Em uma Igreja formada por homens e mulheres, somos chamados a refletir sobre os sentimentos humanos a fim de compreendê-la. Um dos sentimentos mais fortes em nossa vida, que todos nós já experimentamos em momentos diferentes e com pessoas diferentes, é o da amizade, que podemos considerar um pressuposto fundamental em uma Igreja sinodal.
Amizade para o fluxo do discernimento
Na véspera da primeira sessão da Assembleia Sinodal do
Sínodo sobre Sinodalidade, ter esses sentimentos de amizade pode ser
decisivo para que o processo de discernimento flua. A amizade é um
sentimento que nos aproxima dos outros, que me faz olhar para eles com outros
olhos, que gera empatia, uma atitude que não pode ser negligenciada em uma
sociedade, também em uma Igreja, que está dividida.
Os membros do Sínodo estão sendo desafiados a orar
sobre isso, para que essa amizade possa gerar sentimentos de unidade,
condição necessária para caminharmos juntos, para sermos uma Igreja sinodal.
Sentimentos que devem estar acima de pensamentos e posições diferentes, pois para
ser amigo não é essencial pensar tudo da mesma forma. Mas é verdade que, com
bons amigos, é mais fácil chegar a um terreno comum que nos permita continuar
avançando juntos, sentindo sua presença como algo que nos enriquece.
Uma presença que cura
Na Igreja, essa amizade se traduz em comunhão, um dos
elementos presentes neste Sínodo, uma comunhão que nos remete a Deus, mas
também aos outros, aos amigos, como uma presença que nos cura, que nos dá a
mão na dificuldade, que nos ajuda a entender o que, a princípio, é difícil para
nós, que nos dá a possibilidade de tecer redes comuns.
No final das contas, aqueles que participam da
Assembleia Sinodal o fazem em representação da Igreja que lhes confiou essa
missão. Seja de uma conferência episcopal, seja de uma das sete regiões em que
o Sínodo foi dividido para a etapa continental, seja por delegação do Papa
Francisco, que convocou aqueles cuja presença ele considerou necessária,
incluindo pessoas que pensam de forma diferente, mas que ele não considera
inimigas.
Um Sínodo que deve ser uma forma de tornar realidade o
que muitos consideram "amizades impossíveis". A sinodalidade
deve ser um instrumento que possibilite o encontro com aqueles com quem a
escuta, o diálogo e o discernimento em comum levam à descoberta de riquezas
interiores que nossos simples sentimentos humanos não nos permitiram perceber.
O grande desafio é entrar na dinâmica do "nós" e, para isso, é
necessário concretizar aquela amizade que alimenta nossa vida, que nos ajuda a
superar nossas dúvidas juntos e a dar passos adiante juntos, entre nós e com o
Deus que, em Jesus, se torna nosso melhor amigo.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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