segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Padre Yerisco Marcelino: “A Missão ad Gentes é um sinal de que uma Igreja tem a maturidade da fé”


O padre Yerisco Marcelino é Missionário Xaveriano. Nascido na Indonésia, depois de cinco anos no México, mora no Brasil há dois anos. Em Belém (PA), ele trabalha na animação vocacional e na animação missionária. Ele nos fala sobre a Missão ad Gentes e sobre como promover essa missão além fronteiras.

O que significa para o senhor a Missão ad Gentes?

Missão ad Gentes significa ir além fronteiras, ir ao encontros dos outros. Esse espírito nasce da nossa congregação, o espírito xaveriano. Nosso fundador, São Guido Maria Conforti, ele sonhava que seus filhos, os xaverianos, efetivem a Missão ad Gentes, que é levar a Palavra àqueles que ainda não a conhecem.

Uma Missão ad Gentes que segundo está sendo debatido no 5º Congresso Missionário Nacional quer ser assumida cada vez com mais força pela Igreja do Brasil. A Igreja do Brasil durante muitos anos recebeu missionários e missionárias de outros países, e aos poucos vai enviando presbíteros, religiosos, religiosas, leigos e leigas para a Missão ad Gentes. Como fomentar ainda essa Missão ad Gentes na Igreja do Brasil?

Uma das falas deste Congresso que me chama muito a atenção é que a Missão ad Gentes é um sinal de que uma Igreja tem a maturidade da fé. Estou muito feliz que acompanhando os jovens na nossa casa de formação em Belém, tem muitos jovens que estão interessados e querem assumir a missão além fronteiras. Sair da sua cultura, do seu território geográfico, mas também sair para encontrar nas periferias pessoas que estão precisando.



Recentemente a Igreja universal realizou a primeira sessão da Assembleia Sinodal, onde foi aparecendo a riqueza da diversidade. O senhor nasceu na Indonésia, passou pelo México, agora no Brasil, realidades muito diversas e realidades eclesiais muito diferentes. O que o senhor foi aprendendo, descobrindo, nesses diversos modos de vivenciar a fé, nessas diferentes culturas que ao longo da sua vida foi descobrindo?

Eu nasci na Indonésia, cresci e realizei minha formação de base na Indonésia, continuei minha formação no México, e agora no Brasil. São três realidades diferentes na Igreja, na Indonésia, no México, no Brasil, mas temos só um Cristo que nos mostra onde queremos chegar. Para mim um ponto chave é a humildade. A humildade é um ponto chave para entrar na diversidade, seja cultural, seja na maneira de pensar, a humildade me ajuda bastante a entrar, a me adaptar a novas realidades.

Lembro que quando quis aprender espanhol no México, se eu não tivesse humildade, eu não teria aprendido espanhol. Eu aprendi falar com as crianças, e a partir dessa experiência, eu refleti bastante que a humildade é uma janela para entrar na diversidade. Minha adaptação com a comida brasileira, a Igreja do Brasil, clima, comida, isso me ajudou bastante.

O senhor fala da formação dos jovens da sua Congregação, sair da realidade, da própria cultura, sair da zona de conforto para ir a outros lugares. Sentem os jovens, os formandos, esse chamado de Deus para sair para a Missão ad Gentes?

Não é fácil hoje encontrar jovens que tenham esse desejo cem por cento. Mas eu estou na casa de formação e essa é uma maneira para ajudar a impulsioná-los a sentir esse espírito de Missão ad Gentes. Esses jovens, temos três ou quatro jovens lá que se estão interessando com a Missão ad Gentes, com testemunhos onde eles dizem, padre, eu quero ir a servir as pessoas fora da minha realidade, eu quero ir a África, eu quero ir a Ásia, e esses jovens estão se interessando. Meu trabalho é animar e dar uma formação de verdade através do meu testemunho de vida, do que eu experimentei através da minha caminhada de vida.

De tudo o que foi aprendendo, na Indonésia, no México, na partilha de diferentes realidades culturais e eclesiais, o que ainda carrega em sua bagagem e tenta partilhar em seu trabalho no Brasil?

Aqui meu principal trabalho é como animador vocacional da nossa província Brasil Norte. Meu trabalho é de animação missionária e animação missionária vocacional. São dois trabalhos que parecem diferentes, mas são o mesmo caminho, ajudar os jovens a sentir esse chamado de ser missionários ad gentes. Também faço parte da Escola Missionária Vocacional, que a gente criou na arquidiocese de Belém e a diocese de Abaetetuba. Com o Comité Missionário Regional Norte 2 (COMIRE Norte 2), estamos criando essa Escola Vocacional Missionária que já temos realizado dois módulos neste ano. O objetivo desta Escola Missionária Vocacional é incentivar as lideranças, os jovens, que querem sentir e abraçar esse espírito missionário.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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