A
Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que acaba de concluir sua
primeira etapa, pode ser vista como uma novidade por alguns dos participantes,
mas não por Dom Miguel Cabrejos, que durante seus anos como presidente do
Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe promoveu essa dimensão sinodal
na Igreja através do Processo de Renovação e Reestruturação do CELAM, da
Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, das assembleias
continentais e de tantos outros momentos que podem ser considerados referências
no caminho dessa Igreja sinodal que o Papa Francisco está promovendo.
A referência da Primeira Assembleia Eclesial
O
presidente da Conferência Episcopal Peruana insiste em que "tudo é um
processo, um processo que começou há muito tempo". Nesse caminho, ele
destaca a Primeira Assembleia Eclesial, que, segundo ele, foi "não apenas
uma experiência, mas um testemunho autêntico de sinodalidade, onde 20% eram
bispos, 20% sacerdotes e diáconos, 20% religiosos e religiosas e 40% leigos e
leigas". Lembrando as palavras do Papa de que se tratava de algo sem
precedentes, o Arcebispo de Trujillo enfatizou que, além de ser apreciado na
época, "foi muito apreciado aqui, na Sala Sinodal. Vários grupos de
trabalho trouxeram à luz o testemunho daquela Primeira Assembleia
Eclesial".
Dom Miguel Cabrejos
insiste que se trata de um processo, "continuamos com este processo
sinodal e é uma experiência já vivida, é como reviver algo que já fizemos, e
talvez não seja algo novo para nós, como é para outros continentes, ou para
muitos bispos, algo totalmente novo". Com relação ao tema, que já foi
analisado e refletido, "também foi, em grande parte, um tema que já surgiu
na Primeira Assembleia Eclesial". O prelado peruano destacou que a
Assembleia Sinodal "é enriquecedora, um mês intenso de grande escuta, não
só de um continente, mas dos cinco continentes e das Igrejas Orientais, uma
experiência repetitiva, mas ao mesmo tempo valiosa e enriquecedora".
Uma experiência eclesial
Sobre o que
a América Latina e o Caribe contribuíram para a sinodalidade, Dom Miguel Cabrejos
destaca o processo que foi realizado, algo que o Cardeal Grech e o Cardeal
Hollerich valorizaram publicamente, afirmando que "esta assembleia
eclesial sinodal não teria sido possível se não houvesse uma boa base na
preparação e no desenvolvimento da Primeira Assembleia Eclesial da América
Latina e do Caribe". De acordo com o ex-presidente do CELAM, "a
grande contribuição é que foi uma experiência eclesial e este Sínodo é de fato
eclesial, é o Sínodo dos Bispos, mas ao mesmo tempo é uma experiência eclesial,
porque há religiosos e religiosas, sacerdotes, poucos é verdade, e leigos, mas
eles estão lá, e eles têm voz e voto", destacando isso como a contribuição
da América Latina e do Caribe.
Também
destacou que "a metodologia utilizada é a metodologia utilizada na
Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e nas regiões",
insistindo na experiência das quatro regiões. "O método da conversação
espiritual já foi utilizado na América Latina, como experiência, como
testemunho", enfatiza.
Seguindo o caminho do Vaticano II
Diante dos
possíveis temores de uma Igreja sinodal, o Arcebispo de Trujillo diz
abertamente que "não devemos ter medo de nada, porque certamente tudo o
que foi feito, e o que está sendo feito agora, porque ainda não está terminado,
está centrado nos grandes documentos do Vaticano II, na Lumen Gentium, na
Gaudium et Spes". Dom Miguel Cabrejos não hesita em afirmar que "o
tema da sinodalidade é o Vaticano II, o tema do Povo de Deus é o Vaticano II, o
tema da Igreja no mundo é o Vaticano II". Por isso, insiste em que
"nada está fora do Magistério, nada está fora da Igreja, nada está fora da
Bíblia", destacando que "a palavra sinodalidade não existe na Bíblia,
a palavra Sínodo está uma vez nas cartas de São Paulo, mas a Bíblia é muito
rica em testemunhos de sinodalidade, no Antigo e no Novo Testamento".
Isso
aparece "nessa maneira de estar juntos, de dialogar, é o método de Cristo,
Cristo primeiro se encarnou e depois caminhou com o povo, dialogou com o povo e
perguntou ao povo", enfatiza o arcebispo peruano. De acordo com ele,
"é um falso medo que eles têm, não há perda de ministerialidade, se você é
um bispo, você é um bispo, se você é um pároco, você é um pároco, mas é
enriquecido por uma grande escuta. Ouvir seus fiéis, ouvir seus sacerdotes,
ouvir os outros, a sociedade, e depois agir. Mas, no final, é um produto da
escuta e não apenas de uma decisão pessoal". Por isso, "quando há
pessoas que têm medo da horizontalidade, eu pessoalmente não entendo".
Fazendo o que Jesus fez e faria agora
Nesse
sentido, assinala que "pelo fato de ser religioso, franciscano, o
religioso compreende melhor o tema sinodal. É a vida das comunidades, dos
capítulos conventuais, dos capítulos provinciais, dos capítulos continentais e
universais". O medo, "talvez seja uma falsa percepção que eles
têm", ressalta, porque "há uma grande riqueza nesse momento de
proximidade, não só de escuta, não só de discernimento, mas de proximidade com
o povo". De acordo com o presidente do episcopado peruano, "estamos
fazendo o que Jesus fez e o que Jesus faria neste momento".
Como alguém
que conhece a Igreja no continente, ele insiste que "como Igreja na
América Latina e no Caribe, o processo tem que continuar, tem que ser mais
nutrido, tem que ser mais fortalecido, não pode permanecer como algo que foi
feito, uma página de um grande testemunho, essa forma de episcopado com o povo
tem que ser continuada". Em suas palavras, destacou a importância do
Magistério da América Latina e do Caribe, que considerou muito rico, citando as
cinco assembleias episcopais e a Primeira Assembleia Eclesial.
Continuando com a mesma metodologia
Nesta nova
etapa do Sínodo, ele insiste que "deve continuar com este tipo de
metodologia, de consulta, de escuta, de discernimento, de proximidade, de
enriquecimento teológico, bíblico, litúrgico e patrístico", afirmando que
"isso enriquecerá muito mais, a Liturgia não pode estar fora desta
proximidade, desta sinodalidade, desta interculturalidade, devemos também
inculturar a Liturgia nos povos originários, nos afrodescendentes".
É por isso
que ele insiste que "é preciso continuar com a proximidade, é preciso
continuar com a metodologia, que foi ótima, porque depois de uma organização
continental, ela desceu para uma nacional, e das organizações nacionais desceu
para as organizações diocesanas, e das diocesanas para as organizações
paroquiais". Uma metodologia que, nas palavras do ex-presidente do CELAM,
"tem que ser feita novamente, porque é a melhor maneira. Ou o contrário,
as paróquias, as dioceses, as conferências e, esperamos, a continental, e
esperamos que, seguindo a proposta de Ecclesia in America, seja a América
Latina e o Caribe, os Estados Unidos e o Canadá. Se isso fosse alcançado, seria
um grande passo à frente, não na América Latina e no Caribe, mas no continente
americano".
Nenhum comentário:
Postar um comentário