Inicia o
próximo domingo 16 de junho a 39ª Semana do Migrante, que vai até dia 23 de
junho. Em 2024, o tema é “Migração e Casa Comum” e o lema, em sintonia
com o Sínodo sobre a Sinodalidade, “Alarga o espaço da tua Tenda” (Is 54,2). Uma
oportunidade para uma “tomada de consciência, como Igreja e como Sociedade,
frente à uma realidade que provoca migração forçada e não promove a acolhida
digna”, segundo o bispo de Primavera do Leste – MT, e presidente do Serviço
Pastoral dos Migrantes, dm João Aparecido Bergamasco, SAC.
O bispo insiste
no convite “a alargar o nosso coração para uma acolhida afetiva e efetiva,
como família de Deus que busca e promove a ‘amizade social’, para romper as
barreiras que impede a solidariedade, a promoção e a integração de todos os irmãos
e irmãs que buscam um novo lugar ou uma nova pátria. Somos chamados a fazer a
experiência da Fraternidade Universal através do acolhimento, do afeto e do
cuidado buscando o Bem Viver Fraterno”.
Entre as
causas da migração, dom Bergamasco coloca “a falta do cuidado com a Casa Comum,
a polarização, a violência, a guerra, a fragilidade das relações entre as
pessoas e as políticas que geram exclusões têm agravado a situação, sobretudo
dos mais pobres”. Isso demanda “cuidar desta Casa Comum como espaço
acolhedor da criação, sem exclusões, pois, estamos todos conectados e somos
todos irmãos e irmãs”, segundo o bispo.
Ele vê a
Semana do Migrante como “um momento oportuno para sair do nosso mundo
egoísta e fechado, alargando o nosso coração para a Fraternidade Universal”,
o que demanda “uma profunda conversão no cuidado, no afeto, na amizade e na incidência
política”, se fazendo necessário superar a cultura da indiferença.
A reflexão
para a Semana do Migrante 2024 tem como base a Laudato Si´, a Laudate Deum, a
Fratelli tutti e a Campanha da Fraternidade 2024, com o tema Amizade Social. A
Laudato Si´, uma ideia que é reforçada na Laudate Deum, faz um chamado ao
cuidado da casa comum, algo que também tem a ver com o fenómeno da migração. Os
pobres e excluídos são as principais vítimas da devastação dos biomas e florestas,
da desertificação do solo, da contaminação do ar e das águas, do aquecimento
global.
As catástrofes
climáticas, muitas vezes provocadas pela ação humana, são causa de migração. Os
refugiados climáticos constituem um grupo em constante aumento. Diante disso, a
Semana do Migrante faz um apelo: “Alarga o espaço da tua tenda”,
inspirados no chamado do Papa Francisco a preparar a casa para todos os seres
humanos e para todas as formas de vida, onde todos todos e todas possam
tornar-se irmãos e irmãs no espaço dessa casa, numa vizinhança sadia e
saudável.
O convite é
passar do viver bem egocêntrico e egoísta ao bem viver fraterno e solidário,
a descobrir a riqueza da diversidade presente nas pessoas, nas culturas, nas
religiões. A Semana do Migrante nos mostra que os migrantes são portadores das
sementes do verbo, são artífices e protagonistas de novos tempos. Isso porque toda
pessoa, grupo ou cultura cresce e se enriquece no encontro com o outro. Daí a necessidade
de “passar da globalização da indiferença” para a “cultura do encontro, da
fraternidade e da solidariedade”.
Para isso
somos chamados a tecer o fio das relações humanas, um grande desafio diante do
crescimento da extrema direita, que impulsionam a divisão, que faz com que os
migrantes sofram com o preconceito e a discriminação, com o racismo e a
xenofobia. Diante disso, a Pastoral do Migrante faz um chamado a ver o
migrante não como perigo ou ameaça e sim como oportunidade de encontro, de
diálogo e de solidariedade. Um chamado a não criar guetos e sim comunidades,
e assim alargar o espaço de nossa tenda em direção à amizade social com todos
os povos e nações, como caminho para construir em bases firmes e sólidas a
nossa casa comum.
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