Publicado
pelas Edições Vaticanas em 6 de outubro, com três textos, dois do Cardeal Jorge
Mario Bergoglio e um do Papa Francisco, o Santo Padre deu este presente,
presumimos que na esperança de que o leiam e que os ajude no processo de
discernimento, aos padres e madres sinodais que, de 4 a 29 de outubro, estão
participando da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade.
O título do livro é "Santos, não mundanos. Deus nos salva da corrupção
interior".
Mundanismo espiritual
Uma
publicação que começa dizendo que "a fé cristã é uma luta, uma batalha
interior para vencer a tentação de nos fecharmos em nós mesmos e nos deixarmos
habitar pelo amor de um Pai que deseja a nossa felicidade", referindo-se
ao mundanismo espiritual, que ele define como "paganismo disfarçado com
vestes eclesiásticas". O Santo Padre pede que a Igreja esteja
"suficientemente próxima da cruz de seu Senhor" como fonte de
fecundidade e uma forma de santidade, que envolve "o desejo incessante e
inabalável de permanecer unida à cruz de Jesus".
“Corrupção
e pecado. Somente diante de Deus ou de uma criança devemos nos ajoelhar" é
o primeiro texto, denunciando a corrupção como "uma das realidades
habituais da vida". Para enfrentá-la, ele propõe "sacudir nossas
almas com o poder profético do Evangelho, que nos coloca na verdade das coisas,
removendo a folhagem da fraqueza humana, para a corrupção". O cardeal Bergoglio
convidou todos a dizerem sem medo para si mesmos: "Pecador, sim, corrupto,
não! O texto analisa o significado do pecado na vida humana, bem como a
corrupção.
Com esse
texto, ele queria ajudar a "compreender o perigo de colapso pessoal e
social que a corrupção acarreta; e também nos ajudar a ser vigilantes, porque
um estado diário de cumplicidade com o pecado pode nos levar à corrupção".
Análise da corrupção
O texto
analisa a corrupção do ponto de vista do Método, procurando evitar que a
corrupção se torne um lugar comum de referência, ajudando-nos a entrar na
estrutura interna do estado de corrupção, a descrever o modo de proceder de uma
pessoa, de um coração corrupto (diferente do de um pecador) e a passar por
algumas das formas de corrupção com as quais Jesus teve de lidar em seu tempo,
analisando a corrupção entre os religiosos.
Ele insiste
em não confundir pecado com corrupção, afirmando que "o pecado é perdoado;
a corrupção, porém, não pode ser perdoada". Por isso, falando sobre o
fingimento, ele ressalta que "a corrupção, em vez de ser perdoada, deve
ser curada", porque é "uma daquelas doenças vergonhosas que se tenta
esconder, e se esconde até que não possa mais ser escondida". Uma
realidade que leva à comparação, buscando "encobrir sua incoerência, para
justificar sua própria atitude", uma comparação distorcida. Uma comparação
que leva ao julgamento, querendo parecer equilibrado, e do julgamento à falta
de vergonha, que leva a se voltar contra si mesmo, a se contentar com uma
mentira, que leva a uma modesta falta de vergonha.
Evitando o triunfalismo
O texto
reflete sobre o triunfalismo, que ele define como um terreno ideal para
atitudes corruptas que fazem com que as pessoas se sintam vencedoras e integrem
situações estáveis de degeneração em sua personalidade, levando-as a perder a
esperança. Uma corrupção que leva a "reler os mistérios eclesiais com
parâmetros de redenções políticas ou mesmo de realidades político-culturais das
pessoas, mesmo que sejam boas, as tornará cúmplices em sua escolha de
estilo". Enquanto na tentação do pecado a tentação cresce, se espalha e se
justifica, a corrupção se consolida, convoca e estabelece a doutrina, afirma o
texto.
Voltando ao
tempo de Jesus, aparecem histórias que são uma amostra da corrupção, analisando
as atitudes de diferentes grupos e pessoas. A partir daí, ele chega à conclusão
de que "a corrupção não é um ato, mas um estado, um estado pessoal e
social, no qual a pessoa se acostuma a viver". Uma corrupção presente
naqueles que são religiosos, porque "a alma se acostuma com o mau cheiro
da corrupção".
"Resistir ao formalismo hipócrita".
Finalmente,
o livro inclui a Carta aos sacerdotes da diocese de Roma, intitulada
"Resistir ao formalismo hipócrita", escrita em 5 de agosto, onde
afirma a necessidade de "trocar olhares cheios de cuidado e compaixão,
aprendendo de Jesus que olhava assim para os apóstolos, sem exigir deles um
roteiro ditado pelo critério da eficiência, mas oferecendo atenção e
descanso".
Aos
sacerdotes, Francisco diz que se sente "no caminho com vocês",
mostrando sua proximidade com eles em todas as circunstâncias, questionando-os:
"neste nosso tempo, o que o Senhor pede de nós? Onde nos guia o Espírito
que nos uniu e nos enviou como apóstolos do Evangelho?", chamando-os a
refletir sobre o mundanismo espiritual e mostrando seu perigo, porque
"reduz a espiritualidade a uma aparência", a um formalismo hipócrita
criticado por Jesus em certas autoridades religiosas da época, a uma tentação.
Ele também
relaciona o mundanismo espiritual ao clericalismo, querendo se mostrar como
"superior, privilegiado, colocado 'no alto' e, portanto, acima do resto do
povo santo de Deus". Diante disso, ele mostra a necessidade de "olhar
para Jesus, para a compaixão com que ele vê nossa humanidade ferida, para a
gratuidade com que ele ofereceu sua vida por nós na cruz". Ele pede que
permaneçam vigilantes em relação ao clericalismo e que rezemos uns pelos
outros, para que Deus "nos ajude a não cair, tanto em nossa vida pessoal
quanto em nossa ação pastoral, nessa aparência religiosa cheia de tantas
coisas, mas vazia de Deus, para não sermos funcionários do sagrado, mas
anunciadores apaixonados do Evangelho".
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