domingo, 21 de abril de 2024

Dom Leonardo: “Jesus é a bondade em operação, atuando sempre, sempre ação bondosa. Não sabe não cuidar!”


No 4º Domingo da Páscoa, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner iniciou sua reflexão lembrando que nos é oferecido a passagem do bom pastor, para a meditação. “Somos provocados a contemplar a proximidade de Jesus ressuscitado, o verdadeiro Cordeiro sem mancha que tira o pecado do mundo, o verdadeiro Bom Pastor”, afirmou dom Leonardo.

Citando o texto de Evangelho que diz: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas”, o cardeal disse que “a figura, a imagem do pastor que aparece na sagrada Escritura, está ligada ao cuidado. Ovelha o somos, pois experimentamos o cuidado benevolente de Jesus. Ele a nos guiar, confortar, oferecer vida, alimento, bebida, proteção. Somos a suas ovelhas e Ele o nosso pastor”.

Lembrando que Jesus diz: “Eu sou o bom pastor”, ele afirmou que “não um pastor qualquer”, insistindo em que Jesus diz: “bom pastor”. Ele recordou que “pastor significa cuidador, protetor, condutor. No texto grego encontramos a palavra kalós para bom. Poderíamos dizer: bom, belo; Pastor belo, o belo pastor. Belo o esplendor, o brilho da manifestação de si mesmo, a beleza que se irradia da bondade e da verdade do ser. O belo é, aqui, o esplendor, o brilho da auto manifestação, da verdade do ser. Jesus é o belo pastor, pois nele brilha o esplendor da verdade, da essência do ser pastor. Bom é aquilo que é segundo o Todo. Jesus, portanto, é o bom pastor porque é o pastor “segundo o todo”, isto é, segundo Aquele Bom originário, que é o único bom, que, em sua benignidade difusiva, comunica todo o bem aos seres”, inspirado em Fernandes e Fassini,

“Um pastor que guia pela bondade, o pastor guiado pela bondade; Ele a bondade a nos conduzir. Quando diz sou a bondade que cuida, guia e conduz, está a dizer que sempre e em todos os momentos, em todas a situações, em todos os desprazeres, em todas as realizações, Ele a nos conduzir com sua bondade. Eu sou, é que está sendo sempre, de modo intermitente, sem paradas, sem descuidos, sem cochilos, sem desatenção. Eu sou! O meu ser é a bondade!”, segundo o arcebispo de Manaus.



Segundo dom Leonardo, “é sempre um hoje, é sempre presente, sempre um aqui e agora, sem passado, sem futuro, sem descanso, sem tempo, sem espaço, contendo todos os espaços e tempos no espaço e tempo da bondade. Ele a bondade em operação, atuando sempre, sempre ação bondosa. Não sabe não cuidar! Ele cuidando, velando a todas as criaturas com a sua bondade. Com desvelo materno-paternal cuida de cada criatura e gera e regenera a cada pessoa. Ele trabalha sempre! Sempre no desvelamento amoroso de não deixar nenhuma criatura, nenhuma pessoa, fora do desvelamento de sua bondade maternal”.

Maternal, ressaltou o arcebispo, “porque cuida preferencialmente, dedicadamente, cuidadosamente, sem dia e hora marcada, sem reservas, sem descanso, sem restrições, a cada uma de suas ovelhas. Ele serve sempre, porque ama sempre. O serviço-cuidado intermitente, generoso, cordial, acolhedor, guardador, justo, reto, jovial, gratuito. Assim, no seu cuidado-bondade Ele é o descanso, onde tudo descansa, repousa, se refaz e deixa-se na cordialidade da existência”, inspirado nas palavras de Cirilo de Alexandria.

“Ele é sempre presente, sem passado, sem futuro: ‘Eu sou’! Como se ressoasse aos nossos ouvidos durante toda os dias da nossa vida: sou! Jamais deixa de ser a bondade a nos cuidar. Sou! É extraordinário podemos nos dar conta que está sendo sempre, não deixa de ser e não será: sou! Talvez, não consigamos intuir a força da presença de Jesus, o Pastor. em nossa vida, na nossa cotidianidade. É confortante ver que Ele em nenhum instante, nem segundo, nem milésimo de segundo, nem um lampejo nos deixa com sua bondade cuidadosa. “Eu sou o bom pastor”; está sendo sempre”, afirmou o cardeal.

Seguindo com o texto, “o bom pastor dá a vida por suas ovelhas”, dom Leonardo Steiner destacou que “esse modo do cuidado, de pastorear bem dito como dar a vida. Coloca a sua vida à nossa disposição, a sua vida é nossa, mas a nossa na dele. A sua bondade a nos carregar até sentirmo-nos as suas ovelhas amadas. Mais, até nos darmos conta de que a bondade que nos tomou é a sua, a nos carregar”.



