quinta-feira, 28 de março de 2024

Missa do Crisma na Arquidiocese de Manaus: “Ungidos pelo Espírito Santo para ungir”


A Arquidiocese de Manaus celebrou na manhã da Quinta-feira Santa a Missa do Crisma, com a participação de todo o Povo de Deus. Em sua homilia, o cardeal Leonardo Steiner lembrou o texto do Evangelho, onde Jesus reconhece a sua missão: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Percebe-se ungido e enviado pelo Espírito e anuncia, segundo o arcebispo de Manaus que “o Reino de Deus está próximo”.

“No princípio, no principiar, no florir, da nossa vida cristã está o Espírito do Senhor. A razão de ser cristão está na graça da unção do Espírito Santo que recebemos”, ressaltou o cardeal Steiner. Lembrando o texto de Isaias, retomado por Jesus no Evangelho, ele disse que “nos implica, pois o Espírito repousou sobre e em cada um de nós. Sobre e em cada um de nós, pois batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Na Crisma fomos confirmados pelo Espírito: ‘recebe o Espírito Santo, dom de Deus!’ Nele somos filhos, filhas no Filho. É Ele que concede a nossa participação em Cristo, a nossa transformação em Cristo, o vivermos por Cristo, com Cristo e em Cristo. Pela ação do Espírito que nos tornamos pertencentes ao Reino da verdade, da graça, do amor”.

Segundo dom Leonardo, “seguidores de Jesus, foi pelo Espírito que os discípulos medrosos foram transformados em anunciadores, profetas, testemunhas. O Espírito ao estar sobre os discípulos como língua de fogo, desalojou aqueles homens escondidos, receosos, duvidosos. Os ungiu com e os fez anunciadores ardorosos, proclamadores do Crucificado-Ressuscitado. No ardor apostólico nasce a Igreja e se constitui o Reino de Deus”.




Ele ressaltou que “a obra do Espírito é livre e libertário, não nos pertence. Ele continua a ser enviado para a difusão do Reino”. Segundo o arcebispo de Manaus, no Credo de Niceia-Constantinopla “professamos que o Espírito Santo ‘dá a vida’”, afirmando que “na vida do Reino, Ele é a vida da Igreja, das nossas comunidades. Sem Ele, a Igreja não seria a Esposa viva de Cristo, mas, no máximo, uma organização religiosa, mais ou menos boa. Não seria o Corpo de Cristo, mas um templo construído por mãos humanas. Edificamos a Igreja a partir da graça de sermos ‘templos do Espírito Santo’ (1Cor 6, 19; 3, 16), que habita em nós. Ele o centro da vida da Igreja, das nossas comunidades, da nossa vida. Não podemos transformar o Espírito em uma devoção”.

Ele disse, que diariamente deveríamos invocar as palavras da Sequência de Pentecostes: “Vinde, porque sem a vossa força e favor clemente, nada há no homem que seja inocente”. Inspirado no Papa Francisco, o cardeal lembrou que “o Espírito do Senhor está sobre mim, me consagrou, me ungiu, para anunciar aos pobres e por Ele somos enviados. O Povo de Deus enviado para evangelizar, para testemunhar a misericórdia e paz”.

Com as palavras do Evangelho, ele lembrou que “foi pela imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo, irmãos, que recebemos o dom do diaconado, o dom do sacerdócio, a pertença ao presbítero, o dom de pertencemos aos sucessores dos Apóstolos. No dia em que celebramos o nascer do sacerdócio, somos despertados para a origem da nossa vida e missão como padres, como presbitério. O Espírito está na origem do nosso ministério, da vida e da vitalidade de nosso pastoreio”.

Por isso afirmou que “cada um de nós pode dizer: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim’. Somos diáconos, somos presbíteros, somos bispos porque o ‘Espírito do Senhor está sobre mim’. Nesta celebração, especialmente, nós presbíteros professamos: o ‘Espírito do Senhor está sobre mim’. E não é presunção, é realidade, já que cada cristão, e de modo particular cada sacerdote, pode fazer suas as palavras: ‘porque o Senhor me consagrou com a unção’ (Is 61,1). Irmãos, não é mérito nosso, mas pura graça; recebemos uma unção que nos faz pais e pastores no Povo santo de Deus”.


