quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Cidadão em um Estado onde nem todos têm cidadania


Receber o título de cidadão é uma honraria que muitas pessoas têm recebido ao longo da história, no Estado do Amazonas, e em tantos outros espaços. Na terça-feira 28 de novembro, o cardeal Leonardo Steiner recebia o título de cidadão amazonense, algo que é motivo de alegria para muitos, pois representa um reconhecimento a alguém que encarnou a Amazônia e seus povos como uma causa.

Essa alegria tem que nos levar a um compromisso em prol da cidadania de todos aqueles que hoje vivem em um Estado onde os direitos fundamentais não são garantidos com políticas públicas que promovam a vida para todos, onde ninguém fique nas margens do caminho, do lado de fora da sociedade.

Um compromisso que tem assumido o cardeal Steiner desde que em 2020 chegou no Amazonas para assumir a missão de ser arcebispo de Manaus. Um compromisso que foi a mais um ano atrás com sua nomeação cardinalícia, que ele vive não como uma honra pessoal e sim como voz em defesa dos povos da Amazônia, em prol de direitos que a lei diz ser para todos, mas que a prática nos mostra que muitos são excluídos.



Os espaços que ocupamos, ainda mais quando tem a ver com a Igreja católica, sempre tem que ser para estar ao serviço dos outros, especialmente para ser voz daqueles que nunca foram escutados, inclusive daqueles a quem sempre tamparam sua boca, pretendendo que não sejam escutados seus clamores, seus gritos seculares de dor e sofrimento.

Ser cidadão tem que nos levar a olhar para a comunidade, para a totalidade da sociedade, a cuidar um dos outros, especialmente a cuidar daqueles que ninguém cuida, também não o poder público, mesmo sabendo que sua missão fundamental é o cuidado daquilo que é de todos, que realmente é esse poder público quem tem a obrigação de cuidar dos mais vulneráveis.

Uma religião é crível quando olha para aqueles que são descartados com um sentimento de cuidado, quando se posiciona em favor da cidadania daqueles que nunca foram vistos como cidadãos, porque nunca tiveram os direitos que tem que ter aqueles que são cidadãos. E não podemos esquecer que todas e todos tem que ter uma cidadania de pleno direito.

Lutemos por cidadania, por direitos, por vida plena, concretizemos uma sociedade mais humana, um Brasil com os mesmos direitos para todos e todas na prática, onde ser indígena, ribeirinho, mulher, negro, morador da periferia, não seja motivo para restar direitos, para recortar cidadania.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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