“O bom e belo pastor se expos à morte, despojou-se de sua vida por nós suas ovelhas, o tesouro de seu coração. Amou-nos até a morte e morte de cruz. Cuidou bondosamente de nós até a morte concedendo-nos honra, grandeza e dignidade. O pastor, o Cordeiro imolado, alimento, comida e bebida, para nós suas ovelhas, sermos conduzidas à plenitude de vida as criaturas todas. Quando menor a ovelha, quanto mais ferida a ovelha, quanto mais distante, mais bondade, desvelo, busca”, afirmou o arcebispo de Manaus.

Dom Leonardo lembrou que “somos neste domingo do evangelho do Bom Pastor, convidados a rezar pelas vocações: Dia Mundial de Oração pelas vocações. Somos pelo batismo chamados a participar da vida do Reino instaurado por Jesus com sua vida, morte e ressurreição. Toda a pessoa batizada possa colocar-se à disposição de Deus para, no exercício de uma vocação, edificar o Reino de Deus. O Reino da bondade; participar da bondade do pastor”!

O Dia Mundial de Oração pelas Vocações, segundo o cardeal, “nos convida, a admirar o dom do chamado que Deus dirige a cada um de nós. O chamado para tomar parte no seu projeto de amor e encarnar a beleza do Evangelho nos diferentes estados de vida. A vocação é o modo mais seguro que temos para alimentar o desejo de felicidade que trazemos no nosso íntimo. A nossa vida se torna plenificada, realizada plenamente, quando descobrimos quem somos, as qualidades que temos e descobrimos o caminho que podemos percorrer para nos tornarmos sinal e instrumento de amor, acolhimento, beleza e paz onde vivemos”.


O arcebispo recordou as palavras de Papa Francisco em sua mensagem para o dia de hoje. “Ele nos ensina que o Dia Mundial de Oração pelas Vocações traz gravada a marca da sinodalidade: há muitos carismas e somos chamados a escutar-nos reciprocamente e a caminhar juntos para os descobrir discernindo aquilo a que nos chama o Espírito para o bem de todos. O Espírito nos chama a todos à participação da vida nova do Ressuscitado.  A vida do Ressuscitado que nos quer peregrinos de esperança e construtores de paz. Toda vocação é sinal do Ressuscitado! Sinal do Cristo que desperta a alegria de viver em fraternidade por toda a eternidade. Que ninguém se sinta excluído do chamado à vida do Ressuscitado! Cada um de nós, no seu lugar próprio, no seu estado de vida, pode ser, com a ajuda do Espírito Santo, um semeador de esperança e de paz”.




No Domingo do bom pastor, ele fez um convite a pedir “a graça da fidelidade à vocação que recebemos. Sermos na vocação que recebemos a presença benfazeja e afável do Bom Pastor. Peçamos para os nossos jovens a graça de descobrir que a vida é bela e realizadora quando se serve com amor e fidelidade. Eles não tenham receio de amar como Jesus amou, e dar a vida como o fez Jesus. Tudo na liberdade de quem se sente amado e enviado por Deus. Possamos ter jovens que ajudem a Igreja no serviço amoroso, na bondade do pastor, sendo presbíteros, padres. Jovens que se dedicam à serviço amoroso do Reino de Deus como religiosos e religiosas, como consagradas e consagrados. Jovens que na vocação matrimonial visibilizem o amor do Reino”.

Citando o texto da segunda leitura, nele destacou: “Sermos com Jesus Ressuscitado! A vocação na dinâmica do amor é um estar sendo gerado; gestados por Deus”. Junto com isso convidou a seguir a Jesus o bom pastor! “Sermos como Jesus o bom cuidador, doador benevolente. Na vocação a que fomos chamados sermos como Jesus, pastoras, pastores”!

Comentando a primeira leitura, vê nos Atos dos Apóstolos, que “Sim em Jesus o bom pastor, somos salvos. Ele a convidar para participarmos do mistério da salvação pela sua bondade e pelo seu serviço e fidelidade. A vocação que recebemos é participação no mistério salvífico de Jesus. É participação na sua vida!”

Finalmente, o arcebispo de Manaus chamou a rezar pelos jovens: “Deus desperte neles a generosidade de entregar sua vida no cuidado dos irmãos e irmãs; deixarem-se tomar pela bondade que cuida”, encerrando suas palavras com as palavras da Oração Coleta: “Senhor, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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