“Ao sermos atraídos pelas palavras do Evangelho vamos sendo tomados pela admiração das ações multiformes do Espírito Santo”, disse Dom Leonardo. Inspirado em São Basílio, ele colocou o exemplo daqueles que foram chamados, um cobrador de impostos, um pescador, um perseguidor. Com ele afirmou que “da ação transformante e revitalizadora do espírito na Igreja: os fracos tornam-se fortes, os pobres tornam-se ricos, os plebeus sem instrução tornam-se mais sábios do que os sábios. A força vitalizadora do Espírito ele o torna perceptível ao apresentar a ação de Espírito nos apóstolos”, citando diversos exemplos disso que aparecem nos Atos dos Apóstolos.

O arcebispo de Manaus afirmou que “se o Espírito, no ensinar de São Basílio, realizou obras extraordinárias com homens tão frágeis e pecadores, também realizará em nós e pela sombra de nosso ministério as transformações no Povo de Deus”. Por isso questionou: “O que não faz de nós se estivermos em sintonia, se estivermos convencidos que ele repousa sobre nós e nos envia? O que não faria de nós, se estivéssemos abertos, receptivos ao seu sopro de vida transformador, à sua unção?

Lembrando que Papa Francisco nos diz que “depois da primeira ‘unção’ que aconteceu no ventre de Maria, o Espírito desceu sobre Jesus no Jordão”, o cardeal afirmou que “cada ação (de Jesus) gozava da com-presença do Espírito Santo”, citando São Basílio. “Pois, com o poder daquela unção, Ele pregava e realizava sinais, em virtude daquela unção ‘emanava d’Ele uma força que a todos curava’”, destacou. Inspirado em Santo Ireneu, lembrou que “Jesus e o Espírito trabalham sempre juntos, como se fossem as duas mãos do Pai, que, estendidas para nós, nos abraçam, acolhem, levantam, erguem, afagam, nos colocam a caminho. E, por elas, foram ungidas as nossas mãos, ungidas pelo Espírito de Cristo. Sim, irmãos, o Senhor não se limitou a escolher-nos e chamar-nos de diversos lugares, mas infundiu em nós a unção do seu Espírito, o mesmo que desceu sobre os Apóstolos. Irmãos, somos ‘ungidos’”.



O arcebispo lembrou aos ministros ordenados que “hoje ao renovarmos nossas promessas que pronunciamos diante do bispo e do Povo de Deus, deixemos o Espírito ungir e enviar e consagrar, nos transforme em ministros do consolo, ministros da misericórdia, em ministros da esperança, ministros da samaritanidade, ministros da fraternidade, pois todos irmãos e irmãs”. Igualmente, ele chamou a pedir e deixar “que as línguas de fogo acendam nossa vida e ministério para que o Reino de Deus se difunda em toda a terra. Sejamos a presença do Espírito que tudo refaz e transforma. Ungidos pelo Espírito Santo, sejamos no Povo de Deus, os ungidores do Espírito!”

Dom Leonardo ressaltou que “fomos ungidos, para ungir!”, e lembrando as palavaras da oração de consagração do óleo dos enfermos, chamou a “ungir os doentes no corpo e no espírito! Ungir os que foram iniciados na vida do Evangelho e revestidos de Cristo no Batismo”. Falando sobre a consagração do óleo do Crisma, lembrou que “estenderemos a mão sobre o óleo invocando o Espírito Santo, citando palavras da oração, e dizendo que “o Santo Crisma consagrado pelo Espírito Santo para ungir. Fomos ungidos pelo Espírito Santo para ungir”.

Citando a 1ª Carta de São Pedro, o cardeal disse que “podemos acordar a nossa vida e ministério, pois fomos ungidos pelo Espírito Santo”, insistindo num “serviço generoso, magnânimo, dinâmico, livre, gratuito. No Espírito a nossa vida e ministério tem sabor, gosto, delícia, gozo, pois o Espírito nos envia para alimentar, confortar, dessedentar, consolar, colocar de pé, abrir olhos, reconciliar, abençoar”.

Finalmente, agradeceu aos ministros ordenados pela sua vida e ministério, “pelo testemunho, pelo serviço generoso e gratuito; obrigado pelo perdão e a consolação que ofereceis sem olhar a quem. Grato por ser sinal de esperança, de transformação, de fecundidade segundo Espírito da unção que recebestes. Gratidão pelo vosso ministério, às vezes envolto pelo cansaço, incompreensões, desilusões”. Ele pediu que “o Espírito Santo, que não desilude quem coloca n’Ele a confiança, nos encha de sua serenidade e suavidade, de seu vigor e fortaleza. Conduza a bom termo aquilo que em nós começou, para sermos profetas da sua unção e apóstolos da fraternidade”.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Um comentário:

  1. Excelente homilia. Dom Leonardo é imbuído pelo Espírito de Deus.

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