O Congresso
Internacional da SOTER, que tem reunido presencialmente e on-line mais de 600 congressistas
de 11 a 14 de julho, tendo como foco a Amazônia, contou em seu último dia com a
presença de Moema Miranda, que refletiu sobre “A Amazônia e a Igreja do Brasil:
desafios para a ecologia integral e a ecoespiritualidade”
Desde seu
chamado a um olhar esperançoso, a uma esperança muito frágil que não se perde
na catástrofe, mas também não nega essa catástrofe, Moema Miranda centro sua
intervenção em três elementos: floresta, mundo, Igreja.
A floresta,
que ela vê como aquilo que está do outro lado, como “um grande acontecimento
biotecnológico em que milhares de seres humanos se encontram e interagem”. Isso
nos desafia a pensar no mundo em um mundo complexo, cada vez mais complexo.
Diante disso a Igreja na Amazônia está motivada por uma mística de quem não arreda
o pé, uma mística madalena, inspirada em mulheres que caminhando juntas puderam
construir a possibilidade de hoje falar de uma Igreja que hoje constrói a possibilidade
de novos vínculos, de novas alianças.
Analisando
a realidade, Moema Miranda disse que no tempo atual, “estamos passando a viver
em uma terra que não conhecemos, um planeta cada vez mais complexo e com mais
dificuldade”. Um mundo onde tudo está interligado pela lógica do capital, uma
das imensas ameaças para a Amazônia brasileira, denunciando que 80% do
desmatamento da Amazônia brasileira deve-se ao avanço da pecuária, algo que vai
unido à ameaça crescente do avanço da mineração.
A leiga
franciscana definiu a floresta como “essa comunidade ecumênica da vida à qual
nós podemos mudar o nosso olhar e aprender dela a conviver”. Uma floresta onde
aqueles que a defendem são vítimas da perseguição, da violência e da morte. Situações
que são provocadas pelo sistema capitalista, que se apresenta em diferentes
modos e realidades, apresentando o novo conceito de “hidra capitalista”, em uma
sociedade onde tem acontecido uma institucionalização do delito.
Diante
dessa realidade, ela fez a proposta de alternativas, que levem a descobrir que “a
selva não é ameaça, a selva salva”, colocando como exemplo disso as quatro crianças
perdidas na floresta amazônica na Colômbia durante 40 dias, que sobreviveram
porque elas estiveram em sintonia com a natureza, com uma selva que em cada centímetro
tem sua espiritualidade.
A Igreja na
Amazônia hoje habita um mundo muito diferente ao mundo de 1972, uma data de
grande importância. Diante disso sua proposta é um caminho de volta para casa,
que não é só uma casa, um tempo de reconstruir caminhos e reconfigurar nosso
lugar. Nessa Igreja da Amazônia, Moema refletiu sobre a figura da Ir. Dorothy, que
foi para a Amazônia porque se sentiu chamada pela floresta. Ela lembrou o testemunho
de quem conviveu com ela, que vê seu sangue como “um sangue que fertilizou a
terra”, e afirma que “ela foi plantada e continua a crescer, ela foi convertida
em encantado, ela foi sendo ressignificada como vida e ela continua presente na
caminhada, viva, criando novas formas de vida, de resistência, de barrar o fim
do mundo”.
A Ir.
Dorothy é considerada por Moema Miranda como exemplo de uma espiritualidade
encarnada, “o espírito dela continua presente”, vendo a religiosa como mártir e
santa do povo da floresta, “ela foi chamada pela floresta e se fez uma com
muitos outros”.
É por isso
que se faz necessária uma conversão à cosmofilia, a amar o cosmos. Uma atitude
presente nos povos indígenas, destacando o trabalho realizado pelo Conselho
Indigenista Missionário (CIMI), que ajudou a recriar as identidades dos povos
indígenas e a tomar consciência de seu ser indígenas, de povos diferentes, mas
unidos. Ela também destacou um outro exemplo do trabalho da Igreja com os povos
indígenas, o realizado pelas irmãzinhas de Foucauld com os Tapirapés, um povo
condenado a desaparecer que ressurgiu com sua presença samaritana.
Finalmente,
Moema Mirando insistiu em que “uma releitura apocalíptica hoje nos coloca em
disputa contra o império capitalista, que não tem a última palavra”. Diante
disso, ela enfatizou que “Cristo aponta para a Amazônia, onde Ela já habitava
antes da chegada daqueles que vieram destruir”, desafiando a estar dispostos a
acreditar nos espíritos da floresta, se colocar na escuta daqueles que hoje
ainda escutam as árvores. E fazê-lo como uma Igreja madalena, acolhedora, que
não tem medo porque ama.
Igreja Madalena que insiste na realidade do Amor entrega biodiverso, creditado por Ir Doroty, defendido po Dom Claudio Hummes, que há de ser reconstruído por maos femininas, Franciscanas como as de Moema. Paz e Bemo por Ir.
ResponderExcluirObrigada pela matéria. Essa conferência foi maravilhosa.
ResponderExcluirMolto interessante. Urge cambiare angolazione nei confronti della natura. Ci vuole più rispetto. 🙏.
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