhe, para que o povo de
Deus se dinamize, para que o povo de Deus seja povo de Deus, o Espírito Santo
vai suscitando dentro da Igreja ações e vai suscitando ministérios diferentes,
serviços pastorais diferentes”. Por isso, ele chamou aqueles que trabalham na
Pastoral Vocacional a ajudar “as nossas comunidades a refletirem, a pensarem, a
rezarem as vocações a que cada um, cada uma é chamado, mas para o bem do povo
de Deus”.
Ele insistiu
em não ver a vocação como algo em benefício próprio, afirmando que “a vocação nunca
é para mim, a vocação é para o povo de Deus”. Isso todas as vocações, que são “para
visibilização do Reino de Deus”, chamando a abordar a questão das vocações “para
que o povo de Deus seja servido, para que o povo de Deus seja mais dinamizado,
para que nossa Igreja seja cada vez mais uma Igreja em saída, para que a nossa Igreja
seja cada vez mais uma Igreja samaritana, para que nossa Igreja seja cada vez
mais misericordiosa, para que nossa Igreja seja cada vez mais consoladora”.
O trabalho
vocacional tem que olhar não só o chamado, mas a missão dentro do povo de Deus,
segundo Dom Leonardo. Ele relatou sua experiência de vida na infância, numa “comunidade
que tinha consciência de ser comunidade”, uma comunidade que mais de 60 anos
atrás, não tendo presbítero, a comunidade se reunia para a oração e a leitura da
Palavra de Deus, “sempre com a consciência de que eles pertenciam à Igreja e
que eles tinham um papel importante dentro da Igreja”, até o ponto de enviar
alguém para se formar para ser professor e catequista, e de rezar sempre no
final das celebrações pelas vocações.
Quando
chegou o primeiro padre para aquela região, ele não tomou conta da comunidade,
ele percebeu que era uma Igreja organizada e ele entrou dentro da dinâmica, fez
ver o cardeal. É por isso que ao falar de vocação, “nós estamos falando de
vocação do Batismo, essa responsabilidade de se sentir Igreja, leigos e leigas
que se sentem Igreja, celebram como Igreja”, destacando a importância dos
muitos ministérios presentes hoje na Igreja, “que ajudam as nossas comunidades
a se sentirem comunidade, a se sentirem povo de Deus”, chamando a mostrar como
Pastoral Vocacional em primeiro lugar que “nós somos povo de Deus e que como
povo de Deus, o ser leigo, leiga dentro da Igreja é uma vocação”.
O ponto
mais essencial do serviço de acompanhamento vocacional é mostrar “esse aspecto
de responsabilidade da comunidade, do batizado, da batizada, esse ser Igreja”. Nesse
sentido, pensando na sinodalidade, o cardeal Steiner, que será membro da
Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, destacou “a importância que tem a
vocação laical”. Uma toma de consciência de ser povo de Deus que faria com que
cada batizado fosse muito mais atuante dentro da sociedade, muito mais presentes
na questão da justiça, da política, mas como Igreja.
Toda vocação
tem como base o ser Igreja, “nós primeiro somos batizados, depois que vamos
assumindo as vocações para a qual Deus vai nos chamando”, ressaltou Dom
Leonardo. O Sínodo ajuda a perceber, afirmou o cardeal, que “a nossa Igreja,
ela só é Igreja na medida em que todos nós vamos participando ativamente,
assumindo nossa responsabilidade de batizados e batizadas”, algo que se
concretiza nas assembleias em diferentes níveis que se realizam na Amazônia, e
que são “sinal da nossa sinodalidade”, vendo o ser bispo, padre, vida
consagrada como “estarmos ao serviço do povo de Deus”, como “uma monstração da Igreja
ao serviço do Reino de Deus”, reconhecendo a importância de cada vocação, mas
sempre dentro do povo de Deus, onde cada um assume uma função.
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