domingo, 22 de outubro de 2023

À espera de um Documento de Síntese que instigue a ser, e não apenas a agir, Igreja Sinodal


A Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que tem como principal objetivo trazer de volta o Concílio Vaticano II, está se preparando para enfrentar a última semana. As tardes de sábado e os domingos são dias sem trabalho na Sala Sinodal, mas isso não significa que tudo pare. Às vezes, grandes decisões são tomadas nos bastidores.

Importância do Documento de Síntese

Enquanto aguardamos uma semana que deve ser decisiva, porque, embora haja uma tentativa de negar sua transcendência, o Documento Síntese é de fundamental importância para que o processo continue e o faça com um senso de pertencimento por parte de toda a Igreja, estamos diante de sete dias, nem todos de trabalho na Sala Paulo VI, que podem fazer com que o Sínodo da Sinodalidade possa ou não ser visto como um instrumento de reforma na Igreja.

Ao trazer de volta o Concílio Vaticano II, é de fundamental importância como combinar os capítulos 2 e 3 da Lumen Gentium, a relação entre o povo de Deus e a hierarquia, um ponto chave se quisermos falar de uma Igreja sinodal. Em alguns continentes, especialmente na América Latina, tem sido mais fácil combinar esse caminho entre a hierarquia e o povo de Deus. Outras igrejas parecem estar a caminho, há algumas que gostariam de chegar lá e estão tentando, e há aquelas que dizem abertamente que não querem andar nesse caminho.



Modo de ser e não apenas de agir

Nesta Igreja, a sinodalidade não pode continuar sendo um modo de agir, ela precisa ser assumida como o modo de ser da Igreja. E é aí que entra em jogo a questão da autoridade, que muitos entendem como poder. O medo é perder o poder, pois isso significaria perder uma autoridade que deveria se basear no Evangelho e nas atitudes evangélicas, e não no lugar que cada um ocupa.

Não podemos esquecer que, em uma Igreja sinodal, o poder deriva do sacramento do Batismo e não do sacramento da Ordem, ninguém deve pensar que tem mais poder, embora esse pecado seja muito comum, pelo fato de ser um ministro ordenado. Mas isso é algo que é experimentado e sofrido em todos os níveis da Igreja, desde o conselho pastoral de uma comunidade ou paróquia até níveis mais amplos, onde a importância das decisões é mais abrangente. E, no final, há muitas pessoas que se cansam dessa maneira de ser Igreja e acabam vivendo sua fé nas catacumbas.

Ferramentas para um debate aberto

Abordar essas questões deve ser uma preocupação para uma Assembleia Sinodal que confiou a uma comissão a elaboração desse Documento de Síntese, mas que será votado e aprovado por aqueles que são membros da Assembleia Sinodal. São temas que devem constar no Documento de Síntese, temas teológicos, baseados na Tradição e no Magistério da Igreja, para que possam ser discutidos abertamente nos diferentes níveis da Igreja entre as duas sessões da Assembleia Sinodal, para que o processo seja alimentado.

O processo de escuta sinodal abriu muitas expectativas, muitas pessoas se sentiram um pouco mais importantes na Igreja, não foram mais tratadas como crianças que não podem falar, mas apenas obedecer. Ficar no método, no agir, não determinará o ser, o fundamento da Igreja, e isso é algo que não pode ser perdido de vista se quisermos ter uma perspectiva de médio e longo prazo, se quisermos pensar em como ser Igreja quando em muitos lugares não somos a maioria, se quisermos dar respostas a muitos, especialmente mulheres e jovens, que hoje não estão encontrando isso na maneira atual de ser Igreja. Não vamos deixar a oportunidade passar mais uma vez…



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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