A primeira
sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que está sendo
realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, de 4 a 29 de outubro, teve mais uma
semana. De segunda-feira, 9 de outubro, a sábado 14, os membros do Sínodo das
Mesas Redondas concluíram o segundo Módulo, o B1, e iniciaram os trabalhos
do B2, o terceiro módulo em que se divide o Instrumentum Laboris.
Comunhão, o fundamento e a fonte do ser Igreja
Ambos os
módulos seguiram o mesmo esquema: uma introdução do relator geral, uma análise
da perspectiva da espiritualidade e da teologia e vários testemunhos. No Módulo
B1, que teve a comunhão como tema principal, o Cardeal Hollerich afirmou que
"a Santíssima Trindade é a base de todas as comunhões" e insistiu que
"todos são convidados a fazer parte da Igreja". Por sua vez, o Padre
Timothy Radcliffe apresentou a Igreja sinodal como "aquela em que somos
formados para um amor sem posses", e a teóloga Anna Rowlands disse que a
comunhão é "o fundamento da realidade e a fonte do ser da Igreja",
convidando a pensar "na comunhão como a primeira e a última palavra de um
processo sinodal". A apresentação foi concluída com quatro testemunhos de
como viver a sinodalidade no Brasil, nas Igrejas Orientais e no mundo asiático.
Nesse
caminho sinodal, somos chamados a descobrir que a diversidade nunca é uma
ameaça, pois existem "maneiras diferentes de fazer as mesmas coisas",
como disse o Cardeal Tobin em uma coletiva de imprensa, insistindo para que
seja "um Sínodo que seja livre para falar e enfatizar todas as grandes
questões". Um Sínodo no qual Liliana Franco disse não sentir "que há
agendas ocultas". Um caminho sinodal que, para se tornar realidade, é
necessário passar do "eu" ao "nós", para ser "uma
orquestra sinfônica na qual cada um tem seu próprio instrumento", como
afirmou o Cardeal Lacroix, insistindo que "nos ajuda a descobrir a
presença do Senhor em cada batizado".
Corresponsabilidade na missão
Nesta
Assembleia Sinodal, que segue o método de conversação espiritual nos
chamados círculos menores ou comunidades de discernimento comunitário,
distribuídas em 35 mesas redondas, dinâmica que está sendo muito elogiada pelos
participantes, o respeito, a sensibilidade e a acolhida são necessárias para
resolver o difícil e complexo que evidentemente existe.
Após uma
visita às Catacumbas de Roma, momento em que os participantes da Assembleia
Sinodal puderam respirar o ar dos primeiros cristãos, na sexta-feira iniciaram
os trabalhos do terceiro Módulo, que visa aprofundar a corresponsabilidade na
missão, buscando compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho. Uma missão
que pertence a todos os batizados, homens e mulheres, "o batismo das
mulheres não é inferior ao dos homens", disse o Cardeal Hollerich, que
ressaltou a importância da missão no campo virtual.
Reconhecendo as mulheres para o bem da Igreja
Nesse
sentido, a monja beneditina Maria Grazia Angelini, inspirada nas atitudes de
Jesus e na vida das primeiras comunidades cristãs, definiu o maior
reconhecimento e a promoção da dignidade batismal das mulheres como algo não
mundano, "mas para o bem da Igreja". Algo que se expressa na "Corresponsabilidade
sinodal na missão evangelizadora", um aspecto que foi apresentado pelo
teólogo argentino Carlos Galli.
O que essa
corresponsabilidade implica na prática foi apresentado nos testemunhos, que
refletiram sobre o papel das mulheres na Igreja, cujo caminhar "está cheio
de cicatrizes, de situações que envolveram dor e redenção"; sobre a missão
no ambiente digital, "um território ideal para uma Igreja sinodal
missionária, na qual todos os batizados assumem a corresponsabilidade de
evangelizar"; e sobre o ministério do bispo, chamado a promover
"uma comunhão missionária dentro da Igreja diocesana" e
"favorecer uma mentalidade moldada pelo pensamento sinodal".
Uma
Congregação Geral, a da sexta-feira 13, que pela primeira vez na história, uma
mulher, a religiosa mexicana Dolores Palencia, que viveu seus mais de 50 anos
de vida religiosa nas periferias, assumiu o papel de presidenta delegada em uma
assembleia sinodal. "Uma experiência muito profunda, muito comovente,
estar sentada na mesma mesa redonda com o Papa", segundo a religiosa da
Congregação de São José de Lyon, para quem esse serviço a ajuda a
"perceber que essa é uma maneira de viver para sempre e no futuro a
corresponsabilidade que todos nós temos como batizados", e ela o vê como
"um símbolo dessa abertura e desse desejo de que todos nós caminhemos
em igualdade e juntos".
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