sábado, 8 de julho de 2023

Encontro da Pastoral Vocacional Regional: “A vocação nunca é para mim, a vocação é para o povo de Deus”


Retomar as vocações na Igreja, retomar as vocações no Povo de Deus foi o desafio que Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil apresentou aos mais ou menos 30 representantes das dioceses e prelazias do Regional que participam do Encontro da Pastoral Vocacional que se realiza no Seminário São José de Manaus de 7 a 9 de julho.

Um encontro que já acontece no mês de julho por mais de 30 anos, segundo Dom José Albuquerque de Araújo, bispo de Parintins e bispo referente da Pastoral Vocacional no Regional Norte1 da CNBB, que é momento de formação, de avaliação da caminhada feita e de planejamento, um momento para compartilhar o que pode ser compartilhado o que as dioceses e prelazias estão preparando para o Mês Vocacional, que acontece todo ano no Mês de Agosto.

Um momento para revitalizar a Pastoral Vocacional nas dioceses e prelazias, segundo Dom José, para acolher os novos, um dado importante dado a muita mobilidade na região, principalmente no interior, insistindo na importância da participação dos leigos “para garantir que vai haver continuidade, que cada diocese vai ter alguns leigos que façam depois esse repasse para as paróquias e comunidades”.

Um encontro que “neste ano tem um sabor especial”, segundo o bispo de Parintins, dado que o Brasil está vivendo o 3º Ano Vocacional, compartilhando o que se fez desde a abertura do Ano Vocacional em novembro de 2022, buscando “se animar e contagiar outros, sempre com essa proposta de que o Serviço de Animação Vocacional, ele quer ser uma forma da gente concretiza a sinodalidade da Igreja”, pois a vocação está presente na vida de todos aqueles que fazem parte da comunidade, e tudo o que SAV realiza é “sempre com esta convocação de que todo mundo possa caminhar juntos”. Ele insistiu em “não reduzir a reflexão vocacional a simplesmente promover as seminários e as casas religiosas”, e sim para que “todo mundo se sinta chamado, vocacionado, para ser cristão e para que na comunidade possa colocar em prática os ensinamentos de Cristo”.




Pertencemos todos ao povo de Deus e se faz necessário conceber a Igreja como povo de Deus destacou o cardeal Steiner, afirmando que “nós somos descendência do Verbo Encarnado, nós somos descendência de Jesus Crucificado, Ressuscitado”. Segundo o presidente do Regional Norte1, “nós todos somos chamados a viver o discipulado”, lembrando que o Documento de Aparecida nos chama a todos de discípulos e discípulas missionários, algo que nasce do Batismo, que é o primeiro chamado, pelo fato de pertencermos ao povo de Deus.

Um modo de ser discípulos missionários que tem uma diversidade muito grande dentro da Igreja. Segundo o cardeal, “para que o povo de Deus caminhe, para que o povo de Deus se dinamize, para que o povo de Deus seja povo de Deus, o Espírito Santo vai suscitando dentro da Igreja ações e vai suscitando ministérios diferentes, serviços pastorais diferentes”. Por isso, ele chamou aqueles que trabalham na Pastoral Vocacional a ajudar “as nossas comunidades a refletirem, a pensarem, a rezarem as vocações a que cada um, cada uma é chamado, mas para o bem do povo de Deus”.

Ele insistiu em não ver a vocação como algo em benefício próprio, afirmando que “a vocação nunca é para mim, a vocação é para o povo de Deus”. Isso todas as vocações, que são “para visibilização do Reino de Deus”, chamando a abordar a questão das vocações “para que o povo de Deus seja servido, para que o povo de Deus seja mais dinamizado, para que nossa Igreja seja cada vez mais uma Igreja em saída, para que a nossa Igreja seja cada vez mais uma Igreja samaritana, para que nossa Igreja seja cada vez mais misericordiosa, para que nossa Igreja seja cada vez mais consoladora”.

O trabalho vocacional tem que olhar não só o chamado, mas a missão dentro do povo de Deus, segundo Dom Leonardo. Ele relatou sua experiência de vida na infância, numa “comunidade que tinha consciência de ser comunidade”, uma comunidade que mais de 60 anos atrás, não tendo presbítero, a comunidade se reunia para a oração e a leitura da Palavra de Deus, “sempre com a consciência de que eles pertenciam à Igreja e que eles tinham um papel importante dentro da Igreja”, até o ponto de enviar alguém para se formar para ser professor e catequista, e de rezar sempre no final das celebrações pelas vocações.



Quando chegou o primeiro padre para aquela região, ele não tomou conta da comunidade, ele percebeu que era uma Igreja organizada e ele entrou dentro da dinâmica, fez ver o cardeal. É por isso que ao falar de vocação, “nós estamos falando de vocação do Batismo, essa responsabilidade de se sentir Igreja, leigos e leigas que se sentem Igreja, celebram como Igreja”, destacando a importância dos muitos ministérios presentes hoje na Igreja, “que ajudam as nossas comunidades a se sentirem comunidade, a se sentirem povo de Deus”, chamando a mostrar como Pastoral Vocacional em primeiro lugar que “nós somos povo de Deus e que como povo de Deus, o ser leigo, leiga dentro da Igreja é uma vocação”.

O ponto mais essencial do serviço de acompanhamento vocacional é mostrar “esse aspecto de responsabilidade da comunidade, do batizado, da batizada, esse ser Igreja”. Nesse sentido, pensando na sinodalidade, o cardeal Steiner, que será membro da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, destacou “a importância que tem a vocação laical”. Uma toma de consciência de ser povo de Deus que faria com que cada batizado fosse muito mais atuante dentro da sociedade, muito mais presentes na questão da justiça, da política, mas como Igreja.

Toda vocação tem como base o ser Igreja, “nós primeiro somos batizados, depois que vamos assumindo as vocações para a qual Deus vai nos chamando”, ressaltou Dom Leonardo. O Sínodo ajuda a perceber, afirmou o cardeal, que “a nossa Igreja, ela só é Igreja na medida em que todos nós vamos participando ativamente, assumindo nossa responsabilidade de batizados e batizadas”, algo que se concretiza nas assembleias em diferentes níveis que se realizam na Amazônia, e que são “sinal da nossa sinodalidade”, vendo o ser bispo, padre, vida consagrada como “estarmos ao serviço do povo de Deus”, como “uma monstração da Igreja ao serviço do Reino de Deus”, reconhecendo a importância de cada vocação, mas sempre dentro do povo de Deus, onde cada um assume uma função.

Nenhuma vocação é mais, nenhuma vocação é menos, mas todas a serviço”, enfatizou o presidente do Regional Norte1, que vê as vocações como “perceber melhor o chamado que Deus faz”, insistindo em que vocação “não é apenas uma opção pessoal”, um chamado que é um compromisso. Ele chamou a entender a vocação como chamado, a viver “o encantamento que vai dando fidelidade, que vai dando maturidade, que vai abrindo horizontes, e aí a vocação é assumida com gratidão”.  Finalmente, ele pediu entender a vocação como responsabilidade e que todas as comunidades rezem pelas vocações.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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