sexta-feira, 22 de setembro de 2023

23 de setembro: Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças


Mulheres e meninas são as maiores vítimas da exploração sexual ligada ao tráfico de pessoas
O tráfico para fins de exploração sexual de mulheres e meninas é uma violência velada. No Brasil, sobretudo nas fronteiras, esse crime perverso acontece com maior frequência em razão da ausência dos serviços de fiscalização. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), estima que a exploração sexual ligada ao tráfico de pessoas movimenta mais de 30 bilhões de dólares por ano. Para enfrentar esse tipo de violência contra mulheres e crianças é necessário denunciar e ter ações concretas de conscientização. A Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reforça a importância das ações para o dia 23 de setembro, Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças para afirmar que o tráfico de pessoas existe e precisa ser enfrentado.
A data de mobilização de 23 de setembro foi definida no ano de 1999, na Conferência Mundial de Coligação contra o Tráfico de Mulheres, realizada na Argentina e com a participação de diversas representações mundiais. Desde a criação da Comissão de enfrentamento ao tráfico de pessoas da CNBB, foram realizadas diversas mobilizações para trabalhar estratégias de proteção de mulheres, meninas e meninos. Formar, informar e denunciar são ferramentas importantes de combate. Através das mobilizações das pastorais, coletivos e organizações é possível construir redes que promovem a cultura do cuidado, realizando seminários e formando agentes multiplicadores que ajudam as pessoas identificar as formas de aliciamento e detectar as situações de crimes.
A irmã Marie Henriqueta Cavalcante que coordena o enfrentamento, a violência sexual e o tráfico de pessoas pela Comissão Justiça e Paz da CNBB Norte 2 e preside o Instituto de Direitos Humanos Dom José Luiz Azcona em Belém (PA), diz que as mobilizações para o dia 23 de setembro precisam ser intensificadas e desenvolver diversas formas para a sociedade tomar conhecimento desse tipo de crime que existe e precisa ser visibilizado. Recentemente (19/09) ela venceu o Prêmio Inspiradoras 2023, uma iniciativa do Instituto Avon e da plataforma Universa UOL. O prêmio  tem como missão descobrir, reconhecer e dar maior visibilidade a mulheres que se destacam na luta para transformar a vida de mulheres brasileiras. Em entrevista para o Audiorreportagem “Na Trilha do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas” da CEETH, da qual ela também integra, falou sobre o enfrentamento realizado em rede.
Porque é importante intensificar ainda mais as mobilizações nesta data do dia 23 de setembro?
Henriqueta Cavalcante – É importante que todos nós, que lutamos contra esse crime, possamos intensificar as ações diversificadas. É a partir da nossa fala do conhecimento que nós levamos as informações para a população ter conhecimento que esse crime existe e precisa ser enfrentado. É preciso investir muito mais neste tema para maior visibilidade. A visibilidade conscientiza as pessoas para não aceitarem propostas enganosas para esse fim, que é a exploração sexual.
Quais os sinais sociais de nossa realidade brasileira que facilita o aliciamento de mulheres, meninas e de meninos ao tráfico de pessoas, mas sobretudo o tráfico para a exploração sexual?
Henriqueta Cavalcante – Consideramos quatro tipos de movimentos que envolvem o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual. O primeiro movimento é o estrutural que é intenso. Por isso exige esforço de todas as instituições, de todos os organismos da nossa sociedade civil. Temos que levar em consideração que a questão socioeconômica das pessoas vulneráveis é desesperadora e leva a assumirem essas propostas enganosas. O segundo movimento é o da ganância. Aqueles que estão envolvidos na negociação de dívidas de vidas humanas, são capazes de tudo em nome da ganância e do capital. Por isso fazem propostas enganosas e oferecem coisas grandiosas e as pessoas também acabam caindo nessas armadilhas. Um terceiro movimento, que eu considero hoje muito grave, e que nós temos contemplado aqui na nossa região norte do país, são as redes sociais. Muitas adolescentes, muitas crianças e mulheres são enganadas e conduzidas, inclusive com muita rapidez para o crime e caem nessas organizações criminosas. E considero que um quarto movimento, que é ainda mais grave, é a impunidade destes crimes.
Qual é o papel do Estado Brasileiro diante deste crime perverso que acontece no Brasil?
Henriqueta Cavalcante – O papel fundamental do Estado é pensar em ações conjuntas, não é possível trabalhar isoladamente diante deste tipo de crime que é muito perigoso. É um crime organizado e nós também precisamos de ações organizadas. Então o estado brasileiro além do papel de pensar em políticas necessárias e fundamentais para esse enfrentamento, deve sustentar ações enérgicas e eficazes para fazer com que as pessoas que são envolvidas nesse crime sejam responsabilizadas pela lei. Nós precisamos fazer com que o estado cumpra as leis que estão expostas para esse enfrentamento.
Ouça a entrevista completa “Na Trilha do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas” através da plataforma do Spotify. Irmã Henriqueta fala sobre as modalidades do crime e as formas de aliciamento. Entre as ações para enfrentar o tráfico de mulheres e crianças para a exploração sexual, é importante fazer a denúncia que contribui no combate e mapear as regiões onde acontece esse tipo de violência. Mesmo que as denúncias sejam baseadas em suspeitas, pode ser feita através do Disque 100 ou pelo Disque Denúncia 181 outra forma de buscar ajuda  é procurar pelas organizações ligadas à igreja católica e solicitar orientações e ajuda.


Por Cláudia Pereira| Comunicação  CEETH